Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
01/05/2004 - 15h00

Poloneses não têm qualificação para trabalhar fora, diz ministro

CAROLINA GLYCERIO
da BBC, enviada especial à Polônia

Os poloneses podem querer, mas poucos conseguirão encontrar lugar no competitivo mercado de trabalho dos países mais ricos da União Européia, segundo o vice-ministro para Assuntos Sociais e Econômicos da Polônia, Marek Sczepanski.

"Muitos jovens podem querer encontrar um trabalho em outro país, mas muitas vezes não têm as qualificações necessárias para serem absorvidos na Europa Ocidental", afirma Sczepanski.

Há um grande temor de que a entrada do país na União Européia provoque um êxodo em massa de trabalhadores poloneses.

Para trabalhar legalmente num outro país da UE, cidadãos de oito dos dez novos países do bloco ainda precisarão de uma permissão de trabalho, já que dos 15 membros da "antiga UE", apenas a Irlanda abriu completamente as suas portas aos trabalhadores dos novos países.

Por outro lado, devem aumentar as oportunidades de emprego ilegal uma vez que os trabalhadores dos oito países do Leste Europeu que entraram na UE neste sábado terão circulação livre pelo bloco, tendo apenas que mostrar um documento de identidade ao sair de seus países --a principal razão do entusiasmo dos jovens poloneses pela UE.

Desempregados

Adam Kshovz, de 27 anos, está entre os 19% dos desempregados poloneses e pretende procurar em outros países da UE o trabalho que não encontra na Polônia.

Formado em um curso técnico de construção civil, ele diz preferir a Grã-Bretanha porque acredita que possa conseguir trabalhar legalmente lá. Com a exceção da Irlanda, o governo britânico foi o que menos impôs restrições aos trabalhadores do Leste.

Mas Adam já trabalhou clandestinamente fora da Polônia e diz que pode voltar a fazê-lo na Alemanha ou na Holanda.

Pelas declarações do ministro Sczepanski, no entanto, ele não precisaria deixar o país.

"A entrada na UE deve aliviar o nosso mercado de trabalho porque, primeiro, a economia deve crescer mais rápido já que deverá atrair investimentos. Em segundo lugar, as nossas empresas devem se desenvolver mais rápido porque as últimas barreiras serão abolidas. Essas empresas devem criar novos postos de trabalho."

Sczepanski diz que os trabalhadores saem ganhando mesmo quando as empresas polonesas perderem a concorrência pelos contratos para construir projetos no país financiados pela UE, procedimento obrigatório nas regras do bloco.

"Mesmo se uma empresa espanhola ganhar a concorrência para construir uma estrada em Bialystok (cidade no norte do país), as pessoas que trabalharão na construção serão polonesas, não espanholas."

Fuga de cérebros

No entanto, na mesma seção pública em que Adam aguardava o seu seguro-desemprego, havia uma jovem técnica em informática que acabara de ser demitida. Ela também pretende procurar emprego em outro país da União Européia.

Se são poucos os casos de trabalhadores qualificados como dessa jovem, a Polônia não teme uma "fuga de cérebros"?

Sczepanski diz que não. "É mais lucrativo trazer a produção para cá e empregar poloneses aqui."

O ministro, no entanto, diz que a Polônia vê a liberdade de movimento de trabalhadores como "um dos pilares da União Européia" e critica a posição da "Velha Europa" de fechar às portas aos trabalhadores dos novos países.

"Estamos numa situação estranha: por um lado, os países estão ficando mais velhos e precisam de mão-de-obra de fora, por outro, impõem restrições por cinco ou sete anos."

"No ano passado, 400 mil poloneses trabalharam legalmente em países da UE, incluindo 300 mil na Alemanha, principalmente na agricultura. Sem essas pessoas, seria muito difícil para a economia alemã sobreviver. O que aconteceria se poloneses e cidadãos de outros países que estão entrando na União Européia não fossem colher uvas na França?"

Por enquanto, porém, os poloneses vão continuar dependendo da boa vontade dos países ricos.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página