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valdo cruz

 

27/11/2012 - 03h00

Operação Porto Seguro: central de pedidos fechada

Um clima que mistura tranquilidade e preocupação paira sobre o Palácio do Planalto desde que a Polícia Federal deflagrou a Operação Porto Seguro, derrubando a chefe do escritório regional da Presidência em São Paulo, Rosemary Novoa de Noronha, servidora ligada ao ex-presidente Lula.

Se de um lado a equipe palaciana acredita ter feito tudo o que era necessário, demitindo ou afastando todos os servidores indiciados pela PF, de outro ninguém sabe o potencial de estrago das investigações por ter atingido aquilo que, internamente, é chamado de "central de pedidos" direcionados ao governo federal em São Paulo.

O escritório regional da Presidência em São Paulo era ponto para políticos e empresários encaminharem pedidos de toda ordem. Muitos passavam pelas mãos de Rosemary. Um assessor presidencial garante que ela, no governo Dilma, não tinha poder suficiente para garantir o atendimento dos pleitos, pelo menos daqueles vitais, que necessitavam de aval de ministros ou da própria presidente.

Só que, destaca esse auxiliar, Rosemary Noronha tinha condições de dar encaminhamento aos pedidos. Só isso, diz, pode gerar ruídos e necessidade de explicações, causando prejuízos ao governo federal até que tudo seja esclarecido. Sem falar na possibilidade de alguns pleitos mais complicados terem sido atendidos, além dos que a PF já levantou e foram suficientes para o indiciamento da servidora que foi indicada para o cargo por Lula.

Não por outro motivo a presidente Dilma decidiu esvaziar politicamente o escritório regional da Presidência em São Paulo. Ela vai extinguir o cargo de chefia, que ficou vago com a exoneração de Rosemary Noronha, suspeita de envolvimento na organização criminosa especializada em obter pareceres fraudulentos para empresários.

A partir de agora, o escritório deixa de ter importância política. Na prática, empresários e políticos não terão mais condições de recorrer àquele local, na avenida Paulista, para tentar encaminhar pedidos dentro do governo federal. O escritório vai se tornar apenas uma base para a presidente em São Paulo, com um responsável técnico por sua operação.

Resumindo: Dilma vai fechar as portas da central de pedidos em São Paulo. Algo que incomodava o Palácio do Planalto desde muito, mas se sentia de mãos amarradas por conta daquela que comandava o local. Uma funcionária indicada pelo ex-presidente Lula.

Dilma vai aproveitar também o novo escândalo para radicalizar em uma medida que já havia tomado. Qual seja? Evitar e recusar qualquer tipo de indicação política, que não respeite os critérios técnicos, para as agências reguladoras. Prática comum no governo Lula. Que deu no que deu, com dois diretores de agências envolvidos no escândalo revelado pela Operação Porto Seguro. Um na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e outro na ANA (Agência Nacional das Águas).

Enfim, Dilma vai fazendo, aos poucos, algumas correções de rumo em relação ao que herdou do governo Lula. O ideal é que tivesse tomado tais medidas sem estar pressionada por escândalos, mas já é um avanço.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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