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24/08/2004
-
21h31
da BBC Brasil
Os aficionados por cinema em Londres estão tendo a chance de ver a produção de uma nova geração de cineastas árabes. O National Film Theatre está mostrando um festival de filmes árabes contemporâneos.
Terra Incognita é um filme sobre Beirute. Ou, mais precisamente, sobre os habitantes da capital libanesa e, em particular, uma jovem mulher chamada Soraya.
Você a vê fumando, bebendo, nua, e então ela aparece tendo uma relação sexual, vestida, encostada em uma porta. E depois você a vê nua de novo.
Agora, falando a verdade, é isso que você espera de um festival de cinema árabe?
Mudanças
Segundo Mona Tayara-Deeley, a curadora do festival, a maior mudança no cinema árabe é que os cineastas resolveram contar histórias pequenas e íntimas, em vez dos tradicionais dramas políticos.
"Eles estão realmente focando no ponto de que os moradores do Oriente Médio vivem vidas como qualquer um: têm amores, amizades, chateações e entretenimento, apenas o contexto em que eles vivem é diferente."
Enquanto os cineastas iranianos como Kiarostami e Makhmalbalf são nomes familiares para os cinéfilos ocidentais, a nova geração de diretores árabes não parece ter alcançado o mesmo impacto.
Apesar disso, muitos dos obstáculos que eles enfrentam são os mesmos: a censura, por exemplo, ou a burocracia. Então, por que os filmes árabes parecem ter ficado para trás?
Omar al-Qattan é um cineasta palestino baseado em Londres.
O seu filme, Canticle of the Stones, ou Canção das pedras, em tradução livre, está sendo exibido no festival. Ele diz que o cinema iraniano vem conseguindo sobreviver tão bem porque se trata de um país unificado, com uma única língua e com uma bem mantida rede de salas de cinema e distribuição.
Em contraste, diz ele, o mundo árabe é tudo, menos unificado, e boa parte dos cinemas fecharam por causa da revolução do vídeo, da falta de investimento e da censura.
"Quando não temos um mercado doméstico, um mercado que fala a língua do filme, que está naturalmente interessado pelo assunto, quando este mercado é fraco, e o mercado árabe é fraco, é um problema enorme para qualquer cineasta, porque você está tentando conseguir apoio financeiro com investidores internacionais, e não em seu mercado natural", diz ele.
O Egito tem a única indústria cinematográfica real do mundo árabe. Em seu ápice, nos anos 60 e 70, era subsidiada pelo Estado e produzia filmes influentes sobre política e sobre o lado mais obscuro da vida egípcia.
Agora, produz basicamente comédias leves que têm pouco impacto sobre a opinião pública.
Dinheiro na TV
Emad Abdulrazik, um crítico de cinema baseado em Washington, afirma que, hoje em dia, todo o dinheiro está indo para a televisão.
"A indústria da TV está recebendo muito subsídio do Estado e também do setor privado. Muitos cineastas não podem mais fazer filmes. Você sabe o que eles fazem? Videoclipes. Ou, se tiverem sorte, telenovelas."
Sem uma forte indústria doméstica, cineastas árabes - da Tunísia, Líbano e territórios palestinos - normalmente dependem de co-produções com empresas ocidentais para produzir seus filmes.
Mas, para aqueles como Omar al-Qattan, que debatem as grandes questões políticas da região, os problemas não acabam aí.
"Meus filmes foram proibidos ou censurados em vários países árabes", diz ele.
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Leia o que já foi publicado sobre o cinema árabe
Novo cinema árabe mostra nudez e sexo em busca de consagração
LUCY WILLIAMSONda BBC Brasil
Os aficionados por cinema em Londres estão tendo a chance de ver a produção de uma nova geração de cineastas árabes. O National Film Theatre está mostrando um festival de filmes árabes contemporâneos.
Terra Incognita é um filme sobre Beirute. Ou, mais precisamente, sobre os habitantes da capital libanesa e, em particular, uma jovem mulher chamada Soraya.
Você a vê fumando, bebendo, nua, e então ela aparece tendo uma relação sexual, vestida, encostada em uma porta. E depois você a vê nua de novo.
Agora, falando a verdade, é isso que você espera de um festival de cinema árabe?
Mudanças
Segundo Mona Tayara-Deeley, a curadora do festival, a maior mudança no cinema árabe é que os cineastas resolveram contar histórias pequenas e íntimas, em vez dos tradicionais dramas políticos.
"Eles estão realmente focando no ponto de que os moradores do Oriente Médio vivem vidas como qualquer um: têm amores, amizades, chateações e entretenimento, apenas o contexto em que eles vivem é diferente."
Enquanto os cineastas iranianos como Kiarostami e Makhmalbalf são nomes familiares para os cinéfilos ocidentais, a nova geração de diretores árabes não parece ter alcançado o mesmo impacto.
Apesar disso, muitos dos obstáculos que eles enfrentam são os mesmos: a censura, por exemplo, ou a burocracia. Então, por que os filmes árabes parecem ter ficado para trás?
Omar al-Qattan é um cineasta palestino baseado em Londres.
O seu filme, Canticle of the Stones, ou Canção das pedras, em tradução livre, está sendo exibido no festival. Ele diz que o cinema iraniano vem conseguindo sobreviver tão bem porque se trata de um país unificado, com uma única língua e com uma bem mantida rede de salas de cinema e distribuição.
Em contraste, diz ele, o mundo árabe é tudo, menos unificado, e boa parte dos cinemas fecharam por causa da revolução do vídeo, da falta de investimento e da censura.
"Quando não temos um mercado doméstico, um mercado que fala a língua do filme, que está naturalmente interessado pelo assunto, quando este mercado é fraco, e o mercado árabe é fraco, é um problema enorme para qualquer cineasta, porque você está tentando conseguir apoio financeiro com investidores internacionais, e não em seu mercado natural", diz ele.
O Egito tem a única indústria cinematográfica real do mundo árabe. Em seu ápice, nos anos 60 e 70, era subsidiada pelo Estado e produzia filmes influentes sobre política e sobre o lado mais obscuro da vida egípcia.
Agora, produz basicamente comédias leves que têm pouco impacto sobre a opinião pública.
Dinheiro na TV
Emad Abdulrazik, um crítico de cinema baseado em Washington, afirma que, hoje em dia, todo o dinheiro está indo para a televisão.
"A indústria da TV está recebendo muito subsídio do Estado e também do setor privado. Muitos cineastas não podem mais fazer filmes. Você sabe o que eles fazem? Videoclipes. Ou, se tiverem sorte, telenovelas."
Sem uma forte indústria doméstica, cineastas árabes - da Tunísia, Líbano e territórios palestinos - normalmente dependem de co-produções com empresas ocidentais para produzir seus filmes.
Mas, para aqueles como Omar al-Qattan, que debatem as grandes questões políticas da região, os problemas não acabam aí.
"Meus filmes foram proibidos ou censurados em vários países árabes", diz ele.
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