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04/04/2003
-
10h26
da BBC, em Amã
A guerra contra o Iraque e o crescente anti-americanismo no Oriente Médio estão dando força às campanhas pelo boicote a produtos americanos na região.
Apesar de serem de propriedade de acionistas em várias partes do mundo, multinacionais como o McDonald's, a Coca-Cola e a Pepsi são identificadas nas ruas como empresas americanas e estão no topo da lista de alvos de organizações como o Comitê Egípcio para o Boicote.
"Os Estados Unidos só vão mudar a sua política para o Oriente Médio quando o país for prejudicado economicamente", disse Talat Mossalam, membro do Partido Trabalhista egípcio e líder do comitê que, até antes da guerra, se dedicava a fazer propaganda apenas contra produtos israelenses.
Os alvos do boicote evitam falar em números, mas analistas estimam que muitas empresas identificadas com os Estados Unidos na região tenham perdido entre 20% e 50% do faturamento em um ano por causa do boicote.
Israel
Nos últimos meses, o cardápio da estudante jordaniana Shrouk Ride, 13 anos, perdeu alguns de seus itens favoritos.
Em protesto contra a política americana para o Oriente Médio, a adolescente diz que não come mais no Kentucky Fried Chicken nem bebe Pepsi ou Coca-Cola.
"Ouvi dizer que eles mandam dinheiro para Israel", disse a menina. A informação é veemente rebatida pelas empresas.
No entanto, não é apenas o consumidor final que está aderindo ao boicote.
"Antes, eu vendia Pepsi, Coca-Cola, maionese, ketchup, vários produtos americanos. Agora, substituí todos eles por marcas árabes. Compro da Síria, dos Emirados Árabes e da Jordânia", disse Ahmed Delian, proprietário de um minimercado no centro de Amã.
"Os Estados Unidos estão atacando o Islã, e essa é minha forma de protesto", acrescentou.
Kebab em alta
O objetivo do movimento é fazer com que empresas americanas ou multinacionais com origem nos Estados Unidos tenham prejuízos e pressionem o governo americano a mudar as suas políticas para a região.
Mas, segundo as empresas, é a economia local que acaba sendo prejudicada, já que as grandes multinacionais operam com parcerias na região.
O jordaniano Jamil Rhadi não concorda com esse argumento. Ele é gerente de uma lanchonete em Amã, uma versão árabe das redes de fast food, onde o carro-chefe é o kebab de galinha com batata frita e repolho.
Nos últimos meses, as vendas na lanchonete aumentaram 20%. Para ele, o sucesso em meio à crise enfrentada pela economia da Jordânia só tem uma explicação: os jovens, que formam a maioria de sua clientela, estão trocando o hambúrguer pelo kebab.
Mecca Cola
Por toda a Jordânia, inúmeras lanchonetes oferecem alternativas árabes aos produtos vendidos pelas redes de fast food multinacionais.
Elas seguem o mesmo estilo de atendimento e apresentação do produto das companhias internacionais, mas muitas têm nomes religiosos e incluem no cardápio pratos rápidos locais e refrigerantes de marcas árabes.
"Antes, eu vendia cerca de três caixas de Pepsi por dia, agora, a maioria prefere comprar as marcas árabes. Estou com duas caixas de Pepsi no estoque que não consigo vender há dois meses", disse Jamil.
Marcas de refrigerantes como a Mecca Cola e a Zam Zam Cola surgiram no mercado nos últimos meses para competir com as grandes marcas.
São refrigerantes que usam no slogan mensagens religiosas, contra a guerra e em defesa dos palestinos, uma estratégia que a Coca-Cola, por exemplo, se recusa a usar.
"Somos uma empresa de refrigerantes. Não nos envolvemos com política nem religião", disse o porta-voz da empresa para o Oriente Médio, Paddy McGregor, acrescentando que observa atentamente o desenvolvimento da concorrência.
Especial
Saiba tudo sobre a guerra no Iraque
Guerra fortalece boicote contra os EUA no Oriente Médio
SILVIA SALEKda BBC, em Amã
A guerra contra o Iraque e o crescente anti-americanismo no Oriente Médio estão dando força às campanhas pelo boicote a produtos americanos na região.
Apesar de serem de propriedade de acionistas em várias partes do mundo, multinacionais como o McDonald's, a Coca-Cola e a Pepsi são identificadas nas ruas como empresas americanas e estão no topo da lista de alvos de organizações como o Comitê Egípcio para o Boicote.
"Os Estados Unidos só vão mudar a sua política para o Oriente Médio quando o país for prejudicado economicamente", disse Talat Mossalam, membro do Partido Trabalhista egípcio e líder do comitê que, até antes da guerra, se dedicava a fazer propaganda apenas contra produtos israelenses.
Os alvos do boicote evitam falar em números, mas analistas estimam que muitas empresas identificadas com os Estados Unidos na região tenham perdido entre 20% e 50% do faturamento em um ano por causa do boicote.
Israel
Nos últimos meses, o cardápio da estudante jordaniana Shrouk Ride, 13 anos, perdeu alguns de seus itens favoritos.
Em protesto contra a política americana para o Oriente Médio, a adolescente diz que não come mais no Kentucky Fried Chicken nem bebe Pepsi ou Coca-Cola.
"Ouvi dizer que eles mandam dinheiro para Israel", disse a menina. A informação é veemente rebatida pelas empresas.
No entanto, não é apenas o consumidor final que está aderindo ao boicote.
"Antes, eu vendia Pepsi, Coca-Cola, maionese, ketchup, vários produtos americanos. Agora, substituí todos eles por marcas árabes. Compro da Síria, dos Emirados Árabes e da Jordânia", disse Ahmed Delian, proprietário de um minimercado no centro de Amã.
"Os Estados Unidos estão atacando o Islã, e essa é minha forma de protesto", acrescentou.
Kebab em alta
O objetivo do movimento é fazer com que empresas americanas ou multinacionais com origem nos Estados Unidos tenham prejuízos e pressionem o governo americano a mudar as suas políticas para a região.
Mas, segundo as empresas, é a economia local que acaba sendo prejudicada, já que as grandes multinacionais operam com parcerias na região.
O jordaniano Jamil Rhadi não concorda com esse argumento. Ele é gerente de uma lanchonete em Amã, uma versão árabe das redes de fast food, onde o carro-chefe é o kebab de galinha com batata frita e repolho.
Nos últimos meses, as vendas na lanchonete aumentaram 20%. Para ele, o sucesso em meio à crise enfrentada pela economia da Jordânia só tem uma explicação: os jovens, que formam a maioria de sua clientela, estão trocando o hambúrguer pelo kebab.
Mecca Cola
Por toda a Jordânia, inúmeras lanchonetes oferecem alternativas árabes aos produtos vendidos pelas redes de fast food multinacionais.
Elas seguem o mesmo estilo de atendimento e apresentação do produto das companhias internacionais, mas muitas têm nomes religiosos e incluem no cardápio pratos rápidos locais e refrigerantes de marcas árabes.
"Antes, eu vendia cerca de três caixas de Pepsi por dia, agora, a maioria prefere comprar as marcas árabes. Estou com duas caixas de Pepsi no estoque que não consigo vender há dois meses", disse Jamil.
Marcas de refrigerantes como a Mecca Cola e a Zam Zam Cola surgiram no mercado nos últimos meses para competir com as grandes marcas.
São refrigerantes que usam no slogan mensagens religiosas, contra a guerra e em defesa dos palestinos, uma estratégia que a Coca-Cola, por exemplo, se recusa a usar.
"Somos uma empresa de refrigerantes. Não nos envolvemos com política nem religião", disse o porta-voz da empresa para o Oriente Médio, Paddy McGregor, acrescentando que observa atentamente o desenvolvimento da concorrência.
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