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30/07/2004 - 16h20

A Semana: Kerry começa jornada para derrubar Bush

ROGÉRIO SIMÕES
da BBC Brasil

Foram quatro dias de discursos otimistas, referências a um futuro melhor e seguidas demonstrações de união.

A convenção do Partido Democrata dos Estados Unidos dominou a semana que termina e marcou o início de uma das mais importantes disputas presidenciais da história recente americana.

O primeiro dia, segunda-feira, foi dominado pelos discursos do casal Bill e Hillary Clinton, numa indicação de que o candidato John Kerry não deverá repetir Al Gore e dispensar uma associação mais próxima com o ex-presidente.

Após ser recebida com os aplausos mais entusiasmados da noite, Hillary passou a mensagem de que Kerry vai restaurar o período de prosperidade que marcou o governo de seu marido.

Bill Clinton, por sua vez, elevou o tom das críticas ao presidente George W. Bush e não mediu elogios ao senador Kerry. Lembrou que Kerry, ao contrário de Bush e dele mesmo, não evitou ir à Guerra do Vietnã, pelo contrário: foi e voltou como herói.

Nos dias seguintes, os grandes astros do partido, do passado, do presente e do futuro, demonstraram sua fidelidade ao timoneiro Kerry.

O senador Edward Kennedy, irmão do presidente John F. Kennedy, fez sua tradicional aparição como um representante de um tempo de glórias do partido.

Do presente, os ex-adversários de Kerry na disputa democrata Howard Dean, Richard Gephardt, Wesley Clark e John Lieberman subiram ao palco para se comprometer publicamente com a unidade do partido e a luta para derrubar Bush.

E o discurso do candidato a senador Barack Obama foi a visão de um possível futuro. Obama, um advogado de 43 anos, nome africano e passado de família pobre, é uma estrela ascendente do Partido Democrata. Há quem diga que ele tem chances de se tornar o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.

O que pensa John Kerry

O momento mais esperado da convenção democrata foi a fala do candidato a presidente, John Kerry. Seu discurso tinha a missão de mostrar que, com qualidades e um projeto de governo, ele não é apenas o adversário de George W. Bush.

No dia anterior, o vice escolhido por Kerry, senador John Edwards, fez um discurso otimista em que não faltou a tradicional defesa do emprego.

Kerry pegou a deixa e seguiu na mesma linha, falando de um futuro melhor e dizendo que aceitava a indicação do partido para concorrer à Casa Branca em nome da classe média americana.

Mas o senador democrata sabe que seu calcanhar-de-Aquiles pode estar na segurança. Apesar de Kerry ter em seu currículo suas missões no Vietnã, muitos nos Estados Unidos ainda crêem que o país precisa de Bush para vencer a chamada "guerra ao terrorismo".

Kerry visou exatamente esse público e disse com todas as letras que não hesitará em ir à guerra sem a ajuda de países aliados, caso seja necessário.

A esperança democrata afirmou que nunca dará "a nenhuma nação ou instituição internacional um (poder de) veto" sobre a segurança dos Estados Unidos.

Mas o senador também teve de mostrar no que é diferente de Bush. Para isso, insistiu na necessidade de Washington reconstruir alianças com outras nações para fortalecer sua segurança.

Políticos dos dois lados ficarão atentos às pesquisas de opinião dos próximos dias, que devem identificar o impacto da convenção democrata. Se Kerry abrir uma larga vantagem sobre o presidente Bush, é sinal de que o recado foi bem recebido.

Pressão sobre o Sudão

O ano de 2004 começou cheio de esperanças em relação ao Sudão. Depois de 21 anos de guerra civil, entre o governo do norte árabe e os rebeldes do sul negro, líderes dos dois lados haviam se comprometido a assinar um acordo de paz.

A assinatura finalmente veio em maio último, mas no oeste do país uma nova tragédia já recolocava o país nas manchetes internacionais.

Na província de Darfur, milícias árabes seguiam atacando a população negra local, o que levou 1 milhão de pessoas a deixar suas casas. Milhares de pessoas foram mortas.

Na semana que termina, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) discutiu uma forma de pressionar o governo sudanês a desarmar esses grupos.

Inicialmente, os Estados Unidos propuseram que uma resolução contra o Sudão incluísse a ameaça de sanções econômicas caso a crise humana em Darfur não fosse resolvida.

Mas, para obter o maior número de votos do conselho, a menção a sanções foi excluída da proposta. Com isso, na sexta-feira a resolução foi aprovada, por 13 votos, incluindo o do Brasil, e duas abstenções (China e Paquistão).

O texto deu 30 dias para que o governo de Cartum tome medidas contra as milícias árabes ou serão consideradas outras formas de pressão. Agências humanitárias não ficaram satisfeitas e disseram que a resolução aprovada não é suficiente.

Após sua independência da Grã-Bretanha, em 1956, o Sudão só conheceu um período sem guerras, de 1972 a 1983.

Desde então, as diferenças entre as populações árabe do norte e negra do sul, além da disputa pelo petróleo do país, deixaram mais de 2 milhões de mortos. O principal conflito chegou ao fim, mas a crise em Darfur ainda impede que o Sudão conheça paz e prosperidade.

Fim da crise palestina?

Uma reunião entre o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Yasser Arafat, e seu primeiro-ministro, Ahmed Korei, aparentemente pôs fim a uma ameaçadora crise política dentro da liderança palestina.

O encontro, realizado na terça-feira, levou Korei a retirar, pela segunda vez em poucos dias, o seu pedido de demissão.

Para manter o premiê no cargo, Arafat prometeu que lhe entregaria o controle sobre a polícia palestina, mantendo sob seu comando as forças de segurança nacionais e o serviço de inteligência.

A crise, que durou duas semanas, havia sido iniciada depois que Arafat indicou um parente seu para comandar a polícia local. A medida levou a protestos de outras facções de seu movimento Fatah e ao início de confrontos e seqüestros na Faixa de Gaza.

Com o acordo, Arafat conseguiu acalmar seus críticos, que acusam a antiga liderança palestina de corrupção.

Mas a solução talvez não seja suficiente para calar a nova geração de palestinos que continua questionando a estrutura de poder que gira em torno de seu líder.
 

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