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Vice da Bolívia diz que protestos são plano para derrubar Morales
da BBC Brasil
O vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, disse nesta segunda-feira que a violência registrada nos últimos dias na cidade de Sucre, no Estado de Chuiquisaca, faz parte de um plano para "derrubar" o presidente Evo Morales, de acordo com o órgão oficial Agência Boliviana de Informação (ABI).
Os confrontos entre seguidores e opositores de Morales, após a aprovação do texto geral da nova Carta Magna, deixaram quatro mortos e mais de cem feridos, segundo diferentes jornais e emissoras de rádio do país.
"Existe claramente um plano que tem vários pontos", disse Linera. "Começa pela resistência civil, ocupação das instalações públicas, promoção de algumas manifestações e bloqueio do setor de transportes."
Segundo o vice-presidente, faz parte deste suposto plano não só o objetivo de "matar" a Constituinte, mas gerar ainda incertezas econômicas.
O plano da oposição, segundo declarações de Linera à ABI, inclui o fechamento de válvulas de gás e petróleo, o aumento dos preços dos produtos e todo um "decálogo" emitido pelo setor cívico e a "ultradireita".
O setor cívico é uma referência aos comitês reunidos nos Estados onde existe maior resistência às políticas do presidente Morales, como em Santa Cruz de la Sierra, por exemplo.
Na região, fica o chamado "Comitê Cívico Pró-Santa Cruz", que conta com a participação de líderes políticos da oposição e profissionais de diferentes setores pouco simpáticos ao governo de Morales.
"Existe uma guerra econômica que já foi denunciada pelo presidente", afirmou Linera. "E também existe a decisão de se tentar aprovar uma carta de autonomia de fato, que é golpista. Isso sim é que é golpismo."
A declaração do vice-presidente foi uma reação à intenção de alguns Estados de acelerar a autonomia política e econômica de suas regiões, antes mesmo das discussões na Constituinte.
Para Linera, existe uma "guerra contra as mudanças" e essa "guerra é a morte contra a Constituinte e o governo".
Nesta segunda-feira, o presidente Morales liderou uma passeata pelas ruas de La Paz, em defesa da nova Carta Magna --com a qual afirma que se "refundará" o país.
O líder boliviano também pediu apoio do Congresso para aprovação de uma renda vitalícia para os maiores de 60 anos.
Ao mesmo tempo, o comandante geral da Polícia boliviana, Miguel Vásquez, pediu ao governo nesta segunda-feira "garantias" para realizar os trabalhos de segurança em Sucre, onde um policial foi linchado e estaria entre os quatro mortos nos distúrbios.
Na confusão, os policiais deixaram a cidade e 120 presos da Penitenciária San Roque aproveitaram para escapar.
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