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valdo cruz

 

07/08/2007 - 00h03

O erro da omissão

da Folha Online

Avaliação interna do Palácio do Planalto sobre a crise aérea. O pior já passou. O desgaste foi grande, mesmo que não tenha sido percebido pela maioria da população, como mostrou pesquisa do Datafolha. Mas tudo poderia ter sido um pouco amenizado. Bastava que no dia da tragédia, quando o avião da TAM explodiu, o presidente Lula tivesse ido a São Paulo, num ato de solidariedade.

Naquele dia, porém, durante reunião de Lula com seus ministros, o governo subestimou os efeitos do acidente no aeroporto de Congonhas. A ficha caiu só depois. Aí o estrago já estava feito e o presidente decidiu se recolher ainda mais. A reação tardia do governo só veio acontecer, como todos sabem, quando Lula saiu da inércia e trocou o ministro da Defesa.

Medida que era defendida dentro do governo desde o ano passado por muita gente. Essa história, porém, todo mundo já conhece. Faz parte do estilo presidencial do petista, de ficar cozinhando crises até que elas atinjam um ponto em que tudo fica insuportável.

O erro da imprevidência

O governo precisa dos R$ 35 bilhões anuais que a CPMF, o imposto do cheque, rende aos cofres públicos. Sabe que sem essa grana as contas não fecham. Sem ela, uma crise na economia, fora dos nossos horizontes, aportaria no dia seguinte no país. E o que o governo fez? Brincou com a sorte. Poderia ter começado a discutir a prorrogação do imposto no início do ano, recém saído da vitória nas urnas, com o capital político lá em cima.

Hoje, com certeza, a medida já estaria aprovada pelo menos na Câmara. Nada disso foi feito e, agora, os governistas terão de correr contra o tempo, administrar insatisfações na base e se curvar a chantagens de deputados e senadores.

É bom lembrar que, no governo, havia quem defendesse o envio da proposta de prorrogação da CPMF ao Congresso logo no início do ano. Mas esse grupo foi voto vencido. Prevaleceu a arrogância daqueles que imaginavam que o Congresso tem de ser curvar aos interesses palacianos. O resultado é que tudo ficará mais caro agora. Um exemplo apenas. Até junho, dentro do Planalto, quando se falava na indicação de Luiz Paulo Conde para a presidência de Furnas, a resposta era um sonoro NÃO.

Agora, o governo foi obrigado a ceder às pressões do PMDB e aceitar uma indicação que dizia ser inaceitável. E mais chantagens vão surgir. Tem muito deputado que adora governo com pressa e desesperado. Fica fácil, muito fácil, conseguir emplacar seus pedidos.

O erro da ingenuidade

Para aprovar a prorrogação da CPMF, o governo precisa aprovar uma emenda constitucional. Para isso, precisa dos votos de três quintos da Câmara e do Senado. É muito voto. A lógica manda aproveitar tudo o que estiver à mão para angariar compromissos na hora da votação. Pois bem, dizem por aí que o Ministério da Fazenda andou negociando com governadores o aumento do endividamento dos Estados e não pediu nada em troca. São Paulo conseguiu mais R$ 4 bilhões. Minas, R$ 2 bilhões. Santa ingenuidade, dirão uns. Atropelo e falta de coordenação, dirão outros. Fico com a segunda. Dizem que Lula já deu um puxão de orelhas na turma da Fazenda. Um pouco tarde. Como muita coisa nesse governo.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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