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22/10/2002 - 11h15

Professor britânico defende moratória para o Brasil

ERIC BRÜCHER CAMARA
da BBC

Rússia, Equador e Argentina já declararam moratórias para as suas dívidas. O professor George Phillip, da London School of Economics (LSE), acredita que o Brasil do futuro presidente -Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na opinião dele- será, inevitavelmente, o próximo dessa lista.

"Não vejo outra saída. Você pode chamar o não-pagamento de várias coisas: default, moratória, calote ou renegociação. Se Rússia e Equador conseguiram renegociar suas dívidas depois de uma moratória, por que o Brasil não conseguiria?', afirmou Phillip, em debate, nesta segunda-feira, sobre as eleições presidenciais brasileiras na LSE.

Tanto o Equador quanto a Rússia registraram taxas de crescimento maiores depois das moratórias, e das subsequentes renegociações das dívidas. A Argentina, no entanto, ainda continua à espera de um novo acordo que lhe garanta mais empréstimos para sair do buraco.

"No caso do Brasil, os juros dos empréstimos já estão em patamares altíssimos. Quanto tempo se pode pagar juros a 20%?', diz o professor de Política Latino-Americana da LSE, reforçando a tese defendida pelo prêmio Nobel de economia em 2001, Joseph Stiglitz.

Pessimismo
Para o economista Francisco Panizza, colega de Phillip na LSE, a moratória será evitada até onde for possível por um possível governo Lula.

"Muitos dizem que é inevitável, hoje a maioria está pessimista. Acho que um governo do PT vai tentar evitar uma medida assim enquanto as condições permitirem', afirmou Panizza.

O problema, na opinião do professor Phillip, é que as condições do mercado internacional já não garantem a sobrevivência do Brasil no modelo adotado atualmente.

"As palavras terão que ser escolhidas cuidadosamente quando se for falar sobre o assunto. Algo do tipo: Nós queremos pagar, mas gostaríamos de conversar sobre isso', disse Phillip.

Consenso de Washington
O catedrático da LSE acredita que a era do "consenso de Washington' - expressão cunhada em 1989 pelo economista John Williamson para descrever a política econômica que norteou os órgãos financeiros internacionais e a maior parte dos governos da América Latina na última década - chegou ao fim.

"Sim, chegou ao fim. Só não se sabe o que virá depois. O primeiro golpe foi a eleição de Hugo Chávez, na Venezuela, e a ruptura definitiva aconteceu com a quebra da Argentina", comentou Phillip.

O golpe de misericórdia seria a eleição de Lula no próximo domingo. Phillip acredita que novos blocos geopolíticos seriam, então, formados na América Latina.

"Não consigo vislumbrar o México dando uma guinada à esquerda. Talvez eles se alinhem com o Chile. O Brasil, Argentina e Venezuela podem formar outro grupo, e talvez ainda surjam outros ", especulou.
"O mundo está mudando rapidamente. É uma época interessante."
 

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