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Presidente de agência antidoping atrasou processo contra Rússia, diz ex-funcionário

Craig Reedie, presidente da Wada (Agência Mundial Antidoping) interferiu nas investigações do escândalo de doping na Rússia e colaborou para que o país não fosse suspenso dos Jogos Olímpicos do Rio.

A afirmação é do ex-chefe de investigação da Wada (Agência Mundial Antidoping), Jack Robertson, em entrevista concedida à BBC e ao site de jornalismo investigativo americano ProPublica.

Robertson, que saiu da Wada em janeiro, disse que "Craig Reedie está falando pelo traseiro quando diz acreditar que uma grande porcentagem dos atletas russos que estarão no Rio estão limpos". Segundo o ex-investigador, "a investigação mostrou que para estar na equipe nacional [russa], pelo menos de atletismo, você era solicitado a se dopar".

Fabrice Coffrini/AFP
International Olympic Committee (IOC) executive member and current president of the World Anti-Doping Agency Craig Reedie attends a press briefing during the 129th International Olympic Committee session in Rio de Janeiro on August 2, 2016, ahead of the Rio 2016 Olympic Games. International Olympic Committee chief Thomas Bach on August 2 demanded a sweeping overhaul of the World Anti-Doping Agency (WADA) as Russian appeals against bans mounted just three days from the opening of the Rio Games. / AFP PHOTO / FABRICE COFFRINI ORG XMIT: FAB858
Craig Reedie, presidente da Wada, durante coletiva de imprensa no Rio de Janeiro

Hoje tratando um câncer de garganta, foi Robertson quem liderou grande parte da investigação contra o esquema estatal de dopagem na Rússia, além de ter chefiado outras operações, como a que expôs o uso de substãncias proibidas pelo ciclista americano Lance Armstrong em 2012.

Ele afirmou que o presidente da Wada poderia ter iniciado investigações anteriormente, mas que não o executivo preferiu não se arriscar e acabou atrasando o processo.

"Craig Reedie precisava ser pressionado em cada investigação. Mesmo na primeira [que revelou casos de doping no atletismo russo], ele estava relutante, até que o documentário da ARD [emissora alemã que divulgou o esquema] o forçou [a agir]", afirmou. "Depois Reedie mandou uma mensagem para o ministério russo basicamente pedindo desculpas por eles serem selecionados."

Robertson disse que, após a repercussão do caso, o presidente da Wada enviou mensagens a autoridades russas como o ministro dos Esportes, Vitaly Mutko, e Sergei Bubka, vice-presidente da Iaaf (Federação Internacional de Atletismo). "Para mim, isso mostra sua mentalidade, mais comprometida em preservar as reputações de seus amigos do que descobrir a verdade".

O ex-chefe de investigações da Wada afirmou que a agência já tinha conhecimento da gravidade do esquema de doping na Rússia meses antes de pedir que um relatório fosse produzido pelo professor canadense Richard McLaren sobre a questão.

"Nós sabíamos desde agosto do ano passado e a Wada esperou até maio para nomear uma comissão independente. A Wada esperou até o último minuto, somente após a exposição do problema pelo 60 Minutes [programa da TV americana] e pelo 'New York Times', para então o COI (Comitê Olímpico Internacional) dizer que não havia tempo suficiente [para testar todos os atletas russos individualmente antes da Rio-2016]", afirmou.

Robertson discorda da decisão de delegar às federações internacionais de cada modalidade a decisão de punir ou não os atletas da Rússia. "O COI sabe que não há tempo para as federações determinarem algo, mas isso não é o trabalho delas", disse.

Ele afirmou que se sentiu obrigado a vazar a investigação contra a Rússia para pressionar as entidades envolvidas. "Eu sabia que seria necessária uma história tão sensacional que a Wada não teria escolha a não ser investir recursos [na investigação]. Eu forneci informações adicionais a Hajo [jornalista da rede alemã ARD], e ele me forneceu informações confiáveis. Ele ajudou a tornar meu caso mais consistente, e eu ajudei a tornar seu documentário mais consistente."

Doping na Russia

OUTRO LADO
Em nota divulgada nesta segunda-feira (1), a Wada disse entender que o momento em que o relatório McLaren foi publicado "desestabilizou várias organizações que se preparam para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. No entanto, a Wada deseja esclarecer que a agência agiu imediatamente, em relação às alegações referentes à Rússia, assim que corroborou provas e poder para fazer isso sob o código mundial antidoping.

O presidente da entidade também é citado. Somente depois que o 60 Minutes e o "New York Times", nos dias 8 e 12 de maio respectivamente, publicaram alegações do ex-diretor dos laboratórios antidoping de Sochi e Moscou, Dr. Grigory Rodchenkov, a Wada teve provas concretas sugerindo o envolvimento estatal da Rússia", afirma Craig Reedie, na nota.

Nesta terça (2), Reedie afirmou que há uma crise no esporte e que há possibilidade da Olimpíada ter atletas que usam substâncias proibidas competindo. No domingo (31), o presidente do COI, Thomas Bach, se esquivou de críticas, e afirmou que a culpa pela situação da Rússia nos Jogos não é do comitê.

Chamada - Doping

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