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04/04/2003 - 15h13

Análise: Ataque em massa a Bagdá está descartado

PAUL ADAMS
da BBC, em Doha

Uma tática que os americanos, definitivamente, não irão adotar na tomada de Bagdá é um ataque fuminante em massa, por todas as frentes, o que seria catastrófico para a população da capital iraquiana.

A estratégia será uma mescla de vários elementos.

Nós devemos ver, por exemplo, o uso de armas cirúrgicas - pequenas, guiadas por lazer, para atingir alvos muito específicos -, e não as bombas pesadas que temos visto em todos os lugares, e que produziriam sequelas gravíssimas, ou seja, morte de civis.

Assistiremos à utilização de força aérea e tropas especiais. Os americanos estão preparados para uma longa batalha, mas fazem estudos minuciosos para não perder tempo nem falhar em nenhuma investida.

Perseguição

O primeiro passo, obviamente, será garantir o controle total do aeroporto internacional de Bagdá.

As tropas americanas vão se espalhar por essa grande área, revistando todos os edifícios e as estruturas com o intuito de limpá-las de possíveis armadilhas que as forças iraquianas podem ter deixado no local.

Pela importância estratégica, isso deve acontecer logo, com o uso de uma grande quantidade de soldados. Uma das prioridades será controlar a área ao redor do aeroporto, para assegurar de que nenhum iraquiano com um lança-mísseis portátil possa se aproximar.

É possível que a 101ª Divisão Aerotransportada, que está em outras operações em diversas partes do país, possa reforçar a batalha de Bagdá através desse aeroporto.

Precausão

Todos os pontos estratégicos de acesso a Bagdá serão controlados. Haverá cercos militares. Civis que teimam em seguir suas vidas normais terão a permissão de entrar e sair da cidade.

Já os jovem com idade militar sofrerão, com certeza, uma revista maior e serão minuciosamente investigados nessas barreiras. Gradualmente, eles acreditam pôr abaixo a resistência dos leais a Saddam Hussein dentro da cidade.

Devemos estar falando de milhares de pessoas, talvez tanto quanto os 15 mil, 20 mil soldados da Força Especial da Guarda Republicana, por exemplo. Mas os americanos esperam fazer a população compreender que não adianta continuar resistindo.

Sobre a Guarda Republicana, há uma grande dúvida. Onde estão eles? Eles foram dizimados ou estão espalhados? Existe o risco de que sejam usadas armas químicas?

Corações e mentes

As operações em Bagdá serão similares às adotadas em Basra, no sul do país, onde os britânicos continuam aos poucos, na medida do possível, suprimindo os moradores ainda leais ao presidente iraquiano, usando muitas táticas psicológicas e propaganda.

Veremos uma forte e maciça estratégia especial, táticas psicológicas - talvez agindo por meio da TV iraquiana. Assim a população saberá em suas casas que os americanos estão para invadir.

"Sítio", no entanto, é uma palavra que não se ouve no centro de imprensa. De fato, quando questionamos sobre cidades sitiadas, eles dizem "Não, não, não. Não é isso que acontece. A idéia de cercar uma cidade, como aconteceu recentemente em Grozny (capital da Chechênia) ou Stalingrado (Rússia) - na Segunda Guerra Mundial -, está fora de questão."

Em Basra, é digno lembrar, a cidade goza de uma certa liberdade, com a população com o direito de ir e vir. Isso é algo que os ingleses sofrem para preservar, enquanto tentam suprimir os leais a Saddam Hussein.

O que podemos ter certeza é que os americanos não serão tão simpáticos assim em Bagdá.

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