Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 

valdo cruz

 

22/04/2008 - 00h20

Não é prudente

Um amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu questioná-lo, recentemente, sobre a tese do terceiro mandato. A intenção desse interlocutor não foi a de testá-lo, mas acabou funcionando como tal. Durante uma conversa reservada, ele disse a Lula que, se realmente estava na sua estratégia tentar a re-reeleição em 2010, era preciso fazer tudo rapidamente, aproveitando que, por onde o presidente passa, o povo costuma gritar por mais um mandato para o petista. Lula não deixou nenhum espaço para que o tema fosse desenvolvido. Foi logo dizendo "não é prudente, não é prudente, quero é fazer meu sucessor".

Os amigos de Lula, até aqui, têm sempre a mesma sensação. A de que ele tem sido sincero quando diz não desejar um terceiro mandato consecutivo, que seria um desrespeito à democracia. Mas esse fantasma vai acompanhá-lo por mais um tempo, diante da ausência de um candidato competitivo no campo petista. Dilma Rousseff, aquela que Lula vem preparando para sucedê-lo, sofreu um acidente de percurso. Sofreu graves escoriações. Mas talvez não suficientes para tirá-la da corrida. Há quem diga que ela pode sair até melhor dessa crise da montagem do dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Além das informações de que teria subido em algumas pesquisas reservadas, fruto por incrível que pareça de sua maior exposição por conta da crise do dossiê, Dilma estaria sendo aconselhada por muitos amigos a rever seu comportamento caso realmente deseje suceder Lula no Palácio do Planalto. Segundo esses amigos, a crise trouxe a público um lado da ministra que ainda estava restrito aos gabinetes: seu estilo arrogante, trator, que quando se manifesta costuma fazer vítimas pelo caminho. E Dilma teria se convencido de que realmente precisa mudar. Se vai mesmo mudar, é outra história.

Por sinal, pelo caminho ainda há a investigação da Polícia Federal, que busca identificar o responsável pelo vazamento do dossiê dos gastos tucanos, mas que também vai acabar revelando quem o elaborou. E isso tem deixado muita gente aflita na Casa Civil comandada por Dilma Rousseff. Há um certo clima de medo com o desfecho das investigações. Dependendo do resultado, a ministra pode se complicar. Mas há quem diga que isso não acontecerá. Porque se ela ficar vulnerável, algum assessor acabará assumindo a responsabilidade por tudo com o objetivo de poupá-la. Em última instância, esse assessor será sua secretária-executiva, Erenice Guerra. A conferir.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

As Últimas que Você não Leu

  1.  

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página