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09/07/2004 - 16h08

Reunião do Mercosul foi um fracasso, dizem analistas

MARCIA CARMO
da BBC Brasil, em Buenos Aires

Foi um fracasso a reunião do Mercosul esta semana em Puerto Iguazú (Argentina), na opinião de analistas argentinos entrevistados pela BBC Brasil.

O ex-secretário da Indústria Dante Sicca, especialista em integração regional, diz que o encontro não tratou de temas importantes que estavam na agenda definida no ano passado para eliminar as diferenças entre os países-membros.

Ele afirma que o bloco está repetindo os mesmos problemas dos tempos da sua criação, que o comércio entre seus sócios vem caindo e que tanto o Brasil quanto a Argentina procuram cada vez mais ligações comerciais com terceiros países.

Segundo os especialistas, em termos práticos, a decisão mais importante do encontro foi a criação do Tribunal Permanente de Revisão para Resolução de Controvérsias, que passará a funcionar a partir do dia 15 de agosto em Assunção, no Paraguai.

Agenda

O Mercosul, lembra Sicca, já representou 18% do comércio brasileiro. Hoje, limita-se a 8%. Para a Argentina, representava 25% e hoje não passa de 15%.

O próprio vice-ministro das Relações Exteriores da Argentina, Martín Redrado, disse que seu país passou "muito tempo" olhando apenas para o Mercosul.

Sicca observa que, para tentar reverter a situação, foi definida no ano passado uma agenda para eliminar as diferenças internas entre 2004 e 2006.

"Essa agenda avançou pouco ou nada, e temas importantes que deveriam ter sido tratados nessa última reunião não saíram do papel", diz Sicca.

"É o caso, por exemplo, da eliminação da dupla cobrança de tarifas para produtos importados pelo bloco."

'Tudo na mesma'

Dante Sicca e os também economistas Carlos Melconian e Orlando Ferreres, ex-secretário de Fazenda da Argentina, entendem que as medidas protecionistas adotadas pelo governo argentino contra os eletrodomésticos brasileiros, que tanta tensão geraram durante a reunião, são apenas de emergência.

Para Ferreres, as medidas protecionistas vão colocar um freio na "avalanche" de produtos brasileiros que estão chegando à Argentina, mas ele afirma que as crises setoriais vão continuar enquanto os países não contarem com uma estratégia de integração macroeconômica.

"O Mercosul ainda não é um mercado comum", diz Ferreres."

Outros problemas "estruturais", e não "conjunturais", são mais relevantes, de acordo com analistas.

Para Melconian, por exemplo, se os integrantes do bloco estivessem "levando a sério" a integração, já haveria o livre trânsito de pessoas pelo menos entre os quatro principais sócios --Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

"Enquanto estiverem exigindo documentos e revirando as bolsas dos passageiros que vão passar até um dia em São Paulo ou em Montevidéu, esse Mercosul não existe", disse ele.

No governo do presidente Néstor Kirchner, considera-se que a disputa com o Brasil foi superada e espera-se que a iniciativa privada chegue a um entendimento.

Na semana que vem haverá uma reunião entre representantes do setor de eletrodomésticos dos dois países.
 

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