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05/03/2004 - 08h22

Análise: Bush abre o baú e aposta no patriotismo

KEVIN ANDERSON
da BBC, em Washington

A batalha das primárias democratas chegou ao fim na corrida pela Casa Branca. Agora, é a vez da guerra na TV começar.

Por semanas, analistas especularam quando o presidente George W. Bush iria abrir o baú em que guardou os cerca de US$ 100 milhões arrecadados para sua campanha e soltar os cachorros na guerra política.

Agora, com John Kerry praticamente garantido como candidato democrata, Bush lança sua primeira leva de propagandas de televisão no seu esforço para se reeleger.

Entretanto, esta sua primeira empreitada multimilionária não é uma versão eleitoral da ofensiva militar contra Bagdá. Tem mais a ver com filhotinhos de cachorro, empreendedores e patriotismo.

Isso não significa que a campanha de reeleição de Bush vai continuar dessa forma, sem escorregar e se sujar com um pouco da lama. Por trás das câmeras e na frente delas, os republicanos já atacam John Kerry com vigor.

"Liderança firme"

O presidente Bush está sob pressão para começar de vez sua campanha eleitoral, já que as pesquisas mostram que sua popularidade e credibilidade estão em queda.

A avaliação de seu desempenho como presidente é hoje melhor do que no final de janeiro, mas a mais recente pesquisa do instituto Gallup mostra que, no grupo de pessoas que deve votar nas eleições de novembro, Bush ainda está 12 pontos percentuais atrás de Kerry.

Um fraco discurso sobre o Estado da União, preocupações persistentes sobre o estado da economia e um número crescente de preocupações e baixas no Iraque erodiram a popularidade de Bush.

Mas analistas acreditam que os democratas podem estar gozando do que seria um impulso artificial, por causa de sua temperamental, mas positiva, rodada de primárias.

Nas primárias, os democratas concentraram a maior parte de seus ataques não em seus companheiros de partido, mas no presidente Bush.

Com o slogan "liderança firme em tempos de mudança", Bush não responde diretamente a esses ataques, mas suas propagandas procuram destacar essa liderança e mostrar uma visão otimista do futuro.

Desafios

Como esperado, cenas dos ataques de 11 de setembro de 2001 assumiram papel proeminente.

Uma propaganda apresenta os desafios enfrentados por Bush, incluindo a crise das empresas de alta tecnologia e a "guerra contra o terrorismo", com as cenas dos escombros do World Trade Center e de bombeiros.

"Um teste para todos os americanos. Hoje, os Estados Unidos estão dobrando a esquina", diz o locutor.

Outra propaganda mostra imagens de famílias e trabalhadores ao tratar de temas como "liberdade, fé, famílias, sacrifícios" e declarações alentadoras sobre a economia.

Em outra, um presidente sorridente e determinado diz: "Eu sei exatamente para onde quero levar este país. Eu sei o que eu preciso fazer para que o mundo se torne mais livre e mais pacífico."

Os organizadores da campanha do presidente gastaram US$ 4,4 milhões nas propagandas, produzidas em inglês e em espanhol.

Elas serão veiculadas em todo o país em algumas redes de TV a cabo, e em estações de TV locais em 17 Estados onde o comportamento do eleitor não é tão previsível, como Ohio, Flórida e New Hampshire.

Críticas de Cheney

As propagandas são alentadoras e positivas e contam até com a primeira-dama Laura Bush elogiando o marido. Ele tem "a força, a concentração, as características que estes tempos exigem", diz ela.

Apesar da mensagem otimista das primeiras mensagens publicitárias, os republicanos entre eles o vice-presidente, Dick Cheney rapidamente se mobilizaram para atacar John Kerry, assim que ele garantiu a candidatura na "superterça".

Cheney vinha mantendo a discrição recentemente, mas na Super Terça ele concedeu uma série de entrevistas de TV, em que criticou Kerry e seu retrospecto na área de segurança nacional.

"Ele muito claramente adotou no decorrer dos anos uma série de posições que indicam um desejo de cortar o orçamento para defesa, cortar o orçamento para inteligência e eliminar alguns programas importantes para o desenvolvimento de armamentos", disse.

O líder republicano no Congresso, Dennis Hastert, adotou o mesmo tom e também criticou os planos de Kerry para o orçamento.

Ecoando estratégias familiares de ataque dos republicanos, Hastert disse que os Estados Unidos não precisam de "mais gastos deficitários, nem de um retorno aos tempos de mais taxação e gastos dos velhos democratas".
 

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