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10/09/2003
-
15h26
da BBC, em Nova York
Dois anos depois dos ataques, os brasileiros que trabalhavam no World Trade Center e sobreviveram à implosão das torres gêmeas tentam encontrar conforto na família, no trabalho e na religião.
Hoje, aos 34 anos, a goiana Ana Mateus, escapou por pouco da tragédia. Trabalhando como engraxate na torre sul, ela acabava de entrar no prédio quando o primeiro avião se chocou contra o WTC.
Saiu de lá correndo, com algumas escoriações, mas bastante abalada emocionalmente e recorrendo posteriormente a um tratamento psicológico.
"Acredito que já superei aquele trauma de me perguntar porque tanta gente boa morre e tanta gente ruim continua viva", diz Ana. "Hoje, eu vivo mais na saudade dos amigos que perdi naquele acidente. Curei minha ferida espiritual na religião."
Ana, que é casada com um funcionário americano do banco Morgan Stanley, hoje trabalha num programa de reabilitação e desintoxicação de drogados da Igreja Adventista do Sétimo Dia, no bairro do Queens, em Nova York.
Atrasado
Já o sommelier carioca Paulo Villela, de 43 anos, deve sua vida à uma ironia do destino. Na época dos ataques, ele trabalhava no restaurante Windows on the World, no topo da torre norte do WTC. Setenta e três funcionários do restaurante morreram.
Mas 11 de setembro é a data do aniversário de um de seus três filhos, Felipe, de 12 anos. Há dois anos, Paulo Vilela pediu autorização para chegar atrasado ao trabalho. Foi assim que ele escapou da tragédia.
"No começo, minha situação era bem difícil, e eu e minha mulher, que também é brasileira, chegamos a pensar em voltar ao Brasil", diz.
"Mas, felizmente, já no final de 2001 arranjei um bom emprego, aqui no restaurante Blue Finn, em Times Square."
Hoje, o brasileiro é gerente do departamento de bebidas do Blue Finn, sediado no hotel W. Paulo Vilela diz que sua família já se recuperou do trauma emocional, mas que a data do aniversário de Felipe tornou-se um motivo de constrangimento para o menino.
"Nós tentamos comemorar normalmente o aniversário do Felipe, mas sempre que ele conta para os amigos ou as professoras da escola que o aniversário dele cai no dia 11 de setembro, todo mundo diz: que tragédia!"
Estatísticas
Não existem estatísticas a respeito do número de brasileiros que se encontravam no World Trade Center na hora dos ataques.
Algumas dezenas deles trabalhavam como engraxates e prestando serviços como entrega de comida nos escritórios das torres gêmeas.
Segundo a prefeitura de Nova York, cerca de 200 mil pessoas passavam pelas duas torres diariamente, metade das quais eram turistas. Mais de 50 mil pessoas trabalhavam lá.
De acordo com o Consulado Brasileiro em Nova York, três brasileiros morreram na implosão do WTC: Ivan Kyrillos Fairbanks Barbosa, Anne Marie Sallerin Ferreira e Sandra Fajardo Smith.
Existe também um desaparecido, Nilton Albuquerque Fernão Cunha. Sua família desistiu de encontrar o seu corpo.
Brasileiros em NY buscam conforto para esquecer atentados
ANGELA PIMENTAda BBC, em Nova York
Dois anos depois dos ataques, os brasileiros que trabalhavam no World Trade Center e sobreviveram à implosão das torres gêmeas tentam encontrar conforto na família, no trabalho e na religião.
Hoje, aos 34 anos, a goiana Ana Mateus, escapou por pouco da tragédia. Trabalhando como engraxate na torre sul, ela acabava de entrar no prédio quando o primeiro avião se chocou contra o WTC.
Saiu de lá correndo, com algumas escoriações, mas bastante abalada emocionalmente e recorrendo posteriormente a um tratamento psicológico.
"Acredito que já superei aquele trauma de me perguntar porque tanta gente boa morre e tanta gente ruim continua viva", diz Ana. "Hoje, eu vivo mais na saudade dos amigos que perdi naquele acidente. Curei minha ferida espiritual na religião."
Ana, que é casada com um funcionário americano do banco Morgan Stanley, hoje trabalha num programa de reabilitação e desintoxicação de drogados da Igreja Adventista do Sétimo Dia, no bairro do Queens, em Nova York.
Atrasado
Já o sommelier carioca Paulo Villela, de 43 anos, deve sua vida à uma ironia do destino. Na época dos ataques, ele trabalhava no restaurante Windows on the World, no topo da torre norte do WTC. Setenta e três funcionários do restaurante morreram.
Mas 11 de setembro é a data do aniversário de um de seus três filhos, Felipe, de 12 anos. Há dois anos, Paulo Vilela pediu autorização para chegar atrasado ao trabalho. Foi assim que ele escapou da tragédia.
"No começo, minha situação era bem difícil, e eu e minha mulher, que também é brasileira, chegamos a pensar em voltar ao Brasil", diz.
"Mas, felizmente, já no final de 2001 arranjei um bom emprego, aqui no restaurante Blue Finn, em Times Square."
Hoje, o brasileiro é gerente do departamento de bebidas do Blue Finn, sediado no hotel W. Paulo Vilela diz que sua família já se recuperou do trauma emocional, mas que a data do aniversário de Felipe tornou-se um motivo de constrangimento para o menino.
"Nós tentamos comemorar normalmente o aniversário do Felipe, mas sempre que ele conta para os amigos ou as professoras da escola que o aniversário dele cai no dia 11 de setembro, todo mundo diz: que tragédia!"
Estatísticas
Não existem estatísticas a respeito do número de brasileiros que se encontravam no World Trade Center na hora dos ataques.
Algumas dezenas deles trabalhavam como engraxates e prestando serviços como entrega de comida nos escritórios das torres gêmeas.
Segundo a prefeitura de Nova York, cerca de 200 mil pessoas passavam pelas duas torres diariamente, metade das quais eram turistas. Mais de 50 mil pessoas trabalhavam lá.
De acordo com o Consulado Brasileiro em Nova York, três brasileiros morreram na implosão do WTC: Ivan Kyrillos Fairbanks Barbosa, Anne Marie Sallerin Ferreira e Sandra Fajardo Smith.
Existe também um desaparecido, Nilton Albuquerque Fernão Cunha. Sua família desistiu de encontrar o seu corpo.
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