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25/08/2003
-
17h40
da BBC, em Londres
A política externa americana sofreu ataques devastadores na semana passada com os atentados em Bagdá e Jerusalém. Mas quão devastadores?
Walter Russel Mead, do Council on Foreign Relations, em Nova York, expressa uma opinião minoritária de que os atentados "foram mais da mesma coisa".
Isto quer dizer que os acontecimentos foram terríveis, mas o curso da política externa de George W. Bush no Oriente Médio segue valendo: buscar a pacificação no Iraque nos seus termos e plantar com paciência as sementes para um acordo de paz entre Israel e palestinos.
Já em entrevista à National Public Radio, John Parker, diretor da sucursal da revista "The Economist", em Washington, disse que 19 de agosto de 2003 (quando ocorreram os dois atentados) foi provavelmente o pior dia da política externa americana desde 11 de setembro de 2001.
É uma avaliação quantitativa ("mais da mesma coisa") e qualitativa, pois as bombas acertaram em cheio os dois pilares da política externa de Bush na região.
Impacto diferente
Mas Parker observa que o impacto será diferente. Ele repete os termos do editorial desta semana da revista argumentando que é pior no caso do conflito entre Israel e os palestinos.
Aqui, o conserto será bem mais complicado, talvez impossível. Isto porque no coração da estratégia americana estava construir uma nova liderança palestina (o primeiro-ministro moderado Mahmoud Abbas, conhecido também como Abu Mazen), que em tese deveria ter credibilidade tanto junto às bases palestinas como diante do governo Sharon.
Para a Casa Branca, Iasser Arafat, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), seria carta fora do baralho. O que vemos, no entanto, é o secretário de Estado americano, Colin Powell, fazendo agora um apelo a Arafat para que o líder palestino se envolva e controle as ações de grupos extremistas palestinos como o Hamas.
Trata-se de uma reversão do que o governo Bush estava tentando fazer na região nos últimos meses.
Tudo indica que a Casa Branca está um pouco perdida com a evolução dos acontecimentos.
As semanas anteriores ao atentado em Jerusalém tinham sido marcadas por pressões sobre Israel para alterar o traçado do muro de segurança que o governo Sharon está construindo. Tal atitude conferia capital político para Abbas.
No momento, a prioridade de Bush é condenar o terror (e não as retaliações israelenses) e Mazen parece condenado à irrelevância, para não dizer coisa pior.
Otimismo
O relativo otimismo da revista "The Economist" em relação ao Iraque não é compartilhado por muita gente em Washington, nem mesmo nos bastidores da Casa Branca.
Esta pelo menos é a versão da edição desta semana da revista "Newsweek". Uma autoridade importante, não identificada, disse à revista que eles [Casa Branca] não acreditam que estejam no caminho do sucesso.
Autoridades do governo Bush batem na tecla que não é necessário enviar mais tropas americanas ao Iraque.
De Bush para baixo, a conversa é sobre contribuição de tropas estrangeiras, mas a idéia de trazê-las sob o manto de uma resolução do Conselho de Segurança que reforce o papel da ONU incomoda Washington profundamente.
Em geral, a opinião pública americana está incomodada, para não dizer apreensiva com a situação.
Pesquisa da própria"Newsweek" revela que 69% dos americanos temem que o seu país fique atolado no Iraque por anos a fio sem atingir o objetivo de pacificação.
O mesmo raciocínio vale para o Oriente Médio como um todo.
Especial
Saiba mais sobre o governo Bush
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Artigo: Ataques em Bagdá e Jerusalém atingem política de Bush
CAIO BLINDERda BBC, em Londres
A política externa americana sofreu ataques devastadores na semana passada com os atentados em Bagdá e Jerusalém. Mas quão devastadores?
Walter Russel Mead, do Council on Foreign Relations, em Nova York, expressa uma opinião minoritária de que os atentados "foram mais da mesma coisa".
Isto quer dizer que os acontecimentos foram terríveis, mas o curso da política externa de George W. Bush no Oriente Médio segue valendo: buscar a pacificação no Iraque nos seus termos e plantar com paciência as sementes para um acordo de paz entre Israel e palestinos.
Já em entrevista à National Public Radio, John Parker, diretor da sucursal da revista "The Economist", em Washington, disse que 19 de agosto de 2003 (quando ocorreram os dois atentados) foi provavelmente o pior dia da política externa americana desde 11 de setembro de 2001.
É uma avaliação quantitativa ("mais da mesma coisa") e qualitativa, pois as bombas acertaram em cheio os dois pilares da política externa de Bush na região.
Impacto diferente
Mas Parker observa que o impacto será diferente. Ele repete os termos do editorial desta semana da revista argumentando que é pior no caso do conflito entre Israel e os palestinos.
Aqui, o conserto será bem mais complicado, talvez impossível. Isto porque no coração da estratégia americana estava construir uma nova liderança palestina (o primeiro-ministro moderado Mahmoud Abbas, conhecido também como Abu Mazen), que em tese deveria ter credibilidade tanto junto às bases palestinas como diante do governo Sharon.
Para a Casa Branca, Iasser Arafat, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), seria carta fora do baralho. O que vemos, no entanto, é o secretário de Estado americano, Colin Powell, fazendo agora um apelo a Arafat para que o líder palestino se envolva e controle as ações de grupos extremistas palestinos como o Hamas.
Trata-se de uma reversão do que o governo Bush estava tentando fazer na região nos últimos meses.
Tudo indica que a Casa Branca está um pouco perdida com a evolução dos acontecimentos.
As semanas anteriores ao atentado em Jerusalém tinham sido marcadas por pressões sobre Israel para alterar o traçado do muro de segurança que o governo Sharon está construindo. Tal atitude conferia capital político para Abbas.
No momento, a prioridade de Bush é condenar o terror (e não as retaliações israelenses) e Mazen parece condenado à irrelevância, para não dizer coisa pior.
Otimismo
O relativo otimismo da revista "The Economist" em relação ao Iraque não é compartilhado por muita gente em Washington, nem mesmo nos bastidores da Casa Branca.
Esta pelo menos é a versão da edição desta semana da revista "Newsweek". Uma autoridade importante, não identificada, disse à revista que eles [Casa Branca] não acreditam que estejam no caminho do sucesso.
Autoridades do governo Bush batem na tecla que não é necessário enviar mais tropas americanas ao Iraque.
De Bush para baixo, a conversa é sobre contribuição de tropas estrangeiras, mas a idéia de trazê-las sob o manto de uma resolução do Conselho de Segurança que reforce o papel da ONU incomoda Washington profundamente.
Em geral, a opinião pública americana está incomodada, para não dizer apreensiva com a situação.
Pesquisa da própria"Newsweek" revela que 69% dos americanos temem que o seu país fique atolado no Iraque por anos a fio sem atingir o objetivo de pacificação.
O mesmo raciocínio vale para o Oriente Médio como um todo.
Especial
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