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10/09/2003 - 15h12

Trauma e economia em crise afetam a NY pós-atentados

ANGELA PIMENTA
da BBC, em Nova York

Dois anos depois dos ataques do 11 de Setembro, o que restou do World Trade Center é um asséptico canteiro de obras que atrai milhares de turistas todos os dias.

Mas a maioria dos 8 milhões de nova-iorquinos ainda está longe de curar-se do trauma causado pela implosão das torres gêmeas.

Além da perda causada por mais de 3.000 mortes e milhares de feridos, a cidade também não se recuperou da crise econômica, agravada pela tragédia. Em 2004, Nova York deve amargar um déficit fiscal de US$ 4,5 bilhões.

Enquanto a taxa de desemprego nos Estados Unidos está na casa de 6,2%, o índice em Nova York atinge 8% --uma das maiores médias nacionais.

Dor e medo

"Todo mundo foi afetado neste país", diz Antonio Checo, assistente da diretoria da Cruz Vermelha em Nova York. Ele supervisiona programas terapêuticos e de assistência social prestados à população da cidade.

"Os mais afetados foram aqueles seriamente feridos nos ataques. Eles incluem bombeiros, policiais e os trabalhadores que estavam no Pentágono e no World Trade Center."

Arturo Griffith, 56, e sua mulher Carmen, 47, se enquadram nesta categoria. Ele trabalhava como ascensorista na torre norte do WTC e ela, como faxineira no mesmo prédio.

Arturo teve um dos joelhos esmagado pelos escombros do elevador. Mesmo depois de passar por uma cirurgia, ele só consegue caminhar com a ajuda de uma bengala.

Carmen teve o rosto e as mãos queimados, adquirindo hipersensibilidade ao calor e ao tato.

"Estamos fazendo terapia duas vezes por semana e indo ao psiquiatra uma vez por mês", diz Arturo Griffith.

"Cada vez que chega o 11 de Setembro é como um flashback. Eu começo a chorar. Aquilo jamais sairá da minha mente. É uma coisa que incomoda, dói."

"Nós não temos podido trabalhar", acrescenta. "Para mim, o tempo do trabalho acabou porque eu não posso operar a máquina. A Carmen não consegue nem cozinhar, porque não suporta o calor."

Trauma

Os Griffith são portadores da síndrome PTSD, sigla em inglês para desordem de estresse pós-traumático.

Raiva, depressão, insônia e pânico são alguns dos sintomas característicos da PTSD. O quadro tem afetado milhares de nova-iorquinos.

Desde setembro de 2001, a Cruz Vermelha vem atendendo cerca de 6.000 famílias na cidade, prestando atendimento médico e emocional, além de ajuda financeira aos feridos.

A organização recebeu doações de cerca de US$ 1,78 bilhão a serem destinadas ao tratamento dos feridos e à assistência financeira para inválidos e famílias de mortos dos ataques ao WTC, ao Pentágono e do avião derrubado numa área rural do Estado da Pensilvânia na manhã de 11 de setembro de 2001.

"As principais queixas [recebidas] se referem à PTSD, severos problemas mentais e médicos, na maior parte das vezes ferimentos, além da perda de emprego e da falta de recursos financeiros", diz Checo.

"Existem também reclamações sobre problemas de relacionamento dos adultos com as crianças."

De acordo com uma pesquisa realizada pelo hospital Mount Sinai, metade dos cerca de 30 mil profissionais envolvidos no resgate ainda não se recuperaram das sequelas emocionais adquiridas.

Mesmo para a grande maioria da população, que não se feriu ou perdeu parentes nos ataques, a memória da tragédia ainda permanece dolorosamente viva.

Segundo uma pesquisa feita pelo jornal "The New York Times", dois terços dos nova-iorquinos ainda se dizem bastante preocupados com a possibilidade de um novo ataque à cidade.

Memória

Conhecida como Ground Zero (Ponto Zero), a cratera do WTC transformou-se num dos mais populares pontos turísticos de Nova York.

A cada ano, a cidade atrai cerca de 35 milhões de turistas, dos quais cerca de 29 milhões são americanos.

Os ataques de setembro de 2001 e a política mais restritiva para a emissão de vistos adotada pelo governo americano têm causado uma queda no número de turistas estrangeiros em Nova York.

Em 2000, 6,2 milhões de turistas estrangeiros visitaram Nova York. De acordo com a prefeitura da cidade, o número caiu para 5,7 milhões em 2001, subindo ligeiramente para 5,8 milhões em 2002.
 

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