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19/04/2002
-
17h15
enviado especial da BBC a Caracas
Os Círculos Bolivarianos, comitês populares criados pelo presidente Hugo Chávez para "aprofundar a revolução bolivariana" na Venezuela, protagonizaram os dois eventos que marcaram a reviravolta política do país, há uma semana.
Na quinta-feira, os círculos organizaram um ato para se contrapor à megapasseata anti-Chávez, convocada pelos petroleiros. Uma TV venezuelana exibiu imagens de um grupo de atiradores que disparavam de uma ponte contra os manifestantes de oposição, em pleno centro de Caracas.
Os atiradores não usavam roupas de soldados ou policiais e são acusados de pertencer aos círculos estimulados por Chávez. Depois da repressão à passeata anti-Chávez e das conseqüentes mortes, a cúpula do Exército se rebelou contra o presidente, que teve de deixar o cargo.
A reviravolta do último sábado foi marcada pela mobilização dos mesmo comitês bolivarianos. Moradores de bairros periféricos e favelas de Caracas fecharam estradas de acesso à cidade e tomaram as ruas da área central em apoio a Chávez. O presidente voltou ao poder na madrugada de domingo.
Armas
"Fomos para a rua para defender a causa bolivariana", conta o carpinteiro Ramon Reyes, 35, coordenador de um comitê na periferia de Caracas.
"Nosso objetivo é levar a mensagem bolivariana de justiça social para toda a comunidade. Nos organizamos em grupos de sete ou onze pessoas, discutimos e realizamos projetos sociais para melhorar a vida no bairro", completa Reyes.
A cientista política Elza Cardozo afirma que, mesmo promovidos pelo governo federal, os círculos são um "mistério" para a sociedade venezuelana.
"Não há informações precisas sobre quanto círculos existem e qual seu verdadeiro poder, e há evidências de que membros desses círculos estão se armando", diz a analista.
"Recentemente, Chávez propôs que os círculos passassem a receber parte dos investimentos sociais que vão para governos eleitos de Estados e municípios", completou.
Os líderes chavistas reconhecem que alguns dos círculos estão se transformando em grupos armados. O fato tem provocado a insatisfação de militares com o governo.
"Algumas pessoas estão se desviando do espírito bolivariano. É evidente que elas estão portando armas, mas nós não demos ordens para isso", afirmou Freddy Barnal, prefeito de Libertador, e um dos líderes do MVR (Movimento Quinta República), partido de Chávez.
O presidente argumenta que o estímulo aos círculos está previsto na Constituição, aprovada em 1999, que prevê no artigo 184 "a criação de novos sujeitos comunitários de autogestão e de controle do governo".
Na internet, a página do governo venezuelano tem um link dedicado à criação dos círculos bolivarianos. Há informações sobre como montar um comitê, as regras para fazer isso e os objetivos do organismo. Os interessados podem se cadastrar pela própria internet.
A logomarca da organização tem uma foto de Simon Bolívar, que liderou o processo de independência da região no século 19, e as cores da bandeira venezuelana.
"O único requisito para formar um círculo é compartilhar dos sonhos e ideais do libertador Simon Bolívar", diz o texto no website da Presidência.
Oposição
A dispersão dos círculos é uma reivindicação da oposição para iniciar o diálogo proposto pelo presidente Hugo Chávez, nesta semana.
Na quinta-feira, durante a assembléia da OEA (Organização dos Estados Americanos), o secretário-geral da OEA, César Gaviria, ressaltou que o fim dos grupos é uma das principais exigências dos partidos e entidades que se opõem a Chávez.
"Esses grupos armados são uma ameaça para a democracia. São grupos ideológicos financiados pelo Estado, uma cópia dos Comitês Democráticos Revolucionários de Cuba", afirma Carlos Fernandez, presidente da Fedecamaras, a associação empresarial da Venezuela.
Leia mais no especial Venezuela
Comitês populares ajudaram Chávez a voltar ao poder
AUGUSTO GAZIR,enviado especial da BBC a Caracas
Os Círculos Bolivarianos, comitês populares criados pelo presidente Hugo Chávez para "aprofundar a revolução bolivariana" na Venezuela, protagonizaram os dois eventos que marcaram a reviravolta política do país, há uma semana.
Na quinta-feira, os círculos organizaram um ato para se contrapor à megapasseata anti-Chávez, convocada pelos petroleiros. Uma TV venezuelana exibiu imagens de um grupo de atiradores que disparavam de uma ponte contra os manifestantes de oposição, em pleno centro de Caracas.
Os atiradores não usavam roupas de soldados ou policiais e são acusados de pertencer aos círculos estimulados por Chávez. Depois da repressão à passeata anti-Chávez e das conseqüentes mortes, a cúpula do Exército se rebelou contra o presidente, que teve de deixar o cargo.
A reviravolta do último sábado foi marcada pela mobilização dos mesmo comitês bolivarianos. Moradores de bairros periféricos e favelas de Caracas fecharam estradas de acesso à cidade e tomaram as ruas da área central em apoio a Chávez. O presidente voltou ao poder na madrugada de domingo.
Armas
"Fomos para a rua para defender a causa bolivariana", conta o carpinteiro Ramon Reyes, 35, coordenador de um comitê na periferia de Caracas.
"Nosso objetivo é levar a mensagem bolivariana de justiça social para toda a comunidade. Nos organizamos em grupos de sete ou onze pessoas, discutimos e realizamos projetos sociais para melhorar a vida no bairro", completa Reyes.
A cientista política Elza Cardozo afirma que, mesmo promovidos pelo governo federal, os círculos são um "mistério" para a sociedade venezuelana.
"Não há informações precisas sobre quanto círculos existem e qual seu verdadeiro poder, e há evidências de que membros desses círculos estão se armando", diz a analista.
"Recentemente, Chávez propôs que os círculos passassem a receber parte dos investimentos sociais que vão para governos eleitos de Estados e municípios", completou.
Os líderes chavistas reconhecem que alguns dos círculos estão se transformando em grupos armados. O fato tem provocado a insatisfação de militares com o governo.
"Algumas pessoas estão se desviando do espírito bolivariano. É evidente que elas estão portando armas, mas nós não demos ordens para isso", afirmou Freddy Barnal, prefeito de Libertador, e um dos líderes do MVR (Movimento Quinta República), partido de Chávez.
O presidente argumenta que o estímulo aos círculos está previsto na Constituição, aprovada em 1999, que prevê no artigo 184 "a criação de novos sujeitos comunitários de autogestão e de controle do governo".
Na internet, a página do governo venezuelano tem um link dedicado à criação dos círculos bolivarianos. Há informações sobre como montar um comitê, as regras para fazer isso e os objetivos do organismo. Os interessados podem se cadastrar pela própria internet.
A logomarca da organização tem uma foto de Simon Bolívar, que liderou o processo de independência da região no século 19, e as cores da bandeira venezuelana.
"O único requisito para formar um círculo é compartilhar dos sonhos e ideais do libertador Simon Bolívar", diz o texto no website da Presidência.
Oposição
A dispersão dos círculos é uma reivindicação da oposição para iniciar o diálogo proposto pelo presidente Hugo Chávez, nesta semana.
Na quinta-feira, durante a assembléia da OEA (Organização dos Estados Americanos), o secretário-geral da OEA, César Gaviria, ressaltou que o fim dos grupos é uma das principais exigências dos partidos e entidades que se opõem a Chávez.
"Esses grupos armados são uma ameaça para a democracia. São grupos ideológicos financiados pelo Estado, uma cópia dos Comitês Democráticos Revolucionários de Cuba", afirma Carlos Fernandez, presidente da Fedecamaras, a associação empresarial da Venezuela.
Leia mais no especial Venezuela
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