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02/09/2004
-
14h53
da BBC Brasil
Um certo dia, um homem descobre outro que é totalmente idêntico a ele, mas cuja história de vida é bem distinta - a trama central de O Homem Duplicado tem semelhanças com a história do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo seu autor, José Saramago.
Em entrevista à BBC Brasil, o Prêmio Nobel de Literatura disse que o Lula que chegou à presidência "não é exatamente um duplo, mas não é a mesma pessoa".
Na opinião do escritor português, "o Lula que conhecíamos" não tomaria uma série de medidas como as que tomou. "Mas a história é que o poder transforma as pessoas", comenta.
"Aplaudi, apoiei, todos nós aplaudimos e festejamos a vitória (de Lula). Mas, neste momento, sou bastante crítico, sobretudo, com a política econômica, com esse acordo com o FMI que ele aceitou e que tinha uma condição fundamental que é o pagamento da dívida externa. Se isso se converte em prioridade, é claro que os problemas sociais vão ser postos em segundo plano", disse Saramago.
Entre as questões que passaram para segundo plano, Saramago cita "o plano Fome Zero, o problema da terra -que está sem resolver - e casos um pouco obscuros, como o do presidente do Banco Central, que é um pouco estranho".
Política e literatura
Com opiniões políticas tão claras e alardeadas, como ter apoiado o regime cubano e ter dito que a política isralense nos territórios palestinos se assemelhava ao nazismo, seria de esperar que a obra do comunista Saramago contivesse claras mensagens políticas.
Mas o escritor acredita que "a literatura é literatura, o que não significa que ela viva fora de tudo. Ela vive dentro de tudo. E exatamente por viver dentro de tudo, vive como literatura e diálogo com tudo a seu redor".
"Para mim, a literatura não tem que ser um panfleto. Se entra por esse caminho, ninguém ganha. Não ganha a literatura, nem ganha a causa a que supostamente o panfleto quereria servir".
Na visão de Saramago, "o escritor não deve transformar o ser humano em mero efeito de uma situação política econômica ou social. Como se ele não levasse dentro de si o fermento que fará transformar esses mesmos condicionamentos".
A tradução em inglês de O Homem Duplicado está sendo lançada na Grã-Bretanha.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o escritor José Saramago
'Lula não é a mesma pessoa', diz José Saramago
BRUNO GARCEZda BBC Brasil
Um certo dia, um homem descobre outro que é totalmente idêntico a ele, mas cuja história de vida é bem distinta - a trama central de O Homem Duplicado tem semelhanças com a história do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo seu autor, José Saramago.
Em entrevista à BBC Brasil, o Prêmio Nobel de Literatura disse que o Lula que chegou à presidência "não é exatamente um duplo, mas não é a mesma pessoa".
Na opinião do escritor português, "o Lula que conhecíamos" não tomaria uma série de medidas como as que tomou. "Mas a história é que o poder transforma as pessoas", comenta.
"Aplaudi, apoiei, todos nós aplaudimos e festejamos a vitória (de Lula). Mas, neste momento, sou bastante crítico, sobretudo, com a política econômica, com esse acordo com o FMI que ele aceitou e que tinha uma condição fundamental que é o pagamento da dívida externa. Se isso se converte em prioridade, é claro que os problemas sociais vão ser postos em segundo plano", disse Saramago.
Entre as questões que passaram para segundo plano, Saramago cita "o plano Fome Zero, o problema da terra -que está sem resolver - e casos um pouco obscuros, como o do presidente do Banco Central, que é um pouco estranho".
Política e literatura
Com opiniões políticas tão claras e alardeadas, como ter apoiado o regime cubano e ter dito que a política isralense nos territórios palestinos se assemelhava ao nazismo, seria de esperar que a obra do comunista Saramago contivesse claras mensagens políticas.
Mas o escritor acredita que "a literatura é literatura, o que não significa que ela viva fora de tudo. Ela vive dentro de tudo. E exatamente por viver dentro de tudo, vive como literatura e diálogo com tudo a seu redor".
"Para mim, a literatura não tem que ser um panfleto. Se entra por esse caminho, ninguém ganha. Não ganha a literatura, nem ganha a causa a que supostamente o panfleto quereria servir".
Na visão de Saramago, "o escritor não deve transformar o ser humano em mero efeito de uma situação política econômica ou social. Como se ele não levasse dentro de si o fermento que fará transformar esses mesmos condicionamentos".
A tradução em inglês de O Homem Duplicado está sendo lançada na Grã-Bretanha.
Especial
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