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07/09/2004 - 08h53

Petróleo e poder reforçam interesse russo na Tchetchênia

da BBC Brasil

O presidente russo, Vladimir Putin, traçou uma linha imaginária na região das montanhas no norte do Cáucaso, que representa a área de onde a Rússia não irá se retirar.

A insistênca do líder russo de que não haverá concessão às exigências por independência da Chechênia se baseia em uma série de fatores.

O argumento geopolítico para não ceder a independência é que se a Tchetchênia a obtiver, outras repúblicas pertencentes a Rússia situadas na mesma região, o sul do país, seguirão o mesmo caminho.

O Daguestão, situado ao leste da Tchetchênia, é uma república russa de população composta por várias etnias e que já foi centro de tensões regionais. Ao oeste, fica a Inguchétia, república da qual a Tchetchênia já fez parte e que é predominantemente islâmica.

Fatores

O principal temor entre as autoridades russas é o de que se a república tchetchena obtiver sua independência, militantes radicais, que ele identifica como terroristas, poderiam assumir o controle da Tchetchênia e expandir sua influência a outras regiões.

Entre os fatores econômicos, está o fato de que há reservas petrolíferas e de gás que podem ser exploradas no Mar Cáspio. Além disso, a Rússia pretende que a área permaneça segura para escoar sua produção.

Um oleoduto que parte do Azerbaijão costumava passar pela Chechênia, mas teve sua rota alterada para o Daguestão após o início dos combates na região.

Apesar disso, recentemente, o governo russo anunciou que as receitas obtidas com o petróleo checheno iria retornar para a república e não mais ser enviado para Moscou, como ocorre hoje.

A decisão já causou protestos de outras repúblicas que não devem receber o mesmo benefício.

Em seu discurso televisionado pouco após o massacre na principal escola de Beslan, na república russa da Ossétia do Norte, Putin falou com nostalgia sobre o período em que a fronteira da extinta União Soviética era bem protegida.

Ele, assim como outras lideranças russas, lamentam a perda territorial ocorrida com o fim da União Soviética e querem evitar novas concessões territoriais.

Autonomia

Em 1997, o então presidente russo, Boris Yeltsin, concedeu autonomia à Tchetchênia e estabeleceu que a independência seria discutida numa etapa posterior.

Putin argumenta que os tchetchenos não conseguiram estabelecer um república estável. Em agosto de 1999, rebeldes radicais comandados por Shamil Basayev, o homem que se acredita estar por trás do ataque de Beslan, invadiram o Daguestão.

Na época, os tchetchenos foram também acusados de ter realizado atentados contra alvos civis russos, entre eles edifícios em Moscou. Foi após esses ataques que Putin decidiu comandar uma nova invasão da Tchetchênia.

Para alguns analistas que se opõem a Putin, o presidente russo também teria utilizado a crise tchetchena para se beneficiar politicamente, já que parte de seu apelo político é o de líder forte, capaz de enfrentar problemas delicados que outros políticos evitariam.

Recentemente, foram realizadas eleições presidenciais na Tchetchênia. O presidente russo afirma que sua política para a região é a necessária e que ele fez tudo o que pôde para estabilizar a república.

Concessões

Para muitos analistas, o líder russo deve fazer reformas em sua política para a região. "Ele precisa começar a discutir com pessoas com as quais têm se recusado a estabelecer diálogo, como Aslan Mashkavdov, que foi presidente da Tchetchênia até a invasão de 1999", afirma Margot Light, da London School of Economics.

Para a analista, "a Rússia pode bancar a perda da Tchetchênia. Dizer que isso pode induzir à perda de outras repúblicas está longe de ser verdade".

Para Nicholas Redman, analista da Rússia da Economist Intelligence Unit diz que a exploração petrolífera na região é um dos fatores em jogo, mas não é o principal.

"A região norte do Cáucaso foi uma área conquistada através de duros combates. A perda de outras repúblicas na área, como a Geórgia, a Armênia e o Azerbaijão [que ganharam independência com o fim da União Soviética] tornam crucial que se evite novas perdas", comenta Redman.

Na opinião de Redman, a política de Putin para a Tchetchênia tem se voltado contra ele mesmo. "As táticas dele precisam ser questionadas. A política russa estimulou divisões entre os chechenos e não há ninguém capaz de unir as diferente facções lá existentes."

Agora, a maioria dos analistas não arrisca uma previsão sobre como a crise irá se desenvolver.

Especial
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