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valdo cruz

 

15/06/2010 - 00h02

Ocasos e Imagens

O Democratas virou praticamente o patinho feio da eleição de 2010. Aliado de primeira hora dos tucanos na disputa presidencial, o antigo PFL está sendo rejeitado pelo próprio candidato do PSDB à Presidência, José Serra. Isso mesmo, o ex-governador paulista não gosta nem de ouvir falar em nomes do DEM para compor sua chapa para disputar com Dilma Rousseff a sucessão do presidente Lula.

Não que o partido não tenha bons nomes para dividir com Serra a campanha presidencial. Tem. Mas nenhum deles se impõe naturalmente. Pelo contrário, muitos dividem a legenda. Além disso, e principalmente, o Democratas, desde o episódio do mensalão do Distrito Federal, passou mais a subtrair do que agregar pontos a uma campanha. E Serra, nesse momento, precisa fugir de companhias desagradáveis.

Triste ocaso de um partido, obrigado pelas circunstâncias a seguir com um aliado que não deseja sua companhia publicamente. E que assim pode se comportar por saber que o DEM não tem para onde fugir. Por sinal, tem de apostar, como legenda, na vitória dos tucanos para ganhar sobrevida partidária e eleitoral. Caso contrário, corre sério risco de ser desidratada. Ou até mesmo evaporar no próximo ano.

A cúpula do Democratas deve dar sinais de resistências nos próximos dias. Afinal, nada mais desmoralizante do que ser chamada para um casamento e assistir à cerimônia com uma noiva estranha em seu lugar. Até aqui, é esse o enredo preparado pelos tucanos para a oficialização da aliança, que ainda depende da convenção dos democratas para sacramentar o casamento. Evento marcado estrategicamente para o final do mês, no último minuto do prazo derradeiro.

Os democratas esperam, com a encenação de resistência, fazer Serra rever sua decisão e acolher um nome do partido para sua chapa. Um desfecho que os aliados do ex-governador paulista consideram, hoje, impossível de ocorrer. Mas em política tudo pode acontecer. O certo é que, além da crise do mensalão na capital do país, o avanço do presidente Lula no Nordeste diminuiu a importância dos democratas, legenda que sempre teve um forte domínio nessa região do país.

Afora isso, alguns lances da montagem da candidatura de Serra não agradaram nem um pouco a setores do DEM. Como a escolha de Geraldo Alckmin para ser o candidato tucano ao governo de São Paulo, vaga que os democratas gostariam de ser entregue ao prefeito de São Paulo, o demista Gilberto Kassab.

Bem, agora é esperar e conferir. A depender das últimas negociações, o vice de Serra será o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, já convidado para o posto pelo candidato tucano à Presidência. Se recusar, ainda há a possibilidade de ser um outro senador tucano, como Álvaro Dias (PR) ou Tasso Jereissati (CE).

Imagens que dizem muito 1

Impossível não perceber a falta de graça de José Serra enquanto Aécio Neves discursava na convenção tucana na Bahia. O ex-governador mineiro tecia elogios ao colega paulista, dizendo que ele foi escolhido por seus méritos, e Serra ficava olhando na direção de Aécio sem praticamente esboçar reações. Fez um gesto de concordância apenas quando o tucano mineiro lembrou as críticas de Fernando Henrique Cardoso a Dilma Rousseff, de que ela é somente reflexo de um líder.

Imagens que dizem muito 2

Na convenção petista, ficou evidente o papel dos dois principais coordenadores da campanha de Dilma. Enquanto o presidente do PT, José Eduardo Dutra, assumia o microfone para disparar críticas na direção do tucano José Serra, o deputado Antonio Palocci se mantinha discreto, bem a seu estilo de negociador de bastidores, que circula entre todas as áreas do mundo político e empresarial.

Imagens que dizem muito 3

Comentário em tom de brincadeira de um membro da campanha de Dilma Rousseff sobre a convenção de domingo. "Isso aqui está uma enorme discriminação contra os homens", afirmou, apontando para o plenário tomado de mulheres. A maior concentração de público feminino no evento que oficializou Dilma candidata a presidente fez parte do roteiro elaborado pelo marqueteiro João Santana. Ele quer vencer as resistências das mulheres em votar em Dilma. Quer despertar um sentimento de orgulho entre elas diante da possibilidade de ter uma mulher na Presidência do país.

Imagens que dizem muito 4

Lula subindo as escadas na convenção petista, dando adeus à militância, enquanto Dilma se misturava ao público, distribuindo beijos e abraços, tirando fotos. Isso, porém, é apenas uma cena previamente montada pelo marqueteiro da petista para ser mostrada nos programas de TV do partido. Naquela linha de Lula está indo embora, mas Dilma ficará para seguir seu governo. Por enquanto, porém, no mundo real, quem terá de estar mais do que presente na campanha será o presidente Lula. Ou seja, nada de subir escadas e deixar o centro do palco até a eleição.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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