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23/07/2003 - 14h09

No Reino Unido, 70% dos criminosos usam armas de brinquedo

ERIC BREUCHER CAMARA
da BBC, em Londres

No início do mês passado, Keith Larkins, um desempregado britânico de 33 anos, apontou uma arma na direção dos policiais que o perseguiam e apertou o gatilho.

Os policiais reagiram e Larkins foi atingido no peito, no abdômen e morreu. A arma que ele disparou, no entanto, era uma réplica e os tiros, de espoleta.

De acordo com a polícia, crimes a mão armada com armas falsas ou modificadas já correspondem a cerca de 70% dos casos no Reino Unido.

Para aqueles que defendem as rígidas leis de controle de armas no país, os levantamentos provam que a proibição de armas de calibre acima de 22 funciona.

Estatísticas

"A nossa prioridade hoje é regulamentar a venda de imitações de armas, que podem ser usadas só para assustar ou, se forem adaptadas, até para ferir e matar", afirmou Gill Marshall-Andrews, presidente da Gun Control Network (GCN, na sigla em inglês), uma ONG que milita pela restrição de armas de fogo.

O governo britânico está estudando um projeto de lei que aumenta de 14 para 17 anos a idade mínima para comprar armas de ar comprimido e que proíbe o uso dessas armas e de réplicas em locais públicos.

Se forem aprovadas, as mudanças podem entrar em vigor já no segundo semestre.

O Ministério do Interior chegou a preparar um projeto de lei proibindo a venda e o porte de armas de brinquedo no ano passado, mas diante da polêmica que o tema causou, acabou o deixando o texto na gaveta.

O projeto prevê penas de até cinco anos de prisão para quem for flagrado portando uma réplica em um local público.

"Querem usar as armas de brinquedo como bode expiatório para o fracasso da legislação que proíbe armas de fogo, mas não conseguiu diminuir o crime", ataca Colin Greenwood, ex-policial autor do livro Guns and Violence --the British Experience (em tradução livre: "Armas e Violência - A Experiência britânica").

No fogo cruzado das armas de brinquedo, o prefeito de Londres, Ken Livingstone, combate ao lado dos que pedem mais restrições.

"Faço um apelo pela proibição total da importação, venda e produção de qualquer coisa que tenha a aparência de uma arma de fogo ou que possa ser adaptada para funcionar como arma de fogo", disse Livingstone, em maio, em um comunicado da prefeitura.

Pressão

Quando o prefeito fala em "qualquer coisa que tenha aparência de arma de fogo", se refere também às armas de ar comprimido e de chumbinho, que podem ser consideradas um capítulo à parte.

Esse tipo de arma foi usado em nada menos que 12.340 dos crimes registrados entre 2001 e 2002 --um aumento de 21% em relação ao período anterior.

Como atenuante, pode-se argumentar que o vandalismo com armas de ar comprimido responde por 77% dessas infrações.

Para os fãs de jogos como paintball (que utiliza armas de pressão para disparar projéteis de tinta), a ameaça de proibição pode significar o fim --ou, pelo menos, um grande obstáculo-- ao seu jogo.

Por outro lado, há quem acredite que só as suspeitas de que mais de 70% dos crimes a mão armada utilizam armas de brinquedo provam que a proibição das armas de verdade está funcionando bem.

"Se os criminosos tivessem acesso a armas de verdade, não teriam que se dar o trabalho de adaptar armas de brinquedo, de chumbinho e réplicas", diz o professor Peter Squires, da Universidade de Brighton, e autor do livro Gun Culture or Gun Control? (em tradução livre:" Cultura Armamentista ou Controle de Armas?").

"Para combater este novo problema, a questão é definir, entre as armas de brinquedo, o que pode ser considerado perigoso."

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