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26/09/2002
-
07h40
da BBC
O Reino Unido terá neste sábado a primeira grande manifestação contra um possível ataque militar ao Iraque. Os organizadores dizem esperar reunir centenas de milhares de pessoas em uma passeata pelo centro de Londres.
O ato é organizado pela Coalizão Pare a Guerra (Stop the War Coalition) e pela Associação de Muçulmanos do Reino Unido e tem o apoio de celebridades como os integrantes da banda Massive Attack e o cineasta Ken Loach.
Para alcançar seu objetivo estratégico -evitar um ataque militar ao Iraque-, os manifestantes têm um tático: forçar o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, a retirar o apoio de seu governo a uma possível ação americana.
"O objetivo principal é pressionar o governo Blair. Se tivermos o Reino Unido do nosso lado, o governo dos Estados Unidos vai perder força internacional", disse Anan Altiqriti, porta-voz da Associação de Muçulmanos do Reino Unido.
"Liberdade para Palestina"
Altiqriti é iraquiano e afirmou que teve de sair do país por causa da opressão do regime de Saddam Hussein. "Sou uma vítima de Saddam, mas não é com intervenções militares que se resolve o problema."
Lindsey German, da Coalizão Pare a Guerra, também defendeu que os manifestantes apostem na pressão a Blair, para tentar isolar os Estados Unidos.
"Não acho que possamos influenciar diretamente o governo dos Estados Unidos, mas podemos pressionar para que Blair recue e deslegitime as ameaças americanas", disse German.
"Boa parte dos parlamentares não concorda com a guerra, a maioria dos britânicos não quer a guerra. Pelo contrário, eles querem que os gastos militares sejam redirecionados para os serviços públicos", afirmou.
Pesquisa publicada pelo jornal britânico "The Guardian", nesta semana, indicou que 45% dos birtânicos são contra a guerra. A favor dos ataques, estão 37%, e 18% responderam não saber.
A parceria entre a organização de Lindsey German e a Associação de Muçulmanos do Reino Unido resultou na adoção de um segundo mote à passeata: "Liberdade para a Palestina".
"Os muçulmanos já tinham uma passeata pró-Palestina marcada para o mesmo dia. Então, resolvemos juntar forças", afirmou German, da Coalizão Pare a Guerra.
"Sabemos que os temas são diferentes, mas, no final, é importante fazer a ligação. Dificilmente, alguém será contra a guerra e a favor da ocupação israelense em territórios palestinos."
A data da passeata, 28 de setembro, marca o segundo aniversário da atual Intifada (revolta palestina contra a ocupação israelense).
Além disso, no mesmo final de semana, o Partido Trabalhista, de Blair, inicia sua conferência nacional anual em Blackpool, no noroeste da Inglaterra.
Vários parlamentares do partido assinaram o manifesto de apoio à passeata "Não Ataque o Iraque/Liberdade para a Palestina".
ONU
Para os organizadores da manifestação, a eventual aprovação da ONU (Organização das Nações Unidas) a um ataque ao Iraque não mudaria a situação.
"Mesmo com a aprovação da ONU, isso seria uma ação claramente ditada pelos interesses americanos. O que viria depois do Iraque? O Irã, o Iêmen?", questionou Anan Altiqriti.
Os organizadores da manifestação também rejeitam o argumento de que a ação militar é necessária para libertar os iraquianos de um regime supostamente autoritário e opressor.
"Isso é hipocrisia", disse Lindsey German. "Olhe para os aliados dos Estados Unidos na região. Não há nenhum regime democrático, com um bom retrospecto em direitos humanos, mas ninguém fala em atacá-los."
"Inocentes vão morrer e, no final, teremos um governo alinhado com os interesses americanos, e não com os interesses da população iraquiana", afirmou Anan Altiqriti.
Para a Coalizão Pare a Guerra, as conseqüências dos ataques ao Afeganistão, iniciados no ano passado, mostram como esse tipo de ação é prejudicial.
German discorda da opinião de analistas internacionais de que o fim do regime do Taleban e a formação de um governo de coalizão representaram avanços.
"O Afeganistão tem muitos problemas. Nada foi resolvido lá. O governo é instável, e os conflitos armados civis continuam", afirmou.
Leia mais:
Clique aqui para ler a especial sobre um possível ataque militar ao Iraque
Londres terá primeiro grande ato contra eventual guerra ao Iraque
AUGUSTO GAZIRda BBC
O Reino Unido terá neste sábado a primeira grande manifestação contra um possível ataque militar ao Iraque. Os organizadores dizem esperar reunir centenas de milhares de pessoas em uma passeata pelo centro de Londres.
O ato é organizado pela Coalizão Pare a Guerra (Stop the War Coalition) e pela Associação de Muçulmanos do Reino Unido e tem o apoio de celebridades como os integrantes da banda Massive Attack e o cineasta Ken Loach.
Para alcançar seu objetivo estratégico -evitar um ataque militar ao Iraque-, os manifestantes têm um tático: forçar o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, a retirar o apoio de seu governo a uma possível ação americana.
"O objetivo principal é pressionar o governo Blair. Se tivermos o Reino Unido do nosso lado, o governo dos Estados Unidos vai perder força internacional", disse Anan Altiqriti, porta-voz da Associação de Muçulmanos do Reino Unido.
"Liberdade para Palestina"
Altiqriti é iraquiano e afirmou que teve de sair do país por causa da opressão do regime de Saddam Hussein. "Sou uma vítima de Saddam, mas não é com intervenções militares que se resolve o problema."
Lindsey German, da Coalizão Pare a Guerra, também defendeu que os manifestantes apostem na pressão a Blair, para tentar isolar os Estados Unidos.
"Não acho que possamos influenciar diretamente o governo dos Estados Unidos, mas podemos pressionar para que Blair recue e deslegitime as ameaças americanas", disse German.
"Boa parte dos parlamentares não concorda com a guerra, a maioria dos britânicos não quer a guerra. Pelo contrário, eles querem que os gastos militares sejam redirecionados para os serviços públicos", afirmou.
Pesquisa publicada pelo jornal britânico "The Guardian", nesta semana, indicou que 45% dos birtânicos são contra a guerra. A favor dos ataques, estão 37%, e 18% responderam não saber.
A parceria entre a organização de Lindsey German e a Associação de Muçulmanos do Reino Unido resultou na adoção de um segundo mote à passeata: "Liberdade para a Palestina".
"Os muçulmanos já tinham uma passeata pró-Palestina marcada para o mesmo dia. Então, resolvemos juntar forças", afirmou German, da Coalizão Pare a Guerra.
"Sabemos que os temas são diferentes, mas, no final, é importante fazer a ligação. Dificilmente, alguém será contra a guerra e a favor da ocupação israelense em territórios palestinos."
A data da passeata, 28 de setembro, marca o segundo aniversário da atual Intifada (revolta palestina contra a ocupação israelense).
Além disso, no mesmo final de semana, o Partido Trabalhista, de Blair, inicia sua conferência nacional anual em Blackpool, no noroeste da Inglaterra.
Vários parlamentares do partido assinaram o manifesto de apoio à passeata "Não Ataque o Iraque/Liberdade para a Palestina".
ONU
Para os organizadores da manifestação, a eventual aprovação da ONU (Organização das Nações Unidas) a um ataque ao Iraque não mudaria a situação.
"Mesmo com a aprovação da ONU, isso seria uma ação claramente ditada pelos interesses americanos. O que viria depois do Iraque? O Irã, o Iêmen?", questionou Anan Altiqriti.
Os organizadores da manifestação também rejeitam o argumento de que a ação militar é necessária para libertar os iraquianos de um regime supostamente autoritário e opressor.
"Isso é hipocrisia", disse Lindsey German. "Olhe para os aliados dos Estados Unidos na região. Não há nenhum regime democrático, com um bom retrospecto em direitos humanos, mas ninguém fala em atacá-los."
"Inocentes vão morrer e, no final, teremos um governo alinhado com os interesses americanos, e não com os interesses da população iraquiana", afirmou Anan Altiqriti.
Para a Coalizão Pare a Guerra, as conseqüências dos ataques ao Afeganistão, iniciados no ano passado, mostram como esse tipo de ação é prejudicial.
German discorda da opinião de analistas internacionais de que o fim do regime do Taleban e a formação de um governo de coalizão representaram avanços.
"O Afeganistão tem muitos problemas. Nada foi resolvido lá. O governo é instável, e os conflitos armados civis continuam", afirmou.
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