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02/05/2003
-
14h23
da BBC, em Londres
O novo plano de paz para o Oriente Médio -divulgado pelo governo de George W. Bush com o apoio da ONU, Rússia e União Européia na quarta-feira (30)- tem o objetivo de acabar com meio século de conflito em apenas dois anos.
Ao contrário dos esforços de paz do ex-presidente americano Bill Clinton, a atual iniciativa ocorre à sombra de um legado amargo de dois anos de intifada.
A infraestrutura de segurança da Autoridade Palestina está em ruínas, as forças israelenses operam sem nenhuma restrição, um linha-dura lidera o governo de Israel e o novo primeiro-ministro palestino, Mahmoud Abbas, tem pela frente uma longa batalha pelo poder com Iasser Arafat.
Igualmente desafiante é a cena política nos Estados Unidos, onde serão realizadas eleições presidenciais em 2004.
De olho no pleito
O presidente Bush quer garantir mais do que os cerca de 10% que ele obteve do eleitorado judeu nas eleições de 2000. Na Flórida, os judeus compõem um grupo crucial de eleitores.
O apoio da direita cristã é quase tão importante para ele -como esse grupo representa o centro do eleitorado que o apoia, Bush tem sempre a preocupação de não aliená-lo.
Além disso, tem a lição número 1 do manual político de George W. Bush: não repetir os erros do pai.
Ao fazer uma forte pressão pela paz em 1991 e 1992, o ex-presidente Bush ajudou a abrir o caminho para a vitória de Bill Clinton.
Ele esteve até mesmo envolvido com uma confusa confrontação com ninguém menos que Ariel Sharon.
Descontentamento
O burburinho nos Estados Unidos já começou.
O ex-republicano Newt Gingrich descreveu o atual plano de paz para o Oriente Médio como um desastre.
A maioria dos membros do Congresso já assinou uma carta de apoio ao governo de Israel.
Além disso, é difícil de imaginar qualquer oferta feita por Ariel Sharon que possa ser aceitada pelos palestinos.
Basta enumerar os assuntos: Jerusalém, assentamentos, o direito de retorno dos refugiados.
É ainda mais difícil imaginar o presidente Bush empurrando Sharon nesta direção.
Contra esse quadro, os otimistas em Washington estão engajados em uma campanha para acabar com a descrença.
Não que eles acreditem que o plano vá funcionar, mas eles esperam que algo positivo emerja.
Pelo menos desta vez, os líderes americano e israelense aparentam estar fazendo esse jogo.
Trabalho pela paz
O presidente George W. Bush prometeu trabalhar tão duro pela paz no Oriente Médio quanto Tony Blair tem feito na Irlanda do Norte.
Agora ele tem a credibilidade para garantir à direita que o que ele está fazendo é para o melhor.
Talvez ele possa usar esse prestígio pessoal para dar garantias ao governo e ao povo de Israel também.
Ariel Sharon procurou o jornal de esquerda Ha'aretz recentemente e disse a eles: "Nós estaremos prontos para tomar passos dolorosos".
Esses passos podem incluir o desmantelamento de pelo menos alguns assentamentos.
Enquanto a posição política de Ariel Sharon está agora segura, os israelenses estão cansados do conflito, e a economia está uma bagunça.
Idealista
Como o seu pai, George W. Bush tem também uma tendência idealista.
"Essa guerra é sobre a paz", disse Bush no meio do conflito com o Iraque. E ele parece acreditar na contradição.
Então, por enquanto, os pessimistas estão tentando segurar a língua.
Ninguém está realmente pronto para sugerir que um Estado palestino possa mesmo ser formado até 2005, como o novo plano de paz propõe.
Mas talvez o processo de paz começará a ir para frente, ou pelo menos seguirá uma linha neutra por um tempo em vez da atual onda de negatividade.
Talvez o plano de paz chegue mesmo a algum lugar.
O problema é que ninguém sabe ao certo onde.
Análise: Plano de paz para Oriente Médio é "ambicioso"
JON LEYNEda BBC, em Londres
O novo plano de paz para o Oriente Médio -divulgado pelo governo de George W. Bush com o apoio da ONU, Rússia e União Européia na quarta-feira (30)- tem o objetivo de acabar com meio século de conflito em apenas dois anos.
Ao contrário dos esforços de paz do ex-presidente americano Bill Clinton, a atual iniciativa ocorre à sombra de um legado amargo de dois anos de intifada.
A infraestrutura de segurança da Autoridade Palestina está em ruínas, as forças israelenses operam sem nenhuma restrição, um linha-dura lidera o governo de Israel e o novo primeiro-ministro palestino, Mahmoud Abbas, tem pela frente uma longa batalha pelo poder com Iasser Arafat.
Igualmente desafiante é a cena política nos Estados Unidos, onde serão realizadas eleições presidenciais em 2004.
De olho no pleito
O presidente Bush quer garantir mais do que os cerca de 10% que ele obteve do eleitorado judeu nas eleições de 2000. Na Flórida, os judeus compõem um grupo crucial de eleitores.
O apoio da direita cristã é quase tão importante para ele -como esse grupo representa o centro do eleitorado que o apoia, Bush tem sempre a preocupação de não aliená-lo.
Além disso, tem a lição número 1 do manual político de George W. Bush: não repetir os erros do pai.
Ao fazer uma forte pressão pela paz em 1991 e 1992, o ex-presidente Bush ajudou a abrir o caminho para a vitória de Bill Clinton.
Ele esteve até mesmo envolvido com uma confusa confrontação com ninguém menos que Ariel Sharon.
Descontentamento
O burburinho nos Estados Unidos já começou.
O ex-republicano Newt Gingrich descreveu o atual plano de paz para o Oriente Médio como um desastre.
A maioria dos membros do Congresso já assinou uma carta de apoio ao governo de Israel.
Além disso, é difícil de imaginar qualquer oferta feita por Ariel Sharon que possa ser aceitada pelos palestinos.
Basta enumerar os assuntos: Jerusalém, assentamentos, o direito de retorno dos refugiados.
É ainda mais difícil imaginar o presidente Bush empurrando Sharon nesta direção.
Contra esse quadro, os otimistas em Washington estão engajados em uma campanha para acabar com a descrença.
Não que eles acreditem que o plano vá funcionar, mas eles esperam que algo positivo emerja.
Pelo menos desta vez, os líderes americano e israelense aparentam estar fazendo esse jogo.
Trabalho pela paz
O presidente George W. Bush prometeu trabalhar tão duro pela paz no Oriente Médio quanto Tony Blair tem feito na Irlanda do Norte.
Agora ele tem a credibilidade para garantir à direita que o que ele está fazendo é para o melhor.
Talvez ele possa usar esse prestígio pessoal para dar garantias ao governo e ao povo de Israel também.
Ariel Sharon procurou o jornal de esquerda Ha'aretz recentemente e disse a eles: "Nós estaremos prontos para tomar passos dolorosos".
Esses passos podem incluir o desmantelamento de pelo menos alguns assentamentos.
Enquanto a posição política de Ariel Sharon está agora segura, os israelenses estão cansados do conflito, e a economia está uma bagunça.
Idealista
Como o seu pai, George W. Bush tem também uma tendência idealista.
"Essa guerra é sobre a paz", disse Bush no meio do conflito com o Iraque. E ele parece acreditar na contradição.
Então, por enquanto, os pessimistas estão tentando segurar a língua.
Ninguém está realmente pronto para sugerir que um Estado palestino possa mesmo ser formado até 2005, como o novo plano de paz propõe.
Mas talvez o processo de paz começará a ir para frente, ou pelo menos seguirá uma linha neutra por um tempo em vez da atual onda de negatividade.
Talvez o plano de paz chegue mesmo a algum lugar.
O problema é que ninguém sabe ao certo onde.
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