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24/01/2003 - 13h13

Fórum Social é usado como palco e vitrine por participantes

Marcia Carmo, da BBC em Porto Alegre

O ativista francês e agricultor José Bové não parece mais aquele que tanta polêmica gerou na passagem pelo Fórum Social Mundial, em 2001.

Discreto e evitando os holofotes, ele preferiu não comentar o fato de ter sido preso pela Polícia Federal, na época, acusado de destruir uma lavoura de milho e soja transgênicos na Unidade de Pesquisas da Monsanto.

"O Brasil mudou e não há mais espaço para comentar isso", diz. Bové é um exemplo do efeito da eleição de Luis Inácio Lula da Silva.

Com a atitude, Bové vai na contramão dos que estão aproveitando o fórum para ganhar destaque.

Vitrine do Fórum
Gaúcha, a atriz de teatro infantil Luciana Vicente, de 28 anos, circulou vestida de bruxa pelos corredores do Fórum Social, na PUC.
"Eu faço parte do grupo de teatro Etc teatral, nossa peça infantil vai entrar em cartaz no dia 25 e queríamos aproveitar para badalar a obra", afirma. "E nenhum lugar melhor neste momento do que o fórum", confessa.

A mineira Suzana Opaco, cabelos e roupas nas cores verde e amarela, pedia a todos os participantes que apoiassem as mãos numa tela colorida estendida no chão.

"No dia 11 de outubro próximo vamos fazer uma reenergização do mundo com uma corrente que envolverá ativistas e defensores da paz no mundo todo", argumenta.

Palco de debates contra a globalização e a pobreza, o fórum está sendo usado como vitrine para marketing pessoal, como centro de discussão para questões nacionais e também como canal de aproximação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Companheiro
O espanhol Fernan Mascarell, prefeito de Barcelona, se refere ao presidente como "companheiro", mesmo sem conhecê-lo pessoalmente.

"Como vocês dizem aqui, o 'companheiro Lula' está servindo de exemplo ao mundo", argumenta, num intervalo do encontro paralelo das autoridades.

Companheiro também é a palavra citada pelo coreógráfo espanhol Juan José Miguez, de 35 anos. Depois de uma noite sem dormir e ainda à procura de uma vaga nos hotéis e acampamentos lotados, ele comenta que veio à Porto Alegre para tentar exibir sua arte.

"Estou tentando falar com alguém para poder ter a oportunidade de mostrar a minha coreografia. Até agora não está fácil, já que vim sem nada programado, com a cara e a coragem", conta. "Mas aqui é o cenário ideal para falarmos na integração cultural, incluindo a dança".

Índia
No ano que vem o fórum deve ser realizado na Índia. Os organizadores daquele país insistiram em pedir um mês para dar a resposta.

Se for negativa, o fórum deverá ser distribuído por diferentes locais em 2004, retornando a Porto Alegre em 2005.

Para 2004, o prefeito de Mascarell espera levar pelo menos o encontro de prefeitos para sua cidade.

Neste fórum de 2003, a vitrine ajuda não só os que defendem, em suas palestras, um mundo de iguais, mas até quem vende suco natural.

É o caso do gaúcho que montou barraca no estádio Gigantinho, onde se reúnem as ONGs e centrais sindicais. "Aqui não da para vender Coca-Cola. Afinal, é o fórum contra a globalização. Por isso, ofereço meu suco (R$ 1 o copo) de frutas sem agrotóxicos", diz ele, que se identificou como João.

O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), João Felício, tomou o de framboesa e aprovou. "É um suco alternativo e bem gostoso". Mas não entrou na polêmica do não ao refrigerante que para o outro João simboliza a globalização.
 

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