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29/03/2004
-
10h00
da BBC, em Lima
O ministro do Planejamento, Guido Mantega, apresenta nesta segunda-feira, no discurso que fará na plenária da reunião anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a proposta de um documento conjunto dos países latino-americanos pedindo que o Fundo Monetário Internacional (FMI) mude a maneira de contabilizar os investimentos em infra-estrutura e deixe de considerá-los como gastos.
"Investimento não é despesa. E é muito importante para que possamos investir e tenhamos crescimento sustentado no futuro", afirmou o ministro.
Mantega já se reuniu neste domingo com os representantes dos governos de Bolívia, Argentina, México, Colômbia e Venezuela, e se encontrará nesta segunda-feira com os representantes do Paraguai e da Colômbia para pedir apoio à proposta. A idéia é lançar um documento assinado por todos os países latino-americanos.
A proposta não foi bem recebida pelo ministro da Fazenda do Peru, Pedro Paulo Kuczynski, que disse que "gasto é gasto". "Talvez ele não tenha entendido bem, mas vamos explicar", disse Mantega.
Endividamento
"Todos os países da região estão na mesma situação: precisando de investimento e com o endividamento no limite", afirmou.
O ministro também se reuniu com o presidente do BID, Enrique Iglesias, de quem já recebeu apoio, segundo contou.
"Ele me disse que já vinha defendendo essa posição", disse Mantega. A idéia já contava com a simpatia do ex-diretor-gerente do FMI, Horst Köhler, que visitou o Brasil poucos dias antes de anunciar sua saída da instituição, e é apoiada pelo Banco Mundial, que também tem recursos para a região.
A mudança liberaria de imediato cerca de US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões de recursos do BID que estão parados por falta de capacidade de endividamento dos países que receberiam os recursos.
Só o Brasil tem US$ 3 bilhões em projetos aprovados, mas não retira o dinheiro porque o governo Lula se comprometeu a reduzir a relação entre dívida e PIB.
Gastos
O volume de investimentos previsto no Orçamento deste ano é de US$ 4 bilhões, considerando os gastos diretos do governo e de US$ 11 bilhões pelas estatais.
Mantega faz questão de dizer que a mudança não significa um afrouxamento dos gastos do governo. "Os gastos correntes continuam sob estrita fiscalização do governo", afirma.
O ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, disse que também vai abordar o assunto no seu discurso na reunião do BID.
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner já divulgaram um comunicado conjunto em favor dessa posição no encontro que tiveram no Rio de Janeiro, há duas semanas.
Apesar da afinidade política, a situação econômica dos dois países é bem diferente: enquanto o Brasil tem recursos aprovados nos bancos de investimento, a Argentina está renegociando sua dívida com os credores privados, aos quais deixou de pagar em 2001, e só não fez o mesmo com o FMI porque está recebendo novos empréstimos para pagar os que vencem.
Mantega faz lobby no BID para separar gasto de investimento
DENIZE BACOCCINAda BBC, em Lima
O ministro do Planejamento, Guido Mantega, apresenta nesta segunda-feira, no discurso que fará na plenária da reunião anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a proposta de um documento conjunto dos países latino-americanos pedindo que o Fundo Monetário Internacional (FMI) mude a maneira de contabilizar os investimentos em infra-estrutura e deixe de considerá-los como gastos.
"Investimento não é despesa. E é muito importante para que possamos investir e tenhamos crescimento sustentado no futuro", afirmou o ministro.
Mantega já se reuniu neste domingo com os representantes dos governos de Bolívia, Argentina, México, Colômbia e Venezuela, e se encontrará nesta segunda-feira com os representantes do Paraguai e da Colômbia para pedir apoio à proposta. A idéia é lançar um documento assinado por todos os países latino-americanos.
A proposta não foi bem recebida pelo ministro da Fazenda do Peru, Pedro Paulo Kuczynski, que disse que "gasto é gasto". "Talvez ele não tenha entendido bem, mas vamos explicar", disse Mantega.
Endividamento
"Todos os países da região estão na mesma situação: precisando de investimento e com o endividamento no limite", afirmou.
O ministro também se reuniu com o presidente do BID, Enrique Iglesias, de quem já recebeu apoio, segundo contou.
"Ele me disse que já vinha defendendo essa posição", disse Mantega. A idéia já contava com a simpatia do ex-diretor-gerente do FMI, Horst Köhler, que visitou o Brasil poucos dias antes de anunciar sua saída da instituição, e é apoiada pelo Banco Mundial, que também tem recursos para a região.
A mudança liberaria de imediato cerca de US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões de recursos do BID que estão parados por falta de capacidade de endividamento dos países que receberiam os recursos.
Só o Brasil tem US$ 3 bilhões em projetos aprovados, mas não retira o dinheiro porque o governo Lula se comprometeu a reduzir a relação entre dívida e PIB.
Gastos
O volume de investimentos previsto no Orçamento deste ano é de US$ 4 bilhões, considerando os gastos diretos do governo e de US$ 11 bilhões pelas estatais.
Mantega faz questão de dizer que a mudança não significa um afrouxamento dos gastos do governo. "Os gastos correntes continuam sob estrita fiscalização do governo", afirma.
O ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, disse que também vai abordar o assunto no seu discurso na reunião do BID.
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner já divulgaram um comunicado conjunto em favor dessa posição no encontro que tiveram no Rio de Janeiro, há duas semanas.
Apesar da afinidade política, a situação econômica dos dois países é bem diferente: enquanto o Brasil tem recursos aprovados nos bancos de investimento, a Argentina está renegociando sua dívida com os credores privados, aos quais deixou de pagar em 2001, e só não fez o mesmo com o FMI porque está recebendo novos empréstimos para pagar os que vencem.
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