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valdo cruz

 

31/07/2012 - 07h00

Mensalão: uma história incompleta

Começa nesta semana aquele que está sendo chamado de julgamento do século do STF (Supremo Tribunal Federal). Os onze ministros do Supremo vão julgar o processo do mensalão, que retrata o maior escândalo da era Lula. Independentemente do resultado do julgamento, o mensalão será, tudo indica, uma história incompleta. Sabemos boa parte do enredo principal, mas dificilmente tomaremos conhecimento dos detalhes mais picantes e reveladores do escândalo que poderia ter derrubado o ex-presidente Lula.

Fatos que, com certeza, revelariam com mais precisão a real participação de vários dos envolvidos. Por exemplo, a famosa lista entregue pelo publicitário Marcos Valério ao Ministério Público, mostrando quem tinha recebido recursos de suas empresas de publicidade, não reflete exatamente o que aconteceu naquele tempo.

Quem conseguiu ler o documento antes de sua entrega aos procuradores diz que, ali, constavam outros nomes na relação dos beneficiários. E que alguns valores teriam sido subestimados. Ou seja, rebaixados para não comprometer tanto assim alguns dos receptores de recursos do esquema.

Sendo verdade o que essas pessoas dizem, e tudo indica que é, alguns políticos ficaram de fora das investigações por terem recebido recursos fora daqueles registrados nos saques bancários. Outros conseguiram evitar maiores prejuízos porque as quantias atribuídas a eles foram menores do que teriam realmente recebido.

Mais: as ameaças do publicitário Marcos Valério de abrir a boca, como noticiou recentemente a revista Veja, não são novidades. Na época em que o escândalo foi revelado, ele chegou a combinar entrevistas com a imprensa, que eram desmarcadas de última hora, sem muitas explicações. Um artifício muito usado para tentar pressionar personagens envolvidos no processo a fechar acordos, seja de que ordem forem. Na linha: se me jogarem aos leões, conto tudo.

Como Marcos Valério nunca contou, nem deve contar tudo o que aconteceu naqueles tempos, tal como fez e faz Delúbio Soares, o então tesoureiro petista na época do escândalo, este será mais um caso coberto de dúvidas. O que não retira de todas as investigações o que é essencial. Que o mensalão foi, de fato, o maior escândalo do governo Lula, quando seu partido, o PT, montou um esquema ilegal que irrigou as contas de aliados.

Escândalo que fez os petistas ficarem iguais a todos os demais partidos que eles tanto demonizavam quando estavam na oposição. Fato que não reduz a gravidade do que foi praticado na época. Pelo contrário. Só agrava. Que venha o julgamento do mensalão, já!

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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