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valdo cruz

 

15/09/2009 - 08h41

Dilema tucano

O ano eleitoral vai se aproximando e, com ele, cresce o dilema tucano sobre o discurso a ser adotado em 2010. Se é verdade que o presidente Lula seguiu na política macroeconômica as bases deixadas pelo tucano Fernando Henrique Cardoso --metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário--, em seu segundo mandato o petista adotou um viés intervencionista, nacionalista e estatizante que não combina muito com o programa do PSDB.

O modelo do pré-sal, com forte presença do Estado na exploração dessa nova riqueza brasileira, foi apenas o último lance de um governo que demonstrou um forte apetite por interferir nos rumos da economia do mundo real. Intervenção que cruzou barreiras e levou o governo a ditar até o rumo de fusões de empresas no país, caso da Oi com Brasil Telecom, ou mesmo pressionar publicamente executivos que não estavam seguindo a linha desejada pelo Palácio do Planalto --Roger Agnelli, da Vale.

Para infelicidade ou não dos tucanos, esse movimento petista no segundo mandato de Lula, que lembra mais o modelo tradicional sempre defendido pelo partido do atual presidente, ocorreu antes, durante e deve se acentuar depois da pior crise financeira internacional desde 1929. Uma crise que elevou ainda mais, mundo afora, o peso do Estado na economia, dificultando a vida daqueles que sempre defenderam menos intervenção estatal.

Como, diante dessa nova realidade brasileira e mundial, calibrar o discurso na campanha eleitoral? Criticar esse modelo intervencionista e estatizante, que no curto prazo funciona bem, mas no médio e longo prazo tende a gerar ineficiências e reservas de mercados, pode representar perda de votos. Dentro do ninho tucano há quem diga que José Serra não seguiria extamente o mesmo caminho de Lula, mas também teria conduzido com mão de ferro a economia nesse período de crise. Mas assumir esse discurso tende a dar mais ganho eleitoral a Lula e sua candidata Dilma Rousseff.

O fato é que, até aqui, tucanos não estão indefinidos não apenas sobre quem será seu candidato _apesar de os ventos soprarem mais a favor de Serra, Aécio Neves segue no páreo. O PSDB ainda não sinalizou claramente o que pretende dizer aos eleitores em 2010. Voltando ao caso do pré-sal, ele retrata bem essa indefinição tucana. Até aqui, não se sabe muito bem o que pensam os líderes do PSDB sobre o tema.

PMDB

Falando em eleição, o PMDB governista tem pressionado Lula a anunciar oficialmente, desde já, que o vice de Dilma Rousseff será mesmo um peemedebista. Não acreditem, contudo, naquele que sair por aí afirmando que todos os governistas do PMDB estão totalmente fechados com a candidatura da ministra da Casa Civil.

Entre eles, há um grupo que ainda não acredita na viabilidade da candidatura de Dilma Rousseff e chega a apostar que ela vai naufragar antes mesmo do início da campanha. Um grupo que, na verdade, sonha com a candidatura de Aécio Neves. Não pelo PMDB, porque não há mais chances de tal movimento acontecer. Mas pelo próprio PSDB. Aécio, reconhecem líderes peemedebistas, provocaria, sim, um grande racha no partido.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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