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13/08/2004
-
17h55
da BBC Brasil
Os combates no Iraque voltaram ao noticiário com força total na semana que termina.
Uma rebelião da milícia ligada ao líder religioso Moqtada Al-Sadr, iniciada em Najaf no final da semana anterior, levou a intensos confrontos com as tropas americanas na cidade.
Em torno de um dos lugares mais sagrados do mundo para os muçulmanos xiitas, a mesquita do imã Ali, sangrentas batalhas deixaram dezenas de mortos e feridos.
Mais do que isso, mostraram que o governo interino do Iraque, que tem apoiado as operações militares das tropas dos Estados Unidos, está decidido a eliminar os focos de instabilidade no país. As conseqüências dessa decisão, entretanto, ainda são incertas.
Na segunda-feira, Moqtada Al-Sadr adotou um tom desafiador. Disse que manteria a luta contra as tropas estrangeiras que continuam no país e convocava seus seguidores a não abandonar as armas.
Na quinta-feira, forças americanas lançaram um ataque intenso em Najaf, com a intenção de impor uma vitória definitiva sobre a milícia de Al-Sadr. Centenas de civis fugiram da cidade, deixando uma paisagem de ruas desertas em torno da mesquita sagrada.
Na sexta-feira, o cenário era confuso. Segundo representantes de Moqtada Al-Sadr, o líder religioso teria sido ferido durante os ataques americanos, informação desmentida por um representante do governo iraquiano.
O dia passou sem uma das famosas aparições de Al-Sadr desafiando o poderio americano. Em seu lugar, manifestantes tomaram ruas em Najaf e Bagdá carregando cartazes com a imagem do líder religioso.
A sexta-feira terminou com uma trégua para a saída dos feridos de Najaf. Impossível dizer quanto tempo ela duraria e se Moqtada Al-Sadr deixaria a mesquita do imã Ali, como quer o premiê interino, Iyad Allawi.
Com seu ressurgimento, a rebelião em Najaf provou ser o maior foco de resistência à presença americana no Iraque. Por envolver xiitas, que são a maioria no país e têm fortes ligações com o temido vizinho Irã, o movimento tem ingredientes suficientes para dar muita dor de cabeça ao governo de Bagdá.
Chalabis em desgraça
As autoridades iraquianas não endureceram apenas com os adversários que decidiram pegar em armas. Enquanto a violência tomava conta de Najaf, o mundo político iraquiano também sofria um abalo.
No domingo, Ahmed Chalabi, apontado como um possível futuro líder do Iraque até ser descartado pelos Estados Unidos, teve sua prisão decretada pela Justiça iraquiana, com base em acusações de corrupção.
O trabalho da Justiça não parou por aí: o sobrinho de Ahmed, Salem Chalabi, também teve a prisão decretada, acusado de homicídio.
Mas, se Ahmed Chalabi era um nome já enfraquecido na política iraquiana, seu sobrinho é o chefe do tribunal responsável por um dos maiores desafios do Iraque Pós-Saddam: o julgamento do próprio Saddam Hussein.
Não faltaram aqueles que questionaram se as ordens de prisão eram baseadas em acusações justas ou eram simplesmente atos de perseguição política de adversários dos novos donos do poder. Essa parece ser mais uma entre muitas dúvidas que ainda dominam o Novo Iraque.
Cara nova para a CIA
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, decidiu colocar a agência de inteligência do país, a CIA, nas mãos de um colega de partido.
Na terça-feira, Bush anunciou o republicano Porter Goss, representante da Flórida na Câmara dos Representantes, como novo diretor do órgão.
A indicação ainda precisa ser confirmada pelo Senado, o que deve ocorrer rapidamente para evitar que a agência continue sem um chefe permanente a tão pouco tempo das eleições presidenciais.
O trabalho de Goss não será fácil. Depois da saída do diretor George Tenet, em junho, a CIA foi fortemente criticada por dois relatórios divulgados nos Estados Unidos, um sobre a guerra no Iraque e outro sobre o 11 de Setembro.
Além da pressão, o congressista republicano terá de trabalhar sob a incerteza em relação ao próprio emprego. Afinal, caso o democrata John Kerry derrote Bush em 2 de novembro, muitos apostam que a CIA não continuará por muito tempo nas mãos de um político adversário.
Começou a festa
Os gregos conseguiram o que, para muitos, parecia impossível: terminar em tempo as obras do estádio, dos ginásios, da estrutura de transporte e tudo mais que compõe o pano de fundo dos Jogos Olímpicos.
Na sexta-feira, atletas do mundo todo desfilaram no estádio olímpico, depois de uma impressionante festa que reproduziu o Mar Egeu em pleno gramado e trouxe ao século XXI personagens da mitologia grega.
Mas nem tudo foi celebração para os donos da casa. Na noite de quinta-feira, o velocista Kostas Kenteris, medalha de ouro dos 200m livres em Sydney, e a corredora Ekaterini Thanou, medalha de prata nos Jogos de 2000, deixaram de se apresentar para um exame anti-doping.
Pior: na mesma quinta-feira, os dois se envolveram em um acidente de moto e foram hospitalizados.
O Comitê Olímpico Internacional iniciou uma investigação sobre a ausência de Kenteris e Thanou no exame, o que costuma ser considerado uma falta grave. O inquérito pode levar à suspensão dos atletas, deixando a Grécia sem dois de seus heróis em sua tão sonhada Olimpíada.
A Semana: Governo do Iraque endurece com adversários
ROGÉRIO SIMÕESda BBC Brasil
Os combates no Iraque voltaram ao noticiário com força total na semana que termina.
Uma rebelião da milícia ligada ao líder religioso Moqtada Al-Sadr, iniciada em Najaf no final da semana anterior, levou a intensos confrontos com as tropas americanas na cidade.
Em torno de um dos lugares mais sagrados do mundo para os muçulmanos xiitas, a mesquita do imã Ali, sangrentas batalhas deixaram dezenas de mortos e feridos.
Mais do que isso, mostraram que o governo interino do Iraque, que tem apoiado as operações militares das tropas dos Estados Unidos, está decidido a eliminar os focos de instabilidade no país. As conseqüências dessa decisão, entretanto, ainda são incertas.
Na segunda-feira, Moqtada Al-Sadr adotou um tom desafiador. Disse que manteria a luta contra as tropas estrangeiras que continuam no país e convocava seus seguidores a não abandonar as armas.
Na quinta-feira, forças americanas lançaram um ataque intenso em Najaf, com a intenção de impor uma vitória definitiva sobre a milícia de Al-Sadr. Centenas de civis fugiram da cidade, deixando uma paisagem de ruas desertas em torno da mesquita sagrada.
Na sexta-feira, o cenário era confuso. Segundo representantes de Moqtada Al-Sadr, o líder religioso teria sido ferido durante os ataques americanos, informação desmentida por um representante do governo iraquiano.
O dia passou sem uma das famosas aparições de Al-Sadr desafiando o poderio americano. Em seu lugar, manifestantes tomaram ruas em Najaf e Bagdá carregando cartazes com a imagem do líder religioso.
A sexta-feira terminou com uma trégua para a saída dos feridos de Najaf. Impossível dizer quanto tempo ela duraria e se Moqtada Al-Sadr deixaria a mesquita do imã Ali, como quer o premiê interino, Iyad Allawi.
Com seu ressurgimento, a rebelião em Najaf provou ser o maior foco de resistência à presença americana no Iraque. Por envolver xiitas, que são a maioria no país e têm fortes ligações com o temido vizinho Irã, o movimento tem ingredientes suficientes para dar muita dor de cabeça ao governo de Bagdá.
Chalabis em desgraça
As autoridades iraquianas não endureceram apenas com os adversários que decidiram pegar em armas. Enquanto a violência tomava conta de Najaf, o mundo político iraquiano também sofria um abalo.
No domingo, Ahmed Chalabi, apontado como um possível futuro líder do Iraque até ser descartado pelos Estados Unidos, teve sua prisão decretada pela Justiça iraquiana, com base em acusações de corrupção.
O trabalho da Justiça não parou por aí: o sobrinho de Ahmed, Salem Chalabi, também teve a prisão decretada, acusado de homicídio.
Mas, se Ahmed Chalabi era um nome já enfraquecido na política iraquiana, seu sobrinho é o chefe do tribunal responsável por um dos maiores desafios do Iraque Pós-Saddam: o julgamento do próprio Saddam Hussein.
Não faltaram aqueles que questionaram se as ordens de prisão eram baseadas em acusações justas ou eram simplesmente atos de perseguição política de adversários dos novos donos do poder. Essa parece ser mais uma entre muitas dúvidas que ainda dominam o Novo Iraque.
Cara nova para a CIA
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, decidiu colocar a agência de inteligência do país, a CIA, nas mãos de um colega de partido.
Na terça-feira, Bush anunciou o republicano Porter Goss, representante da Flórida na Câmara dos Representantes, como novo diretor do órgão.
A indicação ainda precisa ser confirmada pelo Senado, o que deve ocorrer rapidamente para evitar que a agência continue sem um chefe permanente a tão pouco tempo das eleições presidenciais.
O trabalho de Goss não será fácil. Depois da saída do diretor George Tenet, em junho, a CIA foi fortemente criticada por dois relatórios divulgados nos Estados Unidos, um sobre a guerra no Iraque e outro sobre o 11 de Setembro.
Além da pressão, o congressista republicano terá de trabalhar sob a incerteza em relação ao próprio emprego. Afinal, caso o democrata John Kerry derrote Bush em 2 de novembro, muitos apostam que a CIA não continuará por muito tempo nas mãos de um político adversário.
Começou a festa
Os gregos conseguiram o que, para muitos, parecia impossível: terminar em tempo as obras do estádio, dos ginásios, da estrutura de transporte e tudo mais que compõe o pano de fundo dos Jogos Olímpicos.
Na sexta-feira, atletas do mundo todo desfilaram no estádio olímpico, depois de uma impressionante festa que reproduziu o Mar Egeu em pleno gramado e trouxe ao século XXI personagens da mitologia grega.
Mas nem tudo foi celebração para os donos da casa. Na noite de quinta-feira, o velocista Kostas Kenteris, medalha de ouro dos 200m livres em Sydney, e a corredora Ekaterini Thanou, medalha de prata nos Jogos de 2000, deixaram de se apresentar para um exame anti-doping.
Pior: na mesma quinta-feira, os dois se envolveram em um acidente de moto e foram hospitalizados.
O Comitê Olímpico Internacional iniciou uma investigação sobre a ausência de Kenteris e Thanou no exame, o que costuma ser considerado uma falta grave. O inquérito pode levar à suspensão dos atletas, deixando a Grécia sem dois de seus heróis em sua tão sonhada Olimpíada.
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