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05/08/2002 - 14h59

Pastrana quer libertar sequestrados antes de sair do governo

VALQUIRIA REY
da BBC, em Bogotá

A dois dias da entrega da Presidência da República a seu sucessor, o colombiano Andrés Pastrana acredita que ainda possa negociar um acordo com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) para libertar um grupo de seqüestrados.

Mas analistas afirmam que nenhum acerto nesse sentido deve ser alcançado antes de 7 de agosto, quando Álvaro Uribe assume o comando do país.

Reuters - 10.jun.2000
Andrés Pastrana, presidente da Colômbia
Em um comunicado divulgado no fim de semana, a direção do grupo rebelde mais antigo da América Latina garantiu não ter recebido qualquer proposta de Pastrana para trocar os seqüestrados por guerrilheiros presos.

Segundo a diretoria das Farc, "o presidente não tem vontade política para negociar e suas afirmações são falsas e tendenciosas".

Apreensão
A revelação de que as Farc não estariam fechando um acordo com Pastrana aumentou a apreensão dos familiares dos sequestrados.

Yolanda Pulecio, mãe da ex-candidata à Presidência da República Ingrid Betancourt, diz que não consegue entender como foram divulgadas informações tão desencontradas.

"Todas as famílias ficaram na expectativa e, agora, estão no ar novamente", disse Yolanda, que alimentava a esperança de ver a filha liberada nos próximos dias.

Na semana passada, o governo de Pastrana revelou que teria entregue às Farc sete diferentes propostas que permitiriam colocar em liberdade Ingrid Betancourt, sua assessora Clara Rojas, dois ex-ministros, cinco ex-congressistas, 12 deputados e o governador de Antioquia, Guillermo Gaviria, além de outras personalidades que se encontram no cativeiro da grupo rebelde.

Em troca, o governo tiraria da prisão 40 guerrilheiros acusados de rebelião.

Todas essas alternativas incluíam como condição a liberação pelas Farc de Francy Lorena Erazo, filha de três anos de idade do prefeito de Colón, em Putumayo.

A menina foi solta na noite da última quarta-feira (31), depois de ter ficado no cativeiro por 14 dias com a finalidade de pressionar a renúncia dos prefeitos do país.

No dia seguinte, o país inteiro festejou a notícia, acreditando que a liberação de Francy seria o sinal de que as Farc estariam dispostas a um novo acordo.

Vontade política
Apesar de os guerrilheiros negarem a existência da negociação, os homens de Pastrana ainda seguem afirmando que vão trabalhar todos os minutos e segundos que restam ao governo para efetivar um acerto em favor dos seqüestrados.

"O governo reitera a vontade política de fazer um acordo com as Farc antes de 7 de agosto", disse Angelino Garzon, ministro do Trabalho e responsável pelos acertos com a guerrilha.

Segundo Juan Carlos Lecompte, marido de Ingrid Betancourt, o governo quer apenas melhorar sua imagem, enganando a opinião pública nacional e estrangeira.

De acordo com Lecompte, Pastrana quer dar a entender que está fazendo tudo para resgatar os sequestrados, quando, na realidade, nunca se importou com o problema.

Sem tempo
A súbita e tardia proposta de Pastrana também não convenceu o ex-conselheiro de Paz Eduardo Jaramillo.

De acordo com Jaramillo, não há mais tempo para negociações e, mesmo que elas ocorressem, necessitariam do aval do presidente eleito Álvaro Uribe.

Juan Carlos Esguerra, ex-ministro da Defesa durante o governo de Ernesto Samper, classificou a intenção de Pastrana de voltar a negociar com a guerrilha como o desespero de alguém que buscou a paz e fracassou, porque sempre escolheu o caminho equivocado.

"Ele não tem condições políticas de assinar qualquer acordo", disse. "Uma possível troca de seqüestrados por guerrilheiros não caberia mais a Pastrana. Seria uma determinação do governo Uribe."

Para Yolanda Pinto, mulher do governador Gavíria, seqüestrado pelas Farc desde abril, a única alternativa que resta aos familiares é rezar para que Uribe encontre o caminho adequado para resolver o problema.

Ela quer que o novo presidente "resolva as diferenças com os guerrilheiros e acabe com o sofrimento dos colombianos".

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