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valdo cruz

 

07/06/2011 - 21h07

Recomeça o governo Dilma

Sai um lulista. Entra uma dilmista. Por mais que Dilma Rousseff tenha se aproximado de Antonio Palocci durante a campanha e nestes cinco meses e sete dias de governo, ele era muito mais um nome do ex-presidente Lula do que alguém de sua inteira e completa confiança.

Sua substituta na Casa Civil, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), é uma escolha direta e pessoal de Dilma. Um nome que estava fora do radar de boa parte da cúpula petista para ocupar um posto de tanta importância como a Casa Civil. Só começou a figurar nas rodinhas reservadas de conversas nos três últimos dias.

Gleisi, tal como Dilma, fura a fila dentro do PT. Senadora de primeiro mandato, mulher do ministro Paulo Bernardo (Comunicações), Gleisi é uma aposta da presidente para exercer o mesmo papel que ela desempenhou no governo Lula. Nem ela, com certeza, imaginava ocupar tão cedo um cargo de ministra no governo Dilma. Acabou indo para o mais importante.

Nas palavras de um assessor da presidente, agora ela vai começar de fato seu governo, com alguém que deve a ela, apenas a ela, a nomeação para o cargo responsável pelo andamento dos programas governamentais.

A simples troca, porém, não irá resolver os problemas que o governo foi acumulando num tão curto espaço de tempo. Amigos da presidente esperam que ela tenha aprendido com a crise que atingiu Antonio Palocci, aquele que era considerado o melhor interlocutor no mundo político e empresarial, encarregado de dar um tom mais racional ao governo.

Dilma sobrecarregou Palocci. Em praticamente todas as audiências exigia sua presença. Queria sua opinião e seu testemunho para cada encontro e decisão. Acabou imobilizando seu principal ministro, que não tinha mais tempo na agenda para receber políticos e empresários. Pior. Palocci passou a repetir com seus interlocutores o mesmo estilo Dilma Rousseff. Repassava, na verdade, as determinações da chefe. Acabou trombando com o PMDB, partido que sempre o teve na mais alta conta.

Quando veio a crise, Palocci estava desgastado no mundo político. Principalmente no seu partido, o PT, que o abandonou e foi, na semana passada, o grande responsável pelo agravamento de sua situação.

A presidente deve refletir um bocado sobre o que aconteceu. Nas palavras de assessores próximos, ela precisa mudar seu comportamento. Distribuir mais carinho aos partidos da base aliada, ter mais encontros com deputados e senadores e se conter nas broncas que costuma dar em seus auxiliares. Caso contrário, se um dia for ela a atingida direta por uma crise, pode vivenciar a mesma solidão de seu agora ex-chefe da Casa Civil.

valdo cruz

Valdo Cruz é repórter especial da Folha. Cobre os bastidores do mundo da política e da economia em Brasília. Escreve às segundas-feiras.

 

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