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14/01/2004
-
10h52
da BBC, em Lisboa
A música brasileira criou um novo fenômeno em Portugal. Apesar da pouca promoção da sua gravadora, a cantora brasileira Maria Rita chegou em apenas dois meses ao disco de ouro no país, com mais de 20 mil CDs vendidos.
"O disco foi lançado em 3 de novembro e apenas toca nas rádios mais elitistas. Não é todos os dias que uma artista em Portugal tem um sucesso desses, especialmente se tratando de um primeiro disco", conta Marisa Valente, da gravadora Warner.
No último fim de semana, Maria Rita fez quatro shows em Portugal, um no Porto, dois em Lisboa e o último na Figueira da Foz. Todos estavam lotados.
A maior parte da crítica aplaudiu a cantora, mas insistiu na comparação com a mãe dela, Elis Regina.
Apenas o crítico Ricardo Fonseca, do Diário de Notícias, fugiu à unanimidade.
Apesar de considerar que Maria Rita tem uma voz própria, presença em palco e capacidade de contagiar o público, disse que ainda falta maturidade à cantora, chamando-a de "guria".
Campeã de vendas
A loja Fnac do Chiado, uma das maiores de Portugal, encontrou, segundo seus funcionários, até alguma resistência da gravadora contra a entrada de Maria Rita no mercado.
"A loja fez o primeiro pedido de importação do disco e ela acabou o ano como primeiro lugar nas vendas desta loja", conta o funcionário Nuno Brioso.
Ouvindo o disco na loja, o baterista e cantor Joaquim Álvaro Dias comentou: "Vim com a expectativa inconsciente de que ouviria alguma coisa parecida com a mãe, mas acho que ela faz a música dela. Isso é bom, e é um disco bonito. A voz dela tem bom sabor".
Para o jornalista Nuno Pacheco, crítico de música do jornal Público, o fenômeno Maria Rita é incomum.
"Não é muito natural que uma pessoa da idade dela se transforme numa supervedete, numa diva. Acho extraordinário como ela tem conseguido gerir sua própria imagem."
"O que eu temo é que esse sucesso possa destruir o passo seguinte dela. Pode fazer com que as pessoas exijam coisas demais dela. Pode haver uma overdose de Maria Rita."
Ele acredita que Maria Rita é um caso único entre os músicos do Brasil em Portugal.
"Não é comparável a nenhuma outra cantora brasileira. A popularidade foi galopante, enquanto no fenômeno Marisa Monte, por exemplo, foi construído devagar, a Maria Bethania ganhou seu espaço em Portugal com tempo. O disco (de Maria Rita) saiu e as pessoas já diziam que é uma diva."
Pacheco considera que, apesar de ter preparado tudo com cabeça fria, quando Maria Rita chega no palco, "canta com extrema emoção".
"Ela tem muito do que tinha a Elis Regina, em termos de expressões, gestos, às vezes um certo enrouquecimento das frases quando ela relança a voz, mas consegue construir uma personalidade própria."
Para Pacheco, a popularidade dela tem aumentado as vendas do disco da mãe: "Acho que muita gente vai à procura da Elis Regina depois de ouvir a filha, a Maria Rita. São pessoas jovens, que não ouviram a Elis Regina".
Maria Rita faz sucesso-relâmpago em Portugal e chega a disco de ouro
JAIR RATTNERda BBC, em Lisboa
A música brasileira criou um novo fenômeno em Portugal. Apesar da pouca promoção da sua gravadora, a cantora brasileira Maria Rita chegou em apenas dois meses ao disco de ouro no país, com mais de 20 mil CDs vendidos.
"O disco foi lançado em 3 de novembro e apenas toca nas rádios mais elitistas. Não é todos os dias que uma artista em Portugal tem um sucesso desses, especialmente se tratando de um primeiro disco", conta Marisa Valente, da gravadora Warner.
No último fim de semana, Maria Rita fez quatro shows em Portugal, um no Porto, dois em Lisboa e o último na Figueira da Foz. Todos estavam lotados.
A maior parte da crítica aplaudiu a cantora, mas insistiu na comparação com a mãe dela, Elis Regina.
Apenas o crítico Ricardo Fonseca, do Diário de Notícias, fugiu à unanimidade.
Apesar de considerar que Maria Rita tem uma voz própria, presença em palco e capacidade de contagiar o público, disse que ainda falta maturidade à cantora, chamando-a de "guria".
Campeã de vendas
A loja Fnac do Chiado, uma das maiores de Portugal, encontrou, segundo seus funcionários, até alguma resistência da gravadora contra a entrada de Maria Rita no mercado.
"A loja fez o primeiro pedido de importação do disco e ela acabou o ano como primeiro lugar nas vendas desta loja", conta o funcionário Nuno Brioso.
Ouvindo o disco na loja, o baterista e cantor Joaquim Álvaro Dias comentou: "Vim com a expectativa inconsciente de que ouviria alguma coisa parecida com a mãe, mas acho que ela faz a música dela. Isso é bom, e é um disco bonito. A voz dela tem bom sabor".
Para o jornalista Nuno Pacheco, crítico de música do jornal Público, o fenômeno Maria Rita é incomum.
"Não é muito natural que uma pessoa da idade dela se transforme numa supervedete, numa diva. Acho extraordinário como ela tem conseguido gerir sua própria imagem."
"O que eu temo é que esse sucesso possa destruir o passo seguinte dela. Pode fazer com que as pessoas exijam coisas demais dela. Pode haver uma overdose de Maria Rita."
Ele acredita que Maria Rita é um caso único entre os músicos do Brasil em Portugal.
"Não é comparável a nenhuma outra cantora brasileira. A popularidade foi galopante, enquanto no fenômeno Marisa Monte, por exemplo, foi construído devagar, a Maria Bethania ganhou seu espaço em Portugal com tempo. O disco (de Maria Rita) saiu e as pessoas já diziam que é uma diva."
Pacheco considera que, apesar de ter preparado tudo com cabeça fria, quando Maria Rita chega no palco, "canta com extrema emoção".
"Ela tem muito do que tinha a Elis Regina, em termos de expressões, gestos, às vezes um certo enrouquecimento das frases quando ela relança a voz, mas consegue construir uma personalidade própria."
Para Pacheco, a popularidade dela tem aumentado as vendas do disco da mãe: "Acho que muita gente vai à procura da Elis Regina depois de ouvir a filha, a Maria Rita. São pessoas jovens, que não ouviram a Elis Regina".
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