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valdo cruz
Dona da bola
Diante das últimas ondas especulativas contra o ministro Guido Mantega (Fazenda), um ministro palaciano definiu com clareza, reservadamente, o que significaria uma eventual demissão do chefe da equipe econômica.
"Demitir o Guido seria o mesmo que a presidente fazer uma autocrítica, seria ela admitir que acabou errando na condução da política econômica", avaliou o auxiliar presidencial na condição de que seu nome não fosse revelado.
Em outras palavras, no governo atual, mais do que nunca, quem define e decide os rumos da política econômica é a presidente. Dilma, por sinal, diz o auxiliar, "nunca vai deixar de ser economista".
Ele acrescenta que a presidente sempre decidiu tudo na área econômica tendo ao lado Guido Mantega. "Tudo foi decidido em termos de política econômica com seu aval presidencial, a partir de conversas com o Guido", afirma o assessor, destacando que a presidente já descartou qualquer intenção de demitir seu ministro da Fazenda.
Saindo do Palácio do Planalto e entrando em outros gabinetes da Esplanada dos Ministérios, avaliação semelhante é feita, com o acréscimo de alguns ingredientes.
Dilma, segundo assessores econômicos, não só é do ramo como tem pensamentos definidos, alguns definitivos, sobre como tocar a economia. Daí que, muitas vezes, ela já tem posição fechada sobre certas medidas e só ouve sua equipe para ajustar esse e aquele detalhe.
Não que ela seja do tipo que não mude de ideia. Pelo contrário, diz um assessor, isso acontece. Só que, para convencê-la, demanda um bocado de tempo, o que normalmente leva a atrasos na finalização de programas. Algo comum no governo.
Internamente, assessores avaliam que o ideal seria a presidente Dilma ressuscitar o modelo do ex-presidente Lula, que tinha uma câmara de política econômica, na qual discutia cenários e medidas, inclusive com a participação de economistas de fora do governo.
Um remanescente do governo Lula lembra que, ali, todo mundo dava seu palpite, muitas vezes com visões opostas. Cabia a Lula dar a palavra final. Para seguir nesse caminho, contudo, Dilma terá de aprender a soltar um pouco as rédeas de seu governo, diz um assessor.
Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.
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