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10/09/2003 - 22h27

Artigo: Guerra contra o terror

CAIO BLINDER
da BBC, em Nova York


Nova York, 11 de setembro, ano II D.T (depois das torres).

Pesquisa induzida do jornal "The New York Times" e da rede de televisão CBS traz a conclusão previsível: 2/3 dos nova-iorquinos estão mais preocupados agora com a possibilidade de um novo ataque terrorista do que no primeiro aniversário dos atentados de 2001.

Há medo, inquietação e fatalismo. E como não haver?

Mas há também uma certa fadiga para lembrar e sofrer com o que aconteceu, assim como existem os sinais de volta à normalidade.

Livros sobre o 11 de Setembro estão encalhados nas livrarias.

Neste ano, os espectadores não estão sendo soterrados com a maciça cobertura de televisão que marcou o primeiro aniversário, e o comandante-em-chefe, George W. Bush, decidiu não aparecer na cidade para participar das solenidades.

Está guardando o cartucho para o ano que vem, pois a convenção republicana que irá consagrá-lo candidato às eleições presidenciais de novembro vai se realizar em Nova York.

Claro que não são necessárias pesquisas induzidas, datas redondas ou eventos oficiais para a cidade lembrar que o 11 de Setembro foi um divisor.

Uma bolsa largada num canto leva ao fechamento por horas de uma estação do metrô, policiais com capacetes negros aparecem repentinamente em Times Square diante de suspeita terrorista, torcedores não podem levar mochilas e sacolas aos estádios esportivos, e quando se confirma que uma tragédia não foi terror, como ocorreu com o blecaute de 14 de agosto passado, a cidade suspira aliviada e até irrompe em celebração.

Apesar das profundas mudanças e do blecaute emocional, existe a resolução de tocar a vida adiante.

Seis meses depois dos atentados, um em três residentes estava sob o risco de estresse pós-traumático.

Randall Marshall, diretor do Instituto Psiquiátrico do Estado de Nova York, diz que os números caíram para um ou dois por cento.

Os nova-iorquinos hoje desperdiçam tempo e energia discutindo a vida amorosa de Jennifer Lopez e Ben Aflleck.

É um sinal saudável de que a vida se move.

Os nova-iorquinos se movem e não estão fugindo do metrô, um alvo preferencial do terror.

Na verdade o número de passageiros continua o mesmo.

As academias de ginástica, bares e restaurantes perto da terra sagrada da destruição na zona sul de Manhattan estão novamente agitados.

E a ocupação dos hotéis na cidade voltou para a faixa dos 80%, a mesma de junho de 2001.

É verdade que as feridas econômicas não serão cicatrizadas tão cedo.

Mais de US$ 80 bilhões se evaporaram da economia local e a taxa de desemprego é de 8.1%, enquanto a nacional é de 6.1%.

Mas as estatísticas do crime seguem positivas. Em 2003, ele vai cair pelo décimo ano consecutivo.

Há ansiedade na cidade, mas o conjunto habitacional Battery City Park, que fica ali do lado de onde ficavam as torres do World Trade Center, tem uma taxa de ocupação de 98%, mais alta do que antes dos ataques.

Também nas imediações, após os atentados, foi aberta a butique Safer America (América Mais Segura) para vender, entre outros produtos, pára-quedas de US$ 1.499 para os funcionários dos prédios de escritórios de Manhattan, semelhantes às torres gêmeas que se foram.

Os negócios estão em queda livre nos últimos seis meses.
 

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