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10/05/2002 - 15h25

"Fui abusado por dez anos", diz membro de ONG

TETÉ RIBEIRO
da BBC, em Nova York

Na última terça-feira (7), o cardeal de Boston, Bernard Law, foi convocado para depor no processo movido por 86 pessoas, que dizem que o arcebispo e a arquidiocese da região falharam em proteger crianças do ex-padre John Geoghan, acusado de abusar de mais de 130 menores em 30 anos.

No depoimento, o cardeal afirmou que foi com base em conselhos médicos que ele constatemente transferiu de paróquias o padre acusado, sem afastá-lo.

Mark London, 40, que cuida da sessão americana da Snap, sigla em inglês para Survivors Network of those Abused by Priests [Rede de Sobrevivência dos Abusados por Padres], é um dos críticos do cardeal. London disse à BBC Brasil que já foi abusado por padres.

"Comecei a fazer seminário em 1976, quando tinha 15 anos. Na época, fui molestado por dois padres e dois irmãos por um período de dez anos", afirmou.

Acordo
"Em 1987, processei a ordem e a escola preparatória em Onamia, Minesota, e fizemos um acordo financeiro em outubro de 1988."

London disse que a primeira pessoa que abusou sexualmente dele foi um irmão.

"Ele era um dos que recrutavam pessoas para o seminário. Foi muito assustador, porque eu venho de uma família muito disfuncional, tinha muita violência na minha casa, muitas dificuldades, e eu queria escapar de tudo aquilo e ir para um lugar mais seguro."

"Por causa disso, depois de 2 meses na escola, tentei me suicidar. E tentei outras duas vezes nos anos seguintes", disse.

Segundo London, tentativas de falar com padres sobre a agressão na época não deram resultado. "A fé na Igreja Católica está tão implantada na sociedade, que as pessoas confiam nos padres quase que por osmose."

"As pessoas acreditam que os padres foram de fato escolhidos por Deus, e que eles nunca fariam uma coisa como essa."

London disse que o diretor da escola, que era um padre, também começou a molestá-lo.

"Ele me levava para hotéis, e eu tentava me proteger. O padre ficava imediatamente nu e com uma ereção. Ele também me levava para lugares escondidos para tentar fazer sexo."

London disse que não se considera mais católico: "Tenho muita fé em Deus, mas essa é uma coisa que recuperei nos últimos anos. Quando fiz a denúncia, achei que estava perdendo Deus".
 

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