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xico sá

 

27/10/2012 - 03h03

Sábado é uma ilusão

DE SÃO PAULO

Amigo torcedor, amigo secador, aqui faço minha reestreia. Sempre novo baiano passeio na tua garoa e reestreio quantas vezes forem possíveis.

Sim, mudar da sexta para o sábado é uma nova história. Mesmo sabendo, como disse o tio Nelson, que o sábado é uma ilusão.

Melhor é que é tudo mais simples do que a gente sempre imagina. Sem esse "migue" de metafísica. É que o mais ilustre torcedor do Fluminense carecia fazer uns serviços gerais no lar doce lar. Um Pedro Pedreiro, como diria outro genial tricolor, só poderia ir no sábado. Daí as ilusões perdidas. Difícil fazer um homem de bem, naquela época, trabalhar satisfeito no final de semana. Estava mais do que certo.

O sábado é uma ilusão e aproveito para louvar três grandes caras. O Mário Magalhães, a quem substituí, por generosa indicação dele mesmo, na sexta, no dia 18 de novembro de 2005. Um dos mais teimosos repórteres que já vi em cima de um cadáver --reportagem é desconfiança e angústia por nunca achar que fez benfeito.

Magalhães lança nesta segunda, em São Paulo, obra de talento e perseverança, um livraço: "Marighella: o Guerrilheiro que Incendiou o Mundo" (Companhia das Letras). É flamenguista.

O segundo é santista e deve estar tentando entender o apagão dos últimos jogos. Explico, caríssimo José Roberto Torero, a quem tenho a honra se substituir na coluna de sábado. Um homem (vale também para um time) sem objetivo é incapaz de descascar uma banana mesmo diante da mais atávica das fomes da existência, mesmo no raso da Catarina ou no vale do Jequitinhonha.

O que o Santos busca no momento? O nada, a imensidão azul dos sete mares onde sempre reina absoluto quando é preciso. O Santos boia. Boiar no mar é de graça, me alertou uma canção da Karina Buhr, meu delírio, minha ciência.

O terceiro elemento é corintiano. O Zé. José Geraldo Couto, homem de futebol, literatura e cinema com quem aprendi muito na ilusão do sábado. Por muito tempo foi titular deste dia aqui no caderno.

O sábado é uma ilusão, o Fluminense, porém, está com a mão na taça. Desculpa aí, tio Nelson, mas sou Galo nesta parada desde pintinho no ovo. O Cuca merece.

Como sabe montar times que jogam o possivelmente bonito para o nosso tempo. Você diria, analista amigo meu, que se trata de um homem deveras melancólico. Talvez seja preciso algum filtro de tristeza para formar uma grande equipe, independentemente de resultados finais.

Se o sábado é uma ilusão, se o jornal do sábado é o que mais rapidamente vai para a feira do peixe, imagine o futebol, compadre? Bote ilusão nisso.

Não direi que tudo é uma grande ilusão, amigo, porque sábado não é dia para uma criatura hiperbólica. Sábado é o dia do respeito ao passageiro. É fugaz.

É uma troca de roupa em busca de um amor impossível.

@xicosa

xico sá

Xico Sá, jornalista e escritor, com humor e prosa, faz a coluna para quem 'torce'. É autor de 'Modos de Macho & Modinhas de Fêmea' e 'Chabadabadá - Aventuras e Desventuras do Macho Perdido e da Fêmea que se Acha', entre outros livros. Na Folha, foi repórter especial. Também mantém um blog no site da Folha.

 

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