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27/06/2007 - 19h52

Brasileiros desconfiam de Bush e Chávez, diz pesquisa

BRUNO GARCEZ
da BBC, de Washington

Um total de 80% dos brasileiros diz ter pouca ou nenhuma confiança no presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. A cifra é ligeiramente superior ao índice registrado para o líder da Venezuela, Hugo Chávez, que é de 74%. Os dados constam de uma pesquisa recém-divulgada, realizada no Brasil, em outros 45 países e nos territórios palestinos pelo instituto de pesquisas americano PewResearch Center.

O estudo mostra que o índice de brasileiros que têm muita ou alguma confiança nos dois líderes é idêntico: 17%.

A confiança depositada em Bush se manteve relativamente estável em relação à última vez em que a popularidade do líder americano foi aferida pelo PewResearch entre os brasileiros, em 2003. Na ocasião, o índice dos que confiavam em Bush era de 13%.

Curiosamente, a despeito da forte retórica antiamericana de Chávez, o índice de pessoas nos Estados Unidos que sentem pouca ou nenhuma confiança no líder venezuelano é de 55%, bem abaixo da cifra brasileira. Por outro lado, o índice dos venezuelanos que têm pouca ou nenhuma confiança em Bush é de 75%.

A pesquisa destaca uma crescente insatisfação em relação à política externa americana e com a gestão de Bush em diferentes regiões do mundo.

Índices negativos

O estudo mostra que os índices negativos dos americanos aumentaram consideravelmente na Europa Ocidental, inclusive entre tradicionais aliados, como o Reino Unido e a Alemanha, e também tiveram uma expansão na América Latina.

Na Alemanha, na pesquisa do Pew feita em 2002, 60% diziam ter uma visão positiva sobre os Estados Unidos. No estudo deste ano, o índice caiu para 30%. No Brasil, o índice de pessoas que tinham uma impressão positiva dos Estados Unidos em 2002 era de 51%. Em 2007, caiu para 44%.

Na Argentina, por exemplo, os índices do atual governo e dos Estados Unidos como um todo estão entre os mais baixos entre os países latino-americanos consultados --a pesquisa foi realizada também na Bolívia, Chile, México, Peru e Venezuela.

Um total de 87% dos argentinos disseram ter pouca ou nenhuma confiança em Bush. O índice de desconfiança que os argentinos têm pelo líder dos Estados Unidos supera até o que eles têm por Osama Bin Laden, que é de 81%.

Retirada do Iraque

O número de brasileiros que querem a retirada das tropas americanas do Iraque é de 76%, índice que fica aquém do argentino, onde 87%, desejam que os soldados dos Estados Unidos saiam do Oriente Médio. Os números são similares aos de algumas nações do Oriente Médio: Egito (81%), Marrocos (73%) --e européias: Alemanha (71%) e França (78%).

O índice de argentinos que disseram se opor aos esforços americanos para combater o terrorismo foi de 83%, índice que superou até o de países do Oriente Médio de maioria muçulmana, onde a política americana é seriamente questionada.

A cifra foi maior que a dos territórios palestinos (79%) ou da Turquia (77%). Na mesma categoria, um total de 53% dos brasileiros se opõem aos esforços antiterroristas americanos.

Negócios à americana

O modo de fazer negócios dos americanos também conta com forte desaprovação. Um total de 61% dos brasileiros disse desgostar da postura americana nesse setor. Mais uma vez, o índice argentino deste ano foi ainda superior, ficando na faixa de 67%.

Ainda que a pesquisa mostre um crescente receio em relação a potências emergentes como a Rússia e a China, ela mostra que os índices dos Estados Unidos são ainda os piores.

O estudo mostra que a política externa do líder americano conta com menos aprovação do que a do presidente russo, Vladimir Putin, entre tradicionais aliados americanos, como o Canadá, o Reino Unido e a Alemanha.

No Brasil, a pesquisa foi realizada entre mil pessoas em grandes centros urbanos entre os dias 13 e 23 de abril. A margem de erro do estudo é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Prática e discurso

A ex-secretária de Estado americana, Madeleine Albright, co-fundadora do Pew Global Project Atitudes, a divisão do Pew responsável pela pesquisa, afirmou que o mau desempenho dos Estados Unidos pode estar ligado ao fato de o país nem sempre praticar o que prega.

"Cabe perguntar. De que vale defender valores como o governo da lei, a implantação de eleições livres e o combate à tortura, se não cumprimos as expectativas que esperam de nós nessas áreas?"

Indagada se acredita que uma possível mudança da administração americana, com uma nova eleição no país, poderia melhorar a imagem dos EUA no mundo, Albright afirmou que acredita que "uma nova administração poderá fazer muita coisa, como mudanças de orientações políticas".

Mas Albright acrescentou que "acredita que poderá haver uma mudança, mas não uma mudança miraculosa".

 

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