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15/09/2003
-
23h51
da BBC, em Londres
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa da reunião que comemora o 40º aniversário da Organização Internacional do Café (OIC), em Cartagena, na Colômbia, num momento em que alguns cafeicultores brasileiros começam a pensar em agregar mais valor ao produto.
No ano passado, o Brasil produziu pouco mais da metade das 119,3 milhões de sacas de café colhidas nos países exportadores. Dos 87 milhões de sacas exportadas pelos membros da OIC, 28 milhões --ou 32% do total-- saíram dos cafezais brasileiros.
Mas apesar de ainda ter importância no mercado cafeeiro internacional em termos de quantidade, o Brasil continua a exportar apenas o grão verde, sem participar do mercado de café torrado e moído, mais lucrativo.
Por causa disso, a importância do café para o país está longe do que já foi no passado. Em 1960, o café representava 60% das exportações brasileiras.
Com a diversificação do comércio externo brasileiro, essa relação mudou. No ano passado, o café deu ao país US$ 1,7 bilhão em divisas, o equivalente a cerca de 3% das exportações brasileiras.
Colômbia
A Colômbia, que exportou pouco mais de um terço do volume brasileiro e recentemente perdeu a segunda posição no mercado exportador para o Vietnã, conseguiu US$ 900 milhões com as vendas externas do produto no ano passado, proporcionalmente maior do que a brasileira.
A diferença é que, enquanto o Brasil exporta o grão verde para torrefadoras européias e americanas, a Colômbia conseguiu criar uma marca --Café de Colômbia-- para o seu produto, reconhecido como um dos melhores do mundo.
O diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), Nathan Herszkowicz, diz que a política que vigorou no país até o fim dos anos 80, de investir na quantidade, já está mudando.
"A qualidade já melhorou muito nos últimos anos, e o café brasileiro já está conquistando uma parcela importante em países como Itália, Alemanha e outros", afirma.
Ele admite, no entanto, que essa associação com qualidade ainda não chegou ao consumidor final.
"Esse investimento no marketing do consumidor ainda não foi feito", afirma.
Herszkowicz diz que, como o Brasil está retomando seus investimentos com verbas muito modestas, está por enquanto se concentrando na promoção do produto junto aos importadores e grandes torrefadoras internacionais.
Isso significa, por exemplo, que grandes compradores de café especiais, como as italianas Illy e Lavazza, compram café brasileiro em grão, misturam, torram e moem o produto em sua torrefadoras na Itália e reexportam o produto acabado ao Brasil, por um preço muito maior.
"O Brasil perde valor agregado porque exporta só a commodity (produto básico, sem diferencial que permite cobrar um preço mais elevado). O café torrado e moído é um negócio do qual o Brasil praticamente não participa", diz o presidente da Abic.
Ele diz que os produtores brasileiros estão convencidos, no entanto, de que precisam entrar na etapa seguinte da cadeia produtiva. Além de mais lucrativo, o mercado de café industrializado é menos suscetível a grandes oscilações de preços, como a que está acontecendo no momento.
O preço pago hoje aos produtores --em torno de US$ 48,00 por libra-peso-- é menos da metade do preço pago em 1999 e apenas um terço do preço em 1995.
Para que os produtores brasileiros mudem o perfil do produto brasileiro, além de investimento em marketing, Herszkowicz diz que são necessárias parcerias com os grandes clientes internacionais para que eles comprem um produto de maior valor agregado.
Importância social
Miguel Gomes Barbosa do Rosário, editor do Coffe Business, consultoria e publicação especializada em café, lembra que, embora o café não seja mais tão importante para a balança comercial brasileira, o produto ainda tem uma grande importância social para a agricultura do país.
"Estima-se que o cultivo do café gere de 3 a 4 milhões de empregos no campo", afirma Rosário.
Apesar de ainda não ter explorado todo o seu potencial exportador, a maneira como o Brasil desenvolveu o mercado interno de café serve de exemplo para os outros países produtores.
As estatísticas da Abic mostram que o consumo per capita de café desabou de uma média de 5,91 quilos por ano em 1965 para 2,83 quilos em 1985. Desde então, os esforços da indústria no desenvolvimento de um programa de qualidade --sinalizado ao consumidor por meio do Selo de Qualidade Abic-- melhorou o produto e resultou no aumento constante do consumo.
No ano passado, já chegava a 5 quilos per capita, e só não vai aumentar em 2003 por causa da crise econômica que levou o consumidor a reduzir seus gastos.
Presença de Lula em reunião do café mostra que Brasil ainda tem peso
DENIZE BACOCCINAda BBC, em Londres
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa da reunião que comemora o 40º aniversário da Organização Internacional do Café (OIC), em Cartagena, na Colômbia, num momento em que alguns cafeicultores brasileiros começam a pensar em agregar mais valor ao produto.
No ano passado, o Brasil produziu pouco mais da metade das 119,3 milhões de sacas de café colhidas nos países exportadores. Dos 87 milhões de sacas exportadas pelos membros da OIC, 28 milhões --ou 32% do total-- saíram dos cafezais brasileiros.
Mas apesar de ainda ter importância no mercado cafeeiro internacional em termos de quantidade, o Brasil continua a exportar apenas o grão verde, sem participar do mercado de café torrado e moído, mais lucrativo.
Por causa disso, a importância do café para o país está longe do que já foi no passado. Em 1960, o café representava 60% das exportações brasileiras.
Com a diversificação do comércio externo brasileiro, essa relação mudou. No ano passado, o café deu ao país US$ 1,7 bilhão em divisas, o equivalente a cerca de 3% das exportações brasileiras.
Colômbia
A Colômbia, que exportou pouco mais de um terço do volume brasileiro e recentemente perdeu a segunda posição no mercado exportador para o Vietnã, conseguiu US$ 900 milhões com as vendas externas do produto no ano passado, proporcionalmente maior do que a brasileira.
A diferença é que, enquanto o Brasil exporta o grão verde para torrefadoras européias e americanas, a Colômbia conseguiu criar uma marca --Café de Colômbia-- para o seu produto, reconhecido como um dos melhores do mundo.
O diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), Nathan Herszkowicz, diz que a política que vigorou no país até o fim dos anos 80, de investir na quantidade, já está mudando.
"A qualidade já melhorou muito nos últimos anos, e o café brasileiro já está conquistando uma parcela importante em países como Itália, Alemanha e outros", afirma.
Ele admite, no entanto, que essa associação com qualidade ainda não chegou ao consumidor final.
"Esse investimento no marketing do consumidor ainda não foi feito", afirma.
Herszkowicz diz que, como o Brasil está retomando seus investimentos com verbas muito modestas, está por enquanto se concentrando na promoção do produto junto aos importadores e grandes torrefadoras internacionais.
Isso significa, por exemplo, que grandes compradores de café especiais, como as italianas Illy e Lavazza, compram café brasileiro em grão, misturam, torram e moem o produto em sua torrefadoras na Itália e reexportam o produto acabado ao Brasil, por um preço muito maior.
"O Brasil perde valor agregado porque exporta só a commodity (produto básico, sem diferencial que permite cobrar um preço mais elevado). O café torrado e moído é um negócio do qual o Brasil praticamente não participa", diz o presidente da Abic.
Ele diz que os produtores brasileiros estão convencidos, no entanto, de que precisam entrar na etapa seguinte da cadeia produtiva. Além de mais lucrativo, o mercado de café industrializado é menos suscetível a grandes oscilações de preços, como a que está acontecendo no momento.
O preço pago hoje aos produtores --em torno de US$ 48,00 por libra-peso-- é menos da metade do preço pago em 1999 e apenas um terço do preço em 1995.
Para que os produtores brasileiros mudem o perfil do produto brasileiro, além de investimento em marketing, Herszkowicz diz que são necessárias parcerias com os grandes clientes internacionais para que eles comprem um produto de maior valor agregado.
Importância social
Miguel Gomes Barbosa do Rosário, editor do Coffe Business, consultoria e publicação especializada em café, lembra que, embora o café não seja mais tão importante para a balança comercial brasileira, o produto ainda tem uma grande importância social para a agricultura do país.
"Estima-se que o cultivo do café gere de 3 a 4 milhões de empregos no campo", afirma Rosário.
Apesar de ainda não ter explorado todo o seu potencial exportador, a maneira como o Brasil desenvolveu o mercado interno de café serve de exemplo para os outros países produtores.
As estatísticas da Abic mostram que o consumo per capita de café desabou de uma média de 5,91 quilos por ano em 1965 para 2,83 quilos em 1985. Desde então, os esforços da indústria no desenvolvimento de um programa de qualidade --sinalizado ao consumidor por meio do Selo de Qualidade Abic-- melhorou o produto e resultou no aumento constante do consumo.
No ano passado, já chegava a 5 quilos per capita, e só não vai aumentar em 2003 por causa da crise econômica que levou o consumidor a reduzir seus gastos.
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