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vanessa barbara

 

10/12/2012 - 03h00

Crimes contra a audiência

"Code 37" é uma série policial belga, falada em holandês, que mostra o cotidiano de um esquadrão especializado em contravenções do artigo 37 do Código Penal belga: crimes sexuais.

São investigações de estupro, pedofilia, violência doméstica, abuso sexual, incesto, prostituição, pornografia infantil, corrupção de menores e todo tipo de desvios patológicos que se pode imaginar, em episódios recomendados para maiores de 14 anos. Um dos últimos recebeu pela primeira vez a tarja de censura 16 anos, por exibir "violência, atos criminosos e linguagem imprópria".

O conteúdo é pesado até para adultos, com cenas explícitas banhadas em sangue que às vezes requerem desintoxicação posterior. (Recomenda-se assistir ao desenho "Tintim" na sequência, mantendo a coerência patriótica.)

A protagonista é a inspetora-chefe Hannah Maes, da polícia de Ghent, uma excêntrica e obstinada agente em meio a um departamento machista. No decorrer dos casos, ela procura desvendar um mistério pessoal que culminou no estupro e assassinato da mãe, e que talvez implique no envolvimento do pai e do meio-irmão.

Lançada em 2009, a série tem boa qualidade, grandes atuações e roteiros acima da média. Fez muito sucesso em seu país natal, onde está na terceira temporada e virou filme.

No Brasil, infelizmente, contamos apenas com a sorte e o pensamento positivo.

O canal Globosat HD começou a exibir "Code 37" em maio, aos sábados à noite. Em setembro, mudou de nome para +Globosat e comprometeu-se com a segunda temporada, veiculada aos domingos.

Na grade, os episódios eram incorretamente identificados como sendo da temporada inicial, o que provocou certa confusão nos que começaram a acompanhar desse ponto --eu mesma assisti ao primeiro episódio do segundo ano julgando se tratar do piloto da série.

Então, no mês seguinte, a emissora simplesmente parou de passar certos episódios e os substituiu por documentários de viagem, sem qualquer aviso, mantendo o descritivo da série naquele horário. O penúltimo episódio foi exibido, mas justamente o desfecho (prometido para 25 de novembro) foi trocado pela transmissão ao vivo de um rodeio.

O espectador não tem como obter informações da emissora, pois não há site oficial. Ao que tudo indica, o terceiro ano não passará aqui --ou poderá ser substituído aleatoriamente por um especial sobre vida selvagem.

vanessa barbara

Vanessa Barbara, jornalista, cronista e tradutora, assina coluna de crítica de TV. É autora de 'O Livro Amarelo do Terminal' (Ed. Cosac Naify, Prêmio Jabuti de Reportagem) e 'O Verão do Chibo' (Ed. Alfaguara, com Emilio Fraia). É editora de 'A Hortaliça' (www.hortifruti.org) e colaboradora da revista 'Piauí'. Escreve aos domingos.

 

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