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valdo cruz

 

28/08/2012 - 03h00

Discurso da derrota

Primeiro, é bom destacar, nada está definido. Segundo, o PT costuma ser, em eleições, um partido que cresce muito na reta final. Em São Paulo, por exemplo, enfim, Marta Suplicy decidiu acatar os pedidos do ex-presidente Lula e da presidente Dilma e entrar na campanha de Fernando Haddad.

O quadro adverso neste início oficial de campanha em São Paulo e Belo Horizonte, contudo, já levou o ex-presidente Lula a, reservadamente, ensaiar um eventual "discurso de derrota". A interlocutores, Lula fez alguns comentários de como o PT pode transformar o limão eleitoral numa limonada a ser saboreada no futuro.

Seu pupilo Fernando Haddad ainda não decolou na campanha numa fase da eleição em que outros petistas vitoriosos já mostravam certa musculatura eleitoral. O que diz Lula na hipótese de o cenário não se modificar: que seu ex-ministro da Educação pode perder a eleição, mas ele está seguro de que o tucano José Serra não irá vencer a disputa pela Prefeitura de São Paulo.

Só este fato, comenta Lula, já poderá ser avaliado como uma certa vitória para seu partido mirando 2014. O próximo passo, diz ele, seria destronar os tucanos do comando do governo de São Paulo, o que acredita ser possível com uma reeleição da presidente Dilma.

Sobre Belo Horizonte, onde o petista Patrus Ananias está bem atrás do atual prefeito Márcio Lacerda (PSB), Lula faz a seguinte análise: o PT pode perder a eleição, mas sairá dela reunificado, algo considerado por ele fundamental para a disputa do governo mineiro em 2014.

Até pouco tempo, o PT mineiro estava rachado entre os grupos do ministro Fernando Pimentel, amigo da presidente Dilma, e dos ex-ministros lulistas Luiz Dulci e Patrus Ananias. O motivo do racha havia sido a própria Prefeitura de BH. Pimentel fez um acordo com o tucano Aécio Neves e os dois elegeram Márcio Lacerda, o que nunca foi aprovado por Dulci e Patrus.

O acordo entre PT e PSB foi rompido nesta eleição e, agora, os dois lados petistas decidiram deixar as mágoas de lado, pelo menos por enquanto, e se uniram em torno da campanha em BH. Uma união patrocinada e forjada pela presidente Dilma, que transformou a eleição mineira na sua principal disputa.

Outra eleição, porém, ainda não tem um discurso de derrota ensaiado por Lula. A de Recife, onde seu ex-ministro Humberto Costa disputa a eleição contra Geraldo Júlio, candidato do governador Eduardo Campos (PSB-PE). Ali, Lula está muito magoado com a decisão do governador de lançar candidato próprio.

A interlocutores, tem dito que Eduardo Campos demonstrou grande ingratidão ao romper o acordo com o PT. Sente que seu fiel aliado durante seu período no Palácio do Planalto tem planos pessoais e particulares para o futuro, inclusive de ocupar o lugar que um dia foi dele, Lula. E sabe que Eduardo Campos pode ser um candidato forte no futuro.

Enfim, a força do ex-presidente Lula estará sendo testada nesta eleição municipal. É bom ressaltar, porém, que todo tipo de análise hoje, como costumam dizer os analistas de pesquisas, não passa de fotografia do momento. Tudo pode mudar. Saberemos, contudo, daqui a pouco, se o petista mantém seu poder eleitoral, que já foi forte o suficiente para eleger Dilma Rousseff presidente da República. A conferir.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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