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13/07/2003 - 20h22

Lula diz que EUA só pensam em si e é criticado em cúpula

CASSUÇA BENEVIDES
da BBC, em Londres

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, bastante sério e provocou a reação imediata do presidente polonês ao afirmar que o que ele admira no comportamento americano é "que eles pensam primeiro neles, segundo neles e terceiro neles. E, se sobrar tempo, eles pensam de novo neles".

Lula estava respondendo uma pergunta sobre os Estados Unidos e o internacionalismo na sessão de encerramento da Cúpula da Governança Progressista encerrada neste domingo em Londres. Ele disse que os Estados Unidos têm um projeto de nação e que os outros países deveriam fazer o mesmo para trazer os americanos para os debates internacionais.

O presidente polonês, Vladimir Spidla, defendeu os Estados Unidos dizendo que "é fácil fazer piada sobre os americanos. Isso é diferente de fazer políticas".

E, ao se dirigir diretamente a Lula, pediu : "Por favor, especialmente em frente de representantes da Romênia, da Polônia, da República Tcheca e da Hungria, não diga que os Estados Unidos nunca pensaram em outros países".

Comunismo

Spidla lembrou o papel dos americanos no pós-guerra e a luta dos Estados Unidos contra o comunismo, afirmando que os americanos ajudaram muito o Leste Europeu. "Todos nós pensamos nos nossos interesses e temos que entender que temos que respeitar os Estados Unidos", concluiu.

O próximo a falar deveria ser Tony Blair, mas Lula pediu a palavra para fazer uma réplica a Spidla.

"Não sei se meu colega polonês entendeu o que eu critiquei nos Estados Unidos. Eu disse que eles pensam neles como Estado e têm um projeto de Estado. Por isso ajudaram a dividir o mundo entre comunistas e não-comunistas, a derrubar o comunismo e a promover ditaduras na América Latina", disse o presidente brasileiro.

Lula afirmou ainda que os Estados Unidos têm um interesse político na manutenção do embargo econômico a Cuba porque há muitos eleitores de origem cubana nos Estados Unidos.

Subalternos

"As pessoas têm que deixar de se relacionar de forma subalterna com os Estados Unidos", defendeu o presidente brasileiro, afirmando que, se os americanos "tivessem participado do debate mundial, a guerra certamente não teria acontecido".

Lula disse ainda que "a história vai mostrar quem está certo no debate sobre o Iraque".

O presidente já havia contado casos, reclamado do presidente francês, Jacques Chirac, e o chanceler (equivalente a premiê) alemão, Gerard Schröder, por terem criticado a posição americana com relação à guerra "porque Bush está precisando de ajuda e não de críticas".

"Eu achava que alguém deveria chegar ao Bush e dizer: companheiro, vamos fazer um apelo público para que não seja necessária a guerra. Porque ele já tinha convencido o público americano de que a guerra era necessária", afirmou Lula.

Além das críticas ao governo americano, Lula aproveitou para alfinetar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, arrancando gargalhadas na platéia ao contar que FHC era muito amigo do ex-presidente americano, Bill Clinton, dormia em Camp David (a casa de campo da Presidência americana) e todo dia telefonava e recebia telefonemas de Clinton. "Mas, em oito anos, não houve um único gesto político ou econômico que ajudasse o Brasil. Nem um dólar para ajudar o Brasil."

O presidente brasileiro comparou ainda os americanos a pessoas que enriquecem e "se afastam um pouco", porque acham que todos os que se aproximam vão pedir dinheiro emprestado.

 

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