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18/02/2004 - 10h56

Para Parreira, ainda é cedo para se falar em uma renovação na seleção

DIEGO TOLEDO
da BBC, em Dublin

O técnico Carlos Alberto Parreira afirmou, em entrevista à BBC Brasil, que ainda é cedo para se falar em uma renovação do grupo que conquistou a Copa do Mundo-2002 e forma a base da atual seleção brasileira.

Ao comentar as cobranças por uma maior rapidez nesse processo de renovação, Parreira disse que "o torcedor brasileiro é muito exigente, muito impaciente".

O treinador da seleção brasileira respondeu a algumas das perguntas enviadas pelos internautas da BBC Brasil e de seus parceiros na véspera do amistoso contra a Irlanda, em Dublin.

Fernando A. Ramos Gonçalves (Cotia-SP) - Você acredita que o futebol brasileiro passa por um período de entressafra e que uma renovação é inevitável?

Carlos Alberto Parreira - Não, eu acho que não. Eu acho que o futebol brasileiro continua rico em valores individuais, haja visto que as equipes que ganharam os dois últimos Campeonatos Brasileiros, o Santos e o Cruzeiro, e outras equipes têm vários jogadores que foram campeões da sub-17, sub-20. Então, a nossa fábrica continua boa.

Na seleção principal, dois jogadores talvez tivessem já atingido, assim, a idade perigosa pra disputar uma Copa, que é o Cafu, que está com 33 anos, mas se mantém com uma forma física invejável, e o Rivaldo, que também parece que está com 30 anos, mas a média geral dos demais jogadores chega a 25, 26 anos --o que nos permite uma folga muito boa para a próxima Copa.

João Paulo Sardinha (São José dos Campos - SP) - Até quando você pretende manter a base da seleção que foi campeã mundial? Qual o melhor momento para pensar em renovar?

Parreira - No primeiro dia que eu assumi a seleção, um ano e meio atrás, já queriam mudar todo o time campeão do mundo. Então, o torcedor brasileiro é muito exigente, ele é muito impaciente. Eu assumi em 2003, no dia 6 de janeiro. O Brasil tinha sido pentacampeão do mundo seis meses antes. Então, já falavam em renovação. Renovar o quê? Um time que foi pentacampeão do mundo?

E, naquela ocasião, eu dizia, e dizia até com muita ênfase: quem tem que pensar em renovar é a Suécia, a Argentina, a França, que foram desclassificadas na primeira fase. O time pentacampeão do mundo tem uma base sólida, boa, técnica para a próxima Copa. Nós temos aí três ou quatro jogadores que serão observados durante a eliminatória e durante o trabalho.

Nós estamos aí em 2004, faltam praticamente quase três anos para a próxima Copa do Mundo e, até lá, com certeza, as providências que tiverem de ser tomadas em termos de renovação serão feitas.

Diziam até, muita ansiedade, que o time sub-20, que o time pré-olímpico tinha que ser a base da seleção brasileira, e não é assim. Clube é uma coisa, seleção é outra. O jogador precisa de tempo pra amadurecer, jogar. Além da qualidade técnica, além de ter alguns jogadores jovens, é preciso que haja experiência para poder jogar bem com o peso que representa a camisa e a seleção, e a cobrança da seleção srasileira.

Wanderley Cardoso Celeste (Vitória-ES) - As chances dos jogadores que atuaram no Pré-Olimpico serem chamados para a seleção principal ficaram diminuídas com o mau desempenho do Brasil na competição?

Parreira - Eu acho que seria um degrau que eles subiriam nessa ascensão, nessa escalada para chegar ao time principal. Com certeza, Diego, Robinho e companhia serão julgados pelo que eles fizerem no clube. Então, eu acho que eles vão ter que voltar para o clube e voltar a jogar aquele futebol que fez com que a imprensa toda e os torcedores exigissem que eles jogassem na seleção principal.

Não tem outra solução. Você tem que matar um leão a cada dia. É o treinador, é o jogador, tem sempre que se apresentar bem. Eles vão ter que voltar e recuperar, no clube, o futebol que os trouxe até aqui. Eu acho que eles não estão sem vez na seleção, vão continuar a ser observados e, na medida em que for necessário e que eles voltarem a jogar bem, serão reconduzidos, como já foi o Fábio Rochemback, que jogou naquela seleção, esteve lá e está aqui, integrando a seleção principal.

André Nalini (Rio de Janeiro-RJ) - Porque você e o Zagallo não foram também técnico e coordenador da seleção pré-olímpica?

Parreira - Porque quando nós chegamos à CBF, em janeiro de 2003, o Ricardo Gomes já tinha sido contratado pelo presidente da CBF para ser o técnico da seleção pré-olímpica. Havia dois projetos, e esse projeto era um, e o da seleção principal, eliminatórias, outro.

Ou a gente iria para assumir o time ou então era melhor ficar de longe, acompanhando, tendo contato. E eu acho que o Ricardo Gomes não teve sorte, mas ele é um bom treinador, fez um bom trabalho. Foi produto de uma série de coisas que aconteceram na competição, quem viu sabe. O time chegou lá já praticamente classificado, e a gente sabe que, no futebol, a coisa não acontece assim. Você tem que demonstrar dentro do campo.
 

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