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15/08/2004 - 14h30

Filas e calma marcam início de votação na Venezuela

EDSON PORTO
da BBC, em Caracas

A votação no referendo venezuelano que define o futuro do presidente Hugo Chávez começou neste domingo com muitas filas, lentidão e calma.
Segundo dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que controla o processo, não há problemas na grande maioria das zonas eleitorais do país: 98,7% estariam funcionando sem problemas às 9 horas da manhã.

Apenas um Estado, Anzuoategui, apresentou problemas nas instalações das urnas há 12.351 zonas eleitorais, e previa-se a utilização de 19.664 máquinas para o voto.

Segundo o CNE, nesse Estado até a manhã deste domingo estavam instaladas 92% das máquinas.

Expectativas

Em todo o país, desde a madrugada estão se formando filas enormes na grande maioria dos colégios eleitorais. Em Caracas, é possível ver filas em dezenas de colégios onde estão ocorrendo a votação.

A expectativa do Conselho Eleitoral é que o comparecimento nas urnas bata recordes.

"Historicamente, temos uma abstenção da ordem de 40%", afirma a técnica do CNE Mariela Major. "Hoje, pela participação que estamos vendo, nossa expectativa é de que a abstenção fique abaixo dos 20%."

Também há expectativa que a votação se estenda pela noite. Por lei, a eleição acaba às 16 horas (17 horas em Brasília), mas a legislação também prevê que as zonas eleitorais fiquem aberta até os últimos eleitores votarem.

Como a demora é grande, alguns membros do CNE já falam em votação até a meia-noite, embora não exista uma previsão oficial.

O resultado é esperado para duas ou três horas depois de fechadas as urnas.

Filas

Nas filas, os eleitores estão se mostrando calmos e resolutos.

"Acordei às 3h da manhã e cheguei na fila às 5h ", diz a advogada desempregada Lenys Briceño, eleitora de Chávez que vota no Manicômio, um dos bairros mais pobres da capital.

Às 9h da manhã ela ainda não havia votado e esperava permanecer na fila por pelo menos mais duas horas. Apesar disso, perguntada se iria desistir ela disse: "Claro que não. Fico até votar".

Para a comerciante e simpatizante da oposição Maria Gomes, que chegou a sua zona eleitoral na região nobre conhecida como Country Club às 7h30, o processo "está um pouco lento, mas estou na fila com muito gosto; vale o sacrifício".

Definição

O referendo decide se Chávez terminará seu mandato, que vai até o início de 2007.

O referendo encerra uma disputa que dura desde abril de 2002, quando, após um golpe que tirou Chávez do poder por dois dias, a oposição começou a pedir que o mandato do presidente fosse colocado à prova em um plebiscito.

A Constituição venezuelana, alterada pelo próprio Chávez em 1999, permite o plebiscito para todos os cargos eleitos a partir da metade do mandato.

Segundo dados da CNE, 14.037.000 eleitores podem votar neste domingo. Para vencer a disputa e tirar Chávez da Presidência, a oposição precisa ter no mínimo mais de 3.750.000 votos (o número obtido por Chávez nas eleições de 2000).

Para os partidários dos dois lados e especialistas, o plebiscito representa a escolha entre dois modelos políticos muito diferentes e uma oportunidade para diminuir a divisão em que o país está mergulhado.

"Os venezuelanos vão escolher (neste domingo) que modelo querem", afirmou Rodolfo Sanz, chefe do comando da campanha pró-Chávez.

"Acreditamos que o Estado tem um papel importante na construção do país e que precisamos acabar com a desigualdade que existe aqui," completou.

Oposição

A oposição, por sua vez, culpa o presidente pelos principais problemas econômicos e afirma que ela é a única opção para acabar com a polarização política.

"A Venezuela vai às urnas neste domingo em busca da unificação", disse Jesus Torrealba, um dos principais porta-vozes da Coordenação Democrática, movimento que reúne os partidos e grupos de oposição.

Torrealba credita a divisão à política do atual governo.

"Todo esse processo começou quando Chávez tomou uma série de medidas econômicas em 2001 sem consultar os atores sociais e econômicos", afirmou ele.

Para ele, o atual presidente venezuelano insuflou a divisão política "como parte de seu projeto para manter o poder".

Na opinião de Margarida Lopez Maia, historiadora e pesquisadora da Universidade Central, a principal vantagem do referendo é que ele vai deixar mais claro qual é o apoio efetivo que cada lado da disputa tem.

"Será um resultado nítido e isso talvez nos permita avançar", espera ela.

Apesar disso, Lopez Maia não crê que o referendo resolva os problemas políticos do país, mesmo que não ocorram problemas após o processo.

"Ainda assim, creio que poderemos começar um novo capítulo da nossa história."

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