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28/10/2003
-
22h27
da BBC, em Londres
O ambientalista brasileiro Dener José Giovanini ganhou o prêmio Sasakawa da Organização das Nações Unidas (ONU) por seu trabalho no combate ao tráfico de animais silvestres no Brasil.
Segundo a ONU, esse tipo de tráfico é o terceiro maior do mundo, só perdendo para o de drogas e o de armas. Só no Brasil, o tráfico de animais silvestres movimenta US$ 1,5 bilhão por ano, de acordo com estimativas das Nações Unidas.
Giovanini ganhou o prêmio pela criação da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), uma ONG que desenvolveu um "esquema revolucionário para conter esse tráfico", segundo a ONU.
O prêmio, de US$ 200 mil (cerca de R$ 560 mil) será dividido com o chinês Xie Zhenhua, também premiado este ano. O Sasakawa é um dos mais prestigiados prêmios na área de meio ambiente no mundo, e entre os que já receberam estão o brasileiro Chico Mendes e Mario Molina, ganhador do prêmio Nobel de química.
Jararaca
"O prêmio vai aumentar a visibilidade do problema do tráfico de animais silvestres no Brasil, pois muitos ainda desconhecem essa realidade", disse Giovanini à BBC Brasil.
Segundo ele, 38 milhões de animais são retirados do seu ambiente natural no Brasil anualmente. E de cada dez, apenas um chega ao destino final, pois nove morrem na captura ou na viagem.
Desse total, 40% são levados para o mercado externo e 60% ficam com brasileiros, "pois infelizmente é grande o hábito na nossa sociedade de manter esses animais em casa", disse Giovanini.
O tráfico se destina a fornecer animais para pesquisas científicas, indústria química e de medicamentos, colecionadores particulares, lojas de animais, de acordo com o ambientalista.
"Os traficantes exploram as dificuldades das comunidades carentes. Muitas vezes trocam um animal por um prato de comida e depois o vendem por preços elevados", disse Giovanini.
Segundo ele, uma jararaca pode ser adquirida por R$ 2 ou R$ 3 e depois é vendida por US$ 300 (cerca de R$ 840) a US$ 400 (mais de R$ 1,1 mil) no mercado externo.
"Já um grama de veneno de uma jararaca vale US$ 450 (cerca de R$ 1,26 mil), pois é usado na produção de um remédio contra hipertensão", afirma.
Saúde
O ambientalista afirma que o Brasil perde com esse tráfico, porque muitos desses animais são usados por indústrias químicas e farmacêuticas, e os componentes acabam com patente registrada no exterior.
"Isso entra na biopirataria e o Brasil fica sem meios de defender sua riqueza", disse.
Uma das consequências diretas desse tráfico é provocar o desequilíbrio ambiental, com ameaça de extinção de certas espécies, segundo Giovanini.
"Cria também um problema de saúde pública, pois muitos desses animais, quando retirados de seu ambiente natural e em contato com seres humanos, podem transmitir doenças que ainda são desconhecidas", explicou.
Ele reconhece que uma das maiores dificuldades no combate a esse tráfico é que ele se torna meio de subsistência de comunidades carentes.
"Precisamos criar alternativas. Não dá só para dizer que não pode caçar os animais, porque muitas vezes esse é o único meio de subsistência nessas comunidades. O governo precisa ter uma atuação mais forte nos locais onde existe essa atividade, criando programas, gerando meios de renda", disse.
Obra
Ambientalista há 15 anos, Giovanini decidiu criar a Renctas há quatro anos.
A Renctas montou um sistema de ligação entre a polícia e funcionários de aduanas com uma base de apoio que inclui mais de 230 veterinários voluntários que se encarregam do animal confiscado em aeroportos.
A ONG desenvolve um trabalho de conscientização e educação com projetos em escolas e universidades. Apóia a atuação dos órgãos de fiscalização e desenvolve pesquisas científicas e de conservação da fauna no Brasil.
A Renctas também conseguiu mobilizar 600 ONGs e instituições ligadas ao meio ambiente que têm atuado junto com a Renctas no combate ao tráfico de animais silvestres, segundo Giovanini.
"[A Renctas] representa uma grande promessa para outros países em desenvolvimento", diz a ONU.
Giovanini reclama da falta de recursos no Brasil para o meio ambiente que "infelizmente não é uma área prioritária no país".
Segundo ele, o sucesso da Renctas pode ser medido pela repercussão que o tráfico de animais silvestres ganhou na mídia nos últimos anos e pelo número de denúncias que a entidade vem recebendo, especialmente por meio de emails para o site www.renctas.org.br.
Brasileiro ganha prêmio que já foi dado a Chico Mendes
MARIA LUIZA ABBOTda BBC, em Londres
O ambientalista brasileiro Dener José Giovanini ganhou o prêmio Sasakawa da Organização das Nações Unidas (ONU) por seu trabalho no combate ao tráfico de animais silvestres no Brasil.
Segundo a ONU, esse tipo de tráfico é o terceiro maior do mundo, só perdendo para o de drogas e o de armas. Só no Brasil, o tráfico de animais silvestres movimenta US$ 1,5 bilhão por ano, de acordo com estimativas das Nações Unidas.
Giovanini ganhou o prêmio pela criação da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), uma ONG que desenvolveu um "esquema revolucionário para conter esse tráfico", segundo a ONU.
O prêmio, de US$ 200 mil (cerca de R$ 560 mil) será dividido com o chinês Xie Zhenhua, também premiado este ano. O Sasakawa é um dos mais prestigiados prêmios na área de meio ambiente no mundo, e entre os que já receberam estão o brasileiro Chico Mendes e Mario Molina, ganhador do prêmio Nobel de química.
Jararaca
"O prêmio vai aumentar a visibilidade do problema do tráfico de animais silvestres no Brasil, pois muitos ainda desconhecem essa realidade", disse Giovanini à BBC Brasil.
Segundo ele, 38 milhões de animais são retirados do seu ambiente natural no Brasil anualmente. E de cada dez, apenas um chega ao destino final, pois nove morrem na captura ou na viagem.
Desse total, 40% são levados para o mercado externo e 60% ficam com brasileiros, "pois infelizmente é grande o hábito na nossa sociedade de manter esses animais em casa", disse Giovanini.
O tráfico se destina a fornecer animais para pesquisas científicas, indústria química e de medicamentos, colecionadores particulares, lojas de animais, de acordo com o ambientalista.
"Os traficantes exploram as dificuldades das comunidades carentes. Muitas vezes trocam um animal por um prato de comida e depois o vendem por preços elevados", disse Giovanini.
Segundo ele, uma jararaca pode ser adquirida por R$ 2 ou R$ 3 e depois é vendida por US$ 300 (cerca de R$ 840) a US$ 400 (mais de R$ 1,1 mil) no mercado externo.
"Já um grama de veneno de uma jararaca vale US$ 450 (cerca de R$ 1,26 mil), pois é usado na produção de um remédio contra hipertensão", afirma.
Saúde
O ambientalista afirma que o Brasil perde com esse tráfico, porque muitos desses animais são usados por indústrias químicas e farmacêuticas, e os componentes acabam com patente registrada no exterior.
"Isso entra na biopirataria e o Brasil fica sem meios de defender sua riqueza", disse.
Uma das consequências diretas desse tráfico é provocar o desequilíbrio ambiental, com ameaça de extinção de certas espécies, segundo Giovanini.
"Cria também um problema de saúde pública, pois muitos desses animais, quando retirados de seu ambiente natural e em contato com seres humanos, podem transmitir doenças que ainda são desconhecidas", explicou.
Ele reconhece que uma das maiores dificuldades no combate a esse tráfico é que ele se torna meio de subsistência de comunidades carentes.
"Precisamos criar alternativas. Não dá só para dizer que não pode caçar os animais, porque muitas vezes esse é o único meio de subsistência nessas comunidades. O governo precisa ter uma atuação mais forte nos locais onde existe essa atividade, criando programas, gerando meios de renda", disse.
Obra
Ambientalista há 15 anos, Giovanini decidiu criar a Renctas há quatro anos.
A Renctas montou um sistema de ligação entre a polícia e funcionários de aduanas com uma base de apoio que inclui mais de 230 veterinários voluntários que se encarregam do animal confiscado em aeroportos.
A ONG desenvolve um trabalho de conscientização e educação com projetos em escolas e universidades. Apóia a atuação dos órgãos de fiscalização e desenvolve pesquisas científicas e de conservação da fauna no Brasil.
A Renctas também conseguiu mobilizar 600 ONGs e instituições ligadas ao meio ambiente que têm atuado junto com a Renctas no combate ao tráfico de animais silvestres, segundo Giovanini.
"[A Renctas] representa uma grande promessa para outros países em desenvolvimento", diz a ONU.
Giovanini reclama da falta de recursos no Brasil para o meio ambiente que "infelizmente não é uma área prioritária no país".
Segundo ele, o sucesso da Renctas pode ser medido pela repercussão que o tráfico de animais silvestres ganhou na mídia nos últimos anos e pelo número de denúncias que a entidade vem recebendo, especialmente por meio de emails para o site www.renctas.org.br.
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