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Corte de verbas ao Brasil "preocupa" deputados dos EUA
BRUNO GARCEZ
da BBC Brasil
O Congresso dos Estados Unidos realizou nesta quarta-feira uma audiência sobre as relações entre Estados Unidos e Brasil.
Entre os temas que marcaram o encontro estão o corte de verba destinado ao Brasil pela agência de assistência americana Usaid, casos de trabalho escravo registrados no Brasil e a parceria na área de biocombustíveis entre americanos e brasileiros.
O presidente da subcomissão de Relações Exteriores do Congresso americano, o democrata Eliot Engel, disse estar '"particularmente preocupado"' com a "drástica redução" do orçamento da agência de assistência americana Usaid para o Brasil.
Em 2007, a missão da Usaid destinou US$ 14 milhões (R$ 26,1 milhões) a programas de combate à pobreza no Brasil, mas o orçamento previsto para 2008 é de apenas US$ 2 milhões (R$ 3,7 milhões). Engel disse temer que o corte seria um primeiro passo para o fechamento da representação da Usaid no Brasil.
Venezuela
No entender de outro membro da subcomissão, o republicano Dan Burton, '"cortar ajuda é muito decepcionante e não parece ser a mensagem certa no momento"'. Para Burton, o Brasil vem contribuindo para a estabilidade sul-americana e exerce um papel de liderança na composição do Mercosul.
'"A estabilidade é essencial neste momento, em que há um homem na Venezuela que serve a um líder comunista e que tenta jogar todos os países da região para a esquerda"', afirmou Burton, em referência às relações entre o líder venezuelano, Hugo Chávez, e o presidente de Cuba, Fidel Castro.
As relações do país com a Venezuela também foram tema de algumas das perguntas de Eliot Engel a um dos depoentes da sessão, Paulo Sotero, o diretor do Brazil Institute do Woodrow Wilson Center.
Engel lembrou de um ultimato dado por Hugo Chávez para que os deputados dos países do Mercosul aprovassem a adesão de seu país ao bloco. E indagou se isso representou uma cisão entre Brasil e Venezuela e como a população brasileira vê a política do governo Lula em relação a Chávez.
'"A Venezuela é um vizinho, e companhias brasileiras têm interesses e negócios na Venezuela. O Brasil não está jogando o futebol político que Hugo Chávez tenta jogar, que foi o de tentar transformar o Mercosul em um corpo político", afirmou.'
Biocombustíveis
O tema que mereceu mais elogios foi a parceria entre Estados Unidos e Brasil na área de biocombustíveis. Alguns dos que testemunharam na audiência fizeram críticas à tarifa de US$ 0,54 por galão cobrada pelos Estados Unidos sobre o etanol importado do Brasil.
Joel Velasco, representante da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), no Brasil, afirmou que o etanol brasileiro, produzido a partir de cana de açúcar, é mais barato do que o americano, feito à base de milho, e que a redução das tarifas poderia beneficiar o mercado dos Estados Unidos.
Outro assunto levantado foram relatos de trabalho escravo no Brasil. No ano passado, Engel foi um dos congressistas americanos que discutiu a abertura de sindicâncias para apurar acusações de trabalho escravo em carvoarias que fornecem para exportadores de ferro-gusa.
Engel afirmou que '"é preciso fazer mais"', em relação ao combate ao trabalho escravo, mas elogiou o governo brasileiro por ter '"criado uma lista negra de companhias que vem se utilizando do trabalho escravo e por ter adotado penas mais duras para punir empregadores pegos usando trabalho escravo"'.
Engel anunciou ainda que entre o final deste ano e o início de 2008 irá comandar uma delegação bipartidária que fará uma visita oficial ao Brasil.
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