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valdo cruz

 

05/08/2008 - 00h02

Salve o perdedor!

Kassab está fora do páreo. Viva o Kassab. Assim pode ser resumido o clima das conversas entre os tucanos, alckmistas e até serristas, no atual momento da disputa pela cadeira de prefeito de São Paulo. Coisa de bate-papo reservado, mas que já está totalmente explícito. Ninguém no PSDB acredita mais na viabilidade eleitoral do prefeito paulista, Gilberto Kassab, mas todos sabem que ele é peça chave no tabuleiro do segundo turno.

Portanto, a ordem é manter desobstruídas as pontes que unem os tucanos ao democrata paulista. Por uma questão de sobrevivência política, Kassab deve topar entrar nesse jogo. Só não podem deixar que o prefeito fique muito desidratado e vá minguando até o dia da votação. Aí, o risco é a eleição se resolver no primeiro turno, objetivo confesso dos petistas. A equipe de Marta Suplicy sabe que um segundo turno será osso duro de roer, teria exatamente de enfrentar tucanos e democratas juntos.

Agora, não será Gilberto Kassab o grande derrotado em São Paulo, caso se confirmem as avaliações do momento. Ele conseguirá uma sobrevida política transferindo seu apoio ao candidato tucano. Será o seu partido, o Democratas, o antigo PFL o maior perdedor.

São Paulo era o sonho eleitoral de um partido às voltas com uma crise de identidade desde que mudou de nome. Desde que Lula chegou ao poder e só fez aumentar sua popularidade e influência no Nordeste, os democratas só perderam espaço na política depois que ficaram sem as verbas e cargos federais. Ganhando na capital paulista, o DEM aumentaria seu cacife político, visando principalmente a eleição de 2010. Hoje, nem os democratas acreditam muito na vitória na capital paulista.

O drama do DEM é que a eleição em São Paulo pode ser a maior de várias outras derrotas. Nas demais cidades que contam, o partido tem chances reais em duas: Salvador, com ACM Netto, e Recife, com Mendonça Filho. Nas duas capitais, porém, há quem avalie que o partido irá para o segundo turno. E nisso ficará, diante da união dos adversários tucanos, petistas e peemedebistas contra seus candidatos.

Antes do início das campanhas municipais, lideranças democratas faziam uma avaliação otimista de suas chances eleitorais. Acreditavam que a inflação só faria crescer até a eleição de outubro, prejudicando os candidatos governistas nas grandes cidades.

Agora, os últimos índices de preços indicam que o remédio amargo ministrado pelo Banco Central está surtindo efeito. A pressão altista sobre os preços está se arrefecendo. Mantida a tendência, a eleição deve ocorrer com inflação em queda e popularidade presidencial elevada, jogando por terra o sonho democrata de faturar alto.

Resultado, o partido corre o risco de sair dessa e da eleição de 2010 como uma legenda de deputados e senadores. E talvez nem tantos quanto hoje.

*

Ainda a inflação

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, mandou seu recado ontem. Sua equipe vai trabalhar para que a inflação volte a ficar no centro da meta, 4,5%, no próximo ano. Leitura imediata: o aperto monetário do BC será mantido até o final do ano, bem acima das expectativas do início do ano. A dúvida, porém, é sobre o custo efetivo dessa decisão, que conta com o apoio do presidente Lula. Nesse ano, o crescimento já está praticamente contratado e deve ficar entre 4,8% a 5% do PIB (Produto Interno Bruto). No próximo ano, o governo espera que ele fique na casa dos 4%, acima disso, não abaixo. Mas tem gente que enxerga números menores, exatamente por conta do aperto maior na política monetária. Mas aí Lula já foi convencido. Melhor reduzir o ritmo em 2009, com uma inflação controlada, podendo voltar a crescer mais em 2010, o ano da sucessão. Se vai dar certo, aí é outra história.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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