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24/03/2004 - 19h30

Bush não tratou Al Qaeda com "urgência", diz ex-assessor

PAULO CABRAL
da BBC, em Washington

O ex-assessor antiterrorismo da Casa Branca Richard Clarke reafirmou hoje suas críticas ao governo George W. Bush e afirmou que a atual administração americana não tratou a ameaça do terrorismo em geral e da Al Qaeda, em particular, com a "urgência" necessária.

Clarke disse que durante o governo de Bill Clinton (1993-2000) "não havia questão mais importante" do que o terrorismo, mas que no governo de George W. Bush o assunto se perdeu entre temas como "a redemocratização no Paquistão e a proliferação de armas na Ásia". Clarke também reafirmou que a ação contra o Iraque "prejudicou" o combate ao terrorismo.

"Continuei alertando o governo [Bush] sobre os riscos apresentados pela Al Qaeda e o problema era considerado importante, mas não urgente. Tenho a sensação de que a administração ou não acreditou que tratava-se de um problema urgente ou não estava preparada para agir", disse Clarke, que foi assessor antiterrorismo da Casa Branca por dez anos, sob os governos de Ronald Reagan (1981-89), George Bush (pai) (1989-1993), Bill Clinton e George W. Bush, até ter pedido demissão há 13 meses.

O depoimento de Clarke, ontem, na comissão independente americana que investiga as circunstâncias que cercaram os atentados de 11 de setembro de 2001, foi precedido de grande expectativa devido às fortes críticas feitas pelo ex-funcionário no seu recém lançado livro "Contra todos os inimigos" e repetidas nas inúmeras entrevistas que ele deu para divulgar e comentar a obra.

No depoimento, Clarke reiterou todas as críticas ao governo republicano de Bush e --embora tenha admitido que falhas ocorreram durante o período de Clinton-- foi mais benevolente com a administração comandada pelos democratas.

Membros da comissão questionaram Clarke sob possíveis razões políticas e eleitorais para o lançamento do livro neste momento --assunto levantado várias vezes pela mídia nos últimos dias. Em alguns casos ocorreram sugestões de que ele seria ligado ao candidato democrata à Presidência, o senador John Kerry.

"Este livro não tem nada a ver com apoio a um partido ou outro. Aqui em público e sob juramento afirmo que não aceitaria qualquer cargo em um governo de John Kerry caso ele ganhe a Presidência e algum convite chegue até mim", disse Clarke.

O ex-assessor antiterrorismo abriu seu depoimento à comissão com uma declaração na qual pedia desculpas aos parentes das vítimas dos ataques de 11 de setembro em nome dos governos dos quais participou.

"O governo e eu falhamos com vocês (cidadãos americanos). Nós nos esforçamos muito, mas isto pouco importa, porque falhamos", disse Clarke.

Ele também foi questionado por conta de uma entrevista coletiva que deu à imprensa em agosto de 2002 - quando ainda estava na Casa Branca --na qual elogiava as ações do governo Bush, em aparente contradição com as afirmações que agora faz em seu livro.

A coletiva na verdade foi uma conversa de bastidores com jornalistas que não deveria ter sido divulgada com identificação da fonte. Mas com a polêmica em torno de Clarke uma rede de TV americana decidiu quebrar o acordo comum em coberturas jornalísticas e apresentar um transcrição da antiga entrevista.

Richard Clarke disse que deu a entrevista na condição de funcionário da Casa Branca e seguindo orientações do presidente para rebater golpes contra a imagem provocados por acusações relativas aos ataques de 11 de setembro.
 

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