A bicampeã olímpica Ielena Isinbaieva, 34, lamentou a decisão do CAS (Corte Arbitral do Esporte) de negar o recurso de atletas do atletismo da Rússia que pediam punições individuais em casos de doping.
Com isso, os 68 atletas russos que foram inscritos na modalidade na Olimpíada não poderão competir.
Isinbaieva, que chegou a escrever um artigo em junho no jornal "The New York Times" para pedir a liberação para competir na Rio-2016, foi irônica e dura em suas declarações nesta quinta-feira (21).
"Obrigada a todos pelo funeral do atletismo. É uma decisão puramente política", disse a saltadora à agência Tass.
A atleta também se manifestou na rede social Instagram. "Vamos deixar que todos esses atletas pseudo-limpos respirem aliviados e vençam suas medalhas de pseudo-ouro... A força é sempre temida".
O ministro dos Esportes da Rússia, Vitaly Mutko, também falou em decisão política e disse que o país vai considerar outras ações a serem tomadas.
"Não posso fazer mais nada do que expressar a minha decepção. Na minha opinião, é uma decisão subjetiva, tanto política como sem base jurídica. Vamos refletir sobre as próximas etapas", afirmou.
Mutko disse que os russos impedidos de competir na Rio-16 podem ainda recorrer a uma corte civil. "Talvez seja a hora de ir a uma corte civil", declarou. Para ele, os atletas têm o direito "de defender sua honra e dignidade", ainda que a decisão não seja revertida a tempo.
A Iaaf havia decidido, em junho, proibir a participação do atletismo da Rússia na Rio-2016 após esquema estatal de doping do país vir à tona.
O COI (Comitê Olímpico Internacional), em caso separado, estuda vetar a participação de toda a delegação russa no Rio após novo relato de que o esquema de doping patrocinado pelo Estado atinge também outras modalidades.
Pelo menos 139 amostras fornecidas por competidores russos do atletismo deram positivo para uso de substâncias ilícitas. Na hora de serem registradas pelos laboratórios antidoping, porém, foram marcadas como negativas.
Doping na rússia - Número de testes positivos marcados depois como negativos, por esporte:
CONSEQUÊNCIAS
O ministro dos Esportes russo afirmou que uma comissão será formada em breve para examinar a situação e o relatório divulgado pela Wada.
Dmitry Shlyakhtin, chefe da Federação de Atletismo da Rússia, declarou após a proibição que medidas anti-doping serão anunciadas para que o país volte a competir após a Olimpíada do Rio.
"Continuaremos a fazer de tudo para recuperar a confiança da Iaaf e do COI", disse. Ele afirma não planejar nenhuma outra ação legal contra a expulsão dos Jogos.
Para o atleta russo do arremesso de martelo Sergei Litvinov, a expectativa é que essa situação encoraje uma reforma profunda no esporte.
Classificado para a Rio-16, ele pediu que autoridades também investiguem casos de dopagem em outros países. "[Em alguns campeonatos de arremesso de martelo] ninguém sabe realmente quem terminou em cada colocação". "Quero que todos os esquemas [de doping] acabem. Não só o nosso, todos."
Na quarta-feira (20), mesmo com risco de expulsão, a Rússia anunciou os nomes dos 387 atletas inscritos para participar dos Jogos Olímpicos do Rio. Os 68 russos classificados para disputar provas de atletismo apareciam na relação.