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06/06/2007 - 23h10

Presidente do Uruguai divulga detalhes inéditos da ditadura

MÁRCIA CARMO
da BBC, em Buenos Aires

Após vários meses de investigações e debates, o governo uruguaio publicou, nesta quarta-feira, no site da Presidência do país, detalhes sobre a ditadura militar na operação batizada "Presos desaparecidos".

O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, disse que está cumprindo o que havia prometido, mas sinalizou que as investigações vão continuar, já que os corpos de muitos desaparecidos e, em alguns casos, seus filhos, provavelmente nascidos em cativeiro, ainda não foram encontrados.

As investigações estão divididas em cinco volumes, num total de 3.612 páginas.

Para as entidades de direitos humanos, como a Associação de Mães e Familiares de Uruguaios Detidos e Desaparecidos, ainda faltam arquivos das Forças Armadas para que a investigação possa ser considerada completa.

Estas entidades estimam que mais de 200 uruguaios desapareceram durante a recente ditadura militar (1973-1985).

Operação Condor

Na visão de Tabaré Vázquez, segundo informações oficiais, os cinco volumes sobre a ditadura, publicados na internet, contribuem para "esclarecer o passado" uruguaio.

"Esse é um livro para a memória, para a reflexão, para o compromisso e para todos os uruguaios", disse o presidente.

Os documentos confirmam a atuação organizada, durante os anos setenta, pelos diferentes governos militares dos países do Cone Sul, na chamada "Operação Condor". Nela, presos políticos de um país eram perseguidos, presos e torturados --ou desapareciam-- no país vizinho.

Nesta série de documentos, o primeiro volume reconstrói o contexto repressivo e inclui depoimentos dos envolvidos.

O segundo volume contém dados sobre os detidos e desaparecidos com as fichas pessoais de 173 vítimas uruguaias no Uruguai e na Argentina.

O terceiro informa sobre a perseguição que as vítimas sofreram na Argentina, Paraguai, Chile, Bolívia e Colômbia.

O quarto volume inclui leis e decretos da época, além de denúncias internacionais. O quinto e último volume revela resultados da investigação arqueológica (da busca de corpos de desaparecidos) realizada entre 2005-2006.

Copa de 78

A investigação inclui informações inusitadas como a registrada no capítulo primeiro, no subtítulo sobre o grupo guerrilheiro Montoneros.

Neste item, documento confirma que o Corpo dos Fuzileiros Navais recomenda, por exemplo, "prender familiares", em caso de não se localizar o requerido.

Na mesma seção, outro documento registra informe militar alertando sobre "possíveis ações subversivas" dos Montoneros, durante a Copa do Mundo, em junho de 1978, na Argentina.

Este livro de investigações, como chamou Vázquez, acrescenta capítulos de investigações realizadas em outros países da região, como Paraguai e Chile. O livro também informa desde a atuação do grupo guerrilheiro Tupamaros, do qual autoridades do governo Vázquez foram integrantes, até as comunicações entre o governo dos Estados Unidos e as representações diplomáticas dos governos militares, nos anos 1970.

Atualmente, no Uruguai, as discussões sobre os anos de ditadura geram críticas em setores de esquerda que discordam do presidente Vázquez, que tem defendido a reconciliação nacional entre militares e civis.

 

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