Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
20/12/2002 - 17h14

Antiamericanismo e cultura pop duelam no Oriente Médio

SILVIA SALEK
Enviada da BBC à Turquia, Síria e Jordânia

O rebolado da cantora colombiana Shakira e as comédias românticas norte-americanas continuam conquistando o coração de muitos jovens muçulmanos, como a estudante curda Azize Efe, 19 anos.

"Eu amo os Estados Unidos. Minha cantora predileta é a Shakira. Ela é muito linda e adoro imitá-la, dançando na frente do espelho", disse a jovem, enquanto comprava um CD da cantora radicada nos Estados Unidos, em um shopping center de Diyarbakir, na Turquia.

Mas, apesar da paixão de muitos pela cultura pop ocidental, uma pesquisa da Pew Global Attitudes mostra que o sentimento antiamericano nos países do mundo islâmico aumentou nos últimos dois anos.

Na Turquia, que faz fronteira com o Iraque, apenas 30% da população têm uma imagem positiva sobre os Estados Unidos - mesmo com o apoio de Washington à entrada dos turcos na União Européia.

EUA e Israel
De modo geral, a população de países como a Jordânia, a Turquia e a Síria critica os Estados Unidos pelo apoio que o governo americano dá a Israel - um país que, na opinião deles, oprime a população palestina e tem planos expansionistas para a região.

Na Jordânia, um país onde 60% dos habitantes são de origem palestina, esse sentimento é mais forte.

As estudantes Hana Haddad e Dina Issam, 18, vêm de famílias de refugiados palestinos. Elas viviam no Kuwait com a família e, recentemente, mudaram-se para Amã, na Jordânia, para cursar a universidade.

As duas acreditam que suas famílias foram vítimas de uma grande injustiça por, segundo elas, terem sido "expulsas da Palestina" por israelenses em 1948.

"Os Estados Unidos fazem vista grossa para as atrocidades cometidas pelos israelenses. Como podemos gostar de um país que dá dinheiro para quem oprime o nosso povo?", perguntou Hana.

"Mesmo no Kuait, que foi invadido pelo Iraque em 1990, as pessoas comuns são contra essa guerra. As pessoas não gostam de Saddam Hussein, mas não querem a interferência dos Estados Unidos nesse assunto", acredita Dina Issam.

Tiro de misericórdia
Housam Ziad, 21, estudante de literatura inglesa na Universidade de Damasco (Síria), disse que, se pudesse, jogaria uma bomba sobre o Iraque para poupar a população do sofrimento prolongado a que está condenada.

"Seria como um tiro de misericórdia. Eles já estão sofrendo há anos e, agora, os Estados Unidos querem atacar o país de novo. Que país é esse que prega a justiça, a liberdade e faz o que faz no Oriente Médio?", questiona o jovem, que é neto de refugiados palestinos que saíram de Israel em 1948 e vive hoje na Síria.

A imagem ruim dos Estados Unidos entre os jovens ameaça até mesmo a força da cultura pop ocidental.

"Tenho tentado ouvir mais música árabe ultimamente. Gostava muito de grupos americanos, mas percebi que o dinheiro que eu gastava com CDs americanos ia para os Estados Unidos e depois voltavam sob a forma de apoio militar a Israel", disse a estudante síria Hala Sukar, 19.

Pró-Washington
Contra a maré do antiamericanismo, o desempregado turco Resat Sanli, 20, torce para que os Estados Unidos invadam logo o Iraque e imponham um novo regime no país de Saddam Hussein.

Apesar da nova tendência, Resat Sanli torce pela queda de Saddam Hussein

Ele não apenas admira os Estados Unidos, como também diz sonhar em viver um dia em solo norte-americano.

O mesmo sonho tem a fã de Shakira Azize Efe. "Quando vejo os filmes americanos, fico imaginando como seria bom morar lá. É tudo tão limpo e novo, eu gosto muito dos norte-americanos."
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página