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Chávez diz que"mão do império" atrapalha entrada no Mercosul
da BBC Brasil
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou ao chegar em Manaus, nesta quinta-feira, para um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que "é a mão do império, a mão norte-americana" que está dificultando a entrada da Venezuela no Mercosul como membro pleno.
"Estou seguro que é a mão do império, a mão norte-americana que está tentando evitar que a Venezuela ingresse no Mercosul", afirmou o presidente venezuelano a jornalistas ao chegar ao Hotel Tropical, onde se reuniu logo depois com o presidente Lula.
"Se a Venezuela não ingressa no Mercosul é a vitória do império. Mas será uma vitória pírrica, porque a integração da América do Sul não será detida por ninguém", afirmou.
Chávez disse que não pode impor o tempo para aprovação da entrada do país no bloco, mas afirmou que há um "limite digno" para esperar. "A Venezuela tem a liberdade de esperar até um limite digno. Temos dignidade. Não vamos nos arrastar nem implorar a ninguém. Se não se aprova, continuamos trabalhando", afirmou.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que "essa é uma análise dele" ao ser informado pelos jornalistas, depois da reunião, sobre as declarações de Chávez.
"Conosco ele não disse nada disso", afirmou, sobre a reunião dos dois presidentes. Amorim dise que, como não ouviu as declarações de Chávez, não queria comentar.
Na reunião, segundo Amorim, o governo explicou ao presidente venezuelano o que está ocorrendo no Congresso brasileiro em relação ao projeto para a adesão da Venezuela.
O projeto ainda não foi votado na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, o primeiro dos seis passos até ser aprovado totalmente pelo Congresso e entrar em vigor.
Amorim disse que a expectativa do governo é que a votação seja concluída até novembro, mas lembrou que o governo não fixa um prazo para o Congresso. "É claro que já levou tempo demais. Então seria bom que fosse aprovado logo. Mas a expectativa de pessoas da base do governo é que em novembro pode ocorrer", afirmou.
Na declaração à imprensa, depois da reunião, o presidente Chávez assumiu um tom mais cauteloso, e disse apenas que "a Venezuela ratifica sua vontade de se integrar ao Mercosul".
Em maio o presidente já causou mal-estar no Congresso ao afirmar que o Senado agia como "papagaio que repete o que diz Washington" - depois que o Senado em Brasília aprovou um requerimento pedindo que o presidente venezuelano autorizasse a emissora RCTV a voltar a funcionar.
Em julho, Chávez criticou a demora na tramitação do projeto de ingresso da Venezuela e chegou a ameaçar se retirar do bloco se a aprovação não ocorresse dentro de três meses.
O presidente venezuelano também chegou a Manaus disposto a fundar o Banco do Sul com os presidentes da Argentina, Néstor Kirchner, do Equador, Rafael Correa, e da Bolívia, Evo Morales, mesmo sem a participação brasileira.
Mas, segundo o ministro Celso Amorim, o ânimo de Chávez mudou durante a reunião, quando ele foi informado de que o Brasil tem interesse em participar do banco.
Uma reunião de ministros da Fazenda dos países sul-americanos interessados no projeto está marcada para os dias 1º e 2, no Rio de Janeiro. A intenção de Chávez é apresentar a ata de fundação da instituição em novembro, numa cerimônia provavelmente em Caracas, onde deve ser a sede do banco.
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